Capítulo III

2.9K 426 83
                                    

 Leões andavam no enorme espaço ao lado do Palácio de Argo. Simbolizando a liberdade de Florença, os animais gozavam de alta estima entre os florentinos. Sua figura elegante enfeitava o sino da torre, um estranho contraste entre o leão e o lírio que representavam a cidade.

 O robusto e barbudo domador mantinha os espectadores à distância dos sagrados felinos. Tocar em um leão era crime em Florença.

 Junto de Kara, Clark empurrou para o lado uma jovem de rosto avermelhado.

—Desculpe-me — ele disse, dando um largo sorriso. —Jimmy não apareceu —comentou com Kara.

 —Mas aparecerá. Não há de perder este momento de glória. —Kara tinha os lábios contraídos.  —Desgraçado...

 —Concordo, prima, mas não menospreze o poder dos Danvers. Não foi isso que disse a pouco?

 Kara assentiu, em silêncio.

 Naquele dia a sentença seria proferida, selando o destino de Winslow. Mais de três semanas haviam passado depois da prisão dele. Não fossem seus influentes amigos, Winslow teria sido sentenciado à morte. Sem ajuda do secretário da Justiça e do diretor do Hospital Novella, mais um suborno de mil e cem ducados ( moeda de 3,5 g de ouro), a vida de Winslow não teria sido poupada.

 —Olhe, o chefe do Parlamento e o juiz estão saindo do palácio.  —Clark apontou para uma área aberta, guardada por três dúzias de oficiais.

 Winslow surgiu, provocando sussurros na multidão.

 —Isso não me parece nada promissor, Kara. Você disse que Winslow não seria morto.

 —Fique tranquilo quanto a isso. Jimmy só está testando seu poder.

 —Veja, Seu lírio está na praça.

E sem demora Kara avistou Lena.

O chefe do Parlamento leu os nomes dos jurados declarando o voto justo e honrado. E a sentença foi proferida.

 Winslow foi banido para Pádua por dez anos; seu irmão Willian, para Veneza; e demais partidários dos Danvers, para outras cidades da Itália.

 —Graças a Deus! — Clark murmurou, aliviado.

 —Jimmy deve achar que não represento perigo aos avanços políticos dos Luthors. —Kara tornou a fitar Lena.

 Observou-a com atenção quando ela tomou a mão da irmã, que seguia em direção de um homem trajado como um rei. Logo se perderam entre o grande grupo que cercava Jimmy Luthor, que festejava a vitória que ele orquestrara.

 —Pelo poder do nome dos Danvers, os Luthors nunca governarão Florença —Kara jurou.


 Mais tarde, Kara parou diante da padaria e hesitou ao ver a placa "fechado". Todas as lojas haviam cerrado as portas para irem à praça saber da sentença.

 Apesar de ser outono, Kara transpirava, mas aquela transpiração nada tinha a ver com o clima. Resmungou, de dentes cerrados, e secou as mãos na roupa.

 —Oque foi, prima? Pensando em desistir? —Clark bateu na porta, que se abriu.

 Louis apareceu, tímida e muito simples, na longa túnica marrom. Atrás dela, Lionel, com delicadeza, empurrou a filha para o lado e se adiantou.

 —Kara Danvers, não a esperávamos. Por favor, entrem, a senhorita e seu primo.

 —Eu esperarei aqui —Clark se acomodou em um banquinho ao balcão.

O Lírio e o Falcão (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora