Capítulo XXII

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 O natal sempre foi a época do ano favorita de Lena, que esperava com ansiedade pelas festividades nas ruas, pelas canções e pelos pães e bolos especiais que seu pai fazia para a ocasião. Ela e Louis preparavam presentes para a família e para os menos afortunados. Penduravam guirlandas nas janelas e planejavam refeições especiais. Nada nunca apagara aquela alegria.

 Sentada nas almofadas, na frente da lareira, suspirou, mirando as chamas. Pensava nos natais de sua infância, quando todos os irmãos ficavam esperando pelos presentes.

 Quando a porta da frente se abriu, seu coração acelerou. A voz profunda e melodiosa da esposa era inconfundível, bem como a de Clark.

 O olhar de Kara cruzou com o da morena, de soslaio, mas com a mesma desconfiança que carregava consigo desde o dia em que descobriu a chave. Sem demora, a loira se retirou.

 Clark se aproximou.

— Não quero me intrometer... —  disse, descalçando as luvas, tirando a capa e se aproximando das chamas.

 Lena pôde perceber que Clark criava coragem para falar-lhe.

—  Amanhã é véspera de Natal —  ele comentou.

—  Sim. Meu desejo é ver meu pai e minha irmã, mas... — Lena soluçou, apesar de ter prometido a si mesma que não ia chorar.

—  Mas Kara se recusa a falar com você, e por isso não pode pedir que ela a leve até a cidade. —  Parado ao pé das almofadas, Clark pediu: —  Posso me sentar aqui?

—  Claro.

—  Todos nós iremos à cidade amanhã cedo. —  disse ele se acomodando. —  Tia Elisa e Kara levam presentes no orfanato toda véspera de Natal. Você será escoltada para visitar seu pai.

—  Ela lhe disse isso?

—  Lena... —  Clark respirou findo. —  Não finjo saber o que se passa na mente de meu primo. Não gosto da maneira fria com que ele a trata, mas não posso trair a confiança dele revelando o que me falou.

—  Não, lógico que não. Sabe, talvez eu devesse ficar em Florença e passar o Natal com minha família.

—  Kara não permitirá.

—  Ora! Uma mulher que finge que não existo, que me evita como se eu estivesse doente! Não fiz nada para merecer a rudeza dela. Creio que minha ausência a faria feliz, isso sim.

— Por favor, tenha paciência com Kara.

— Por que Clark? Estou farta disso. Quero voltar para casa de meu pai!

— Deus, não faça uma coisas dessa! Kara está de mau humor. Não tem sido fácil conviver com ela depois que encontrou a chave. Por favor, por Elisa, mantenha a paz.

Lena franziu as sobrancelhas. Clark sabia que ela não recusaria seu pedido, pois nutria muito respeito pela sogra.

— Recuso-me a continuar sendo magoada, Clark.

— Então, conte-me, lena, por que a chave estava com você?

— Foi Kara quem pediu que me perguntasse?

— Não. mas tenho de saber para poder defendê-la. Duvido que tenha sido você.

— Sei quem abriu as correntes que prendiam Lex. No entanto, a verdade será ainda pior do que Kara crer que fui eu. — Lena refletiu um pouco e achou que podia confiar em Clark e resolveu lhe contar tudo.


O Lírio e o Falcão (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora