Capítulo VI

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 Aos pés da escada que levava a torre, Kara esperava, impaciente. O cheiro de ratos e outros odores tornavam a respiração nauseante.

 Passou a mão na nuca. Sob a túnica, seu corpo suava. Como a guerra com Lucy Lane terminara, Kara tinha poucas razões para usar a desconfortável malha de metal.

 Enfim, os guardas escoltaram Winslow degraus abaixo. Sob a luz da tocha, o homem parecia um ogro. Kara não conseguia afastar o olhar do primo. As semana que passara confinado em uma pequena cela da prisão do Palácio de Argo produziram uma enorme diferença na aparência de Winslow.

 O velho Danvers olhou para Kara e para os dois guardas pessoais que à acompanhavam.

 Kara esperou que o primo aspirasse ar puro e enchesse os pulmões, expirando a atmosfera viciada que fora obrigado a suportar até então.

 Por fim, Winslow se dirigiu a prima:

—Meus amigos devem ter tomado providências para que eu possa sair de Florença.— Seguiu Kara para fora do palácio, o som de suas botas ecoando no piso de mármore.— Espero que Jimmy não encontre motivo para me assassinar.

— Tomei minhas precauções, e meus homens estarão com o senhor durante a viagem.

— Deus abençoe, Kara.

 Quanto mais perto da parte exterior do palácio, mais Kara se dava conta do abatimento do primo. Avistou rugas ao redor dos lábios de Winslow e profundas olheiras.

 Mas Winslow permanecia ereto e caminhava com dignidade.

— E quanto a nossa última conversa? Alguma novidade?

— Vou me casar, mestre.

— Ora! Quem é a donzela afortunada?

— Lena Luthor.— Kara sorriu— O pai dela é um inquilino nosso e primo em primeiro grau de Jimmy.

— Ótimo! Isso me deixa satisfeito.

 A pequena comitiva parou. Kara tomou posição junto de Winslow, os guardas guardando-os por trás. A um sinal, os homens abriram as pesadas portas de madeira do palácio.

—Proteja os olhos, mestre. Eles não estão habituados à claridade do dia.


 Lena sentiu um aperto no estômago. Tensa, mantinha a atenção nas portas do Palácio de Argo. Ao redor dela, a conversa se intensificava, mas, nervosa demais, ela não conseguiu distinguir o que era dito. A multidão aguardava por Winslow Danvers.

 Enfim, todos gritaram quando avistaram Winslow do lado de fora. Ele era recebido como herói, para o desprazer dos  Luthors.

 O olhar de Lena foi atraído pela altiva imagem de Kara, vestida para uma batalha. Só então Lena se deu conta de gravidade da situação. Os inimigos dos Danvers podiam atentar contra a integridade física de Winslow, e ela sabia, por instinto, que Kara daria a vida pelo primo.

—Viva a Winslow!— o povo gritava.— Viva a Kara, o Falcão!

 Teria esse apelido alguma coisa a ver com o falcão que Kara trazia bordado no sobretudo?

 Atenta, Lena analisava a expressão impenetrável da futura esposa, montada em seu cavalo de guerra. Sua imaginação correu solta, e ela viu Kara nua, os seios avantajados e o esplêndido abdômen . E teve que engolir em seco várias vezes para desobstruir a garganta.

 Atrás de Kara, Lena avistou uma figura encapuzada, que, se aproximava do grupo, em direção ao centro da praça, onde uma carruagem  esperava por Winslow. Reconheceu o líder de um grupo inimigo dos Danvers.

O Lírio e o Falcão (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora