Capítulo V

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 O padre Pace recebeu o casal no altar da capela de Santa Cruz. Distraído, coçou o queixo e olhou para os rostos solenes que lotavam a igreja. Procurava por alguém que tivesse alguma objeção ao noivado, mas ninguém se pronunciou, nem ergueu a mão contra a união de uma Danvers e uma Luthor.

 Kara tomou a mão trêmula de Lena.

—Não se mostre tão assustada—ela sussurrou, e colocou um anel de diamante no dedo da morena—Sabe oque significa esta pedra?

 Lena fez que sim.

—Ela tem o poder de manter a harmonia entre um casal. Brilha como o fogo do... amor.

 Lena desviou o olhar, sentindo-se constrangida ao ouvir aquela palavra.

 Verdade ou Mentira, não podia acreditar que um diamante pudesse moldar seu futuro.

 Quando Lena pegou a mão de Kara para retribuir o gesto, a mesma se surpreendeu.

—Achava que eu não tinha um anel para milady?— Ela arqueou as sobrancelhas, e a loira sorriu.

—Estou encantada.

 Encantada? O tola! Deveria estar agradecida.

O simples anel de ouro mal passava pelos dedos de Kara. Lena teve que empurrar com força até conseguir.

—Não se sente decepcionada por sua noiva ser pobre?

—Não, meu doce lírio. Nosso destino está selado. O contrato e os anéis nos unirão para sempre.

 Lena estremeceu. De fato, seria um escândalo se um deles retrocedesse naquele momento.


 Pela Janela, Lena olhava para o rio Arno e para o Palácio Kent, seu futuro lar.

—Por que devo me casar com uma mulher que não amo? Uma Danvers!—Lena se lamentou, olhando para a irmã, que concordara em adaptar um dos vestidos do baú para que pudesse usar.— Se eu fosse um passarinho, voaria para longe.

—E o falcão iria atrás de você. Sim, irmã, Kara não deixará que se afaste assim tão fácil. Logo vocês serão esposas. Agora, venha, papai e Colin estão entretendo sua noiva e a família. Precisamos resgatá-los antes que papai comece a gaguejar e Colin decida fugir.

 Assim que adentrou a sala, Lena viu o pai respirar, aliviado. Lionel ficara apreensivo com sua demora. No rosto de Kara, Lena notou aborrecimento, e desejou regressar ao santuário de seu quarto.

 Kara trocara de roupa, e naquele momento usava uma túnica escarlate. Mostrando determinação caminhou até sua noiva.

—Estou contente com o fato da senhorita estar se unindo nós. Temi ser obrigada a ir buscá-la em seus aposentos.

 Indignada, Lena endireitou os ombros e empinou o queixo. Kara não parecia brava, e o brilho nas pupilas de sua futura esposa a perturbou.

—Não tomaria essa liberdade, senhorita. Não com nossas famílias reunidas.

—Não teste minha paciência, Lena—ela disse com firmeza, apesar do sorriso agradável.

 Sem mais, passou a apresentá-la aos familiares.

—Lembra-se de Clark Kent?

—Sim, sem dúvida.— Lena manteve o braço ao longo do corpo, mas Clark tomou-lhe a mão e beijou seus dedos.

—Apresento-lhe Mike, que cuida de minhas vinhas e de meu comércio. E meu meio-irmão, Barry Danvers.

 Em Barry, Lena percebeu um jeito maroto. Era o oposto de Kara: cabelos e olhos castanho-escuros, estatura média. Lena sorriu para ele antes de desviar o olhar para uma tímida jovenzinha postada ao lado dele. Exceto pela delicadeza e constituição miúda, assemelhava-se a Kara.

O Lírio e o Falcão (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora