Capítulo XIII

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 Amanheceu. Através das estreitas janelas, a claridade tomava conta do dormitório. O cheiro de vela derretida impregnava o ambiente, embora as chamas tivessem se apagado havia muito tempo.

 Perdida no meio da cama enorme, Lena abraçava os joelhos contra o peito e olhava para Kara, caída no chão. Ela permanecera naquela posição durante toda anoite, recordando os eventos que culminaram em seu ato maluco. E não conseguia se livrar da culpa.

  Deitada e inconsciente, Kara não parecia menos intimidadora. Até em repouso seus músculos eram fortes e rijos.

 Ela gemeu, e aquilo assustou a morena. Lena pulou de onde estava, o coração acelerado. Com cautela, aproximou-se dele, pensando no que poderia dizer ou fazer. A loira tornou a gemer, moveu um pé e dobrou o joelho. Levando as mãos à cabeça, praguejou contra si mesma por ter bebido demais. Sentia muita dor na nuca. Abriu os olhos, mas não conseguiu focalizar nada.

— Jesus... — murmurou.

 Todo, seu corpo doía. Teria levado um coice de Máximus? Impossível. Afinal, estava deitada no valioso tapete que cobria parte do piso de seu quarto.

 Respirou fundo. A cabeça doía muito, como se tivesse sido apunhalada e a arma ainda estivesse enterrada nela. Tocou o local dolorido e encontrou um calombo do tamanho de um ovo. O quê, em nome de Deus, ela fizera?!

 Um movimento lhe chamou a atenção, e seu primeiro pensamento foi de que tinha morrido e estava no Paraíso, pois havia um anjo ao seu lado. Quando a névoa sobre seus olhos se dissipou, o anjo se transformou em Lena. A claridade da janela fazia com que sua pele brilhasse.

— Sabe me dizer por que estou no piso?

— Você caiu — Lena mentiu. — Creio que perdeu os sentidos.

— A droga do vinho... Ajude-me a levantar.

 Aliviada por a loira ter acreditado nela, Lena com muito esforço, amparou-a para que se erguesse.

 Kara se sentou no colchão, gemendo. Acordara de mau humor, sem dúvida nenhuma.

 Lena se afastou um pouco e olhou para a esposa, que esfregou as pálpebras.

— Onde eu bati a cabeça? O calombo é duro como uma pedra.

— Na... Na parede.

 Nesse momento, Kara avistou o candelabro quebrado e a vela derretida sobre o tapete.

— Deus!

— Deus não pode ajudá-la agora, Lena — Kara ficou de pé, agarrou-a pela cintura e a puxou de costas para ela. — Acha que eu não me lembraria do que ouve ontem?

— Rezei para que não lembrasse, milady. Juro que não queria irritá-la.

— Espere que eu acredite em suas mentiras?

 Lena estremeceu, seus joelhos fraquejaram, mas Kara a segurava com firmeza.

— Meu lírio está murchando? Como irei puni-la?

— Foi um acidente.

— O candelabro saiu voando sozinho até minha nuca?

— Você sabe o que houve. Eu estava furiosa, mas não pretendia feri-la. — Tentava se soltar, sem sucesso.

 Kara a jogou sobre a cama. Lena se pôs de joelhos e se agarrou na colcha, os cabelos sobre o rosto. A loira empurrou os cabelos da morena para trás, segurando-os na nuca.

O Lírio e o Falcão (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora