Capítulo XXIX

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Avisos

-O capítulo a seguir contém cenas de violência

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— Milady, por favor, não cometa essa tolice! Lady Kara fará nossas cabeças rolarem se descobrir.

— Minha esposa saiu há dias à procura da irmã, Jess. Não posso ficar aqui sentada sem fazer nada. — Lena amarrou no pescoço os laços da capa. — Voltarei antes que ela retorne.

 Jess correu atrás da patroa, escada abaixo.

— Senhora, eu imploro! Pense no bebê!

— A criança está bem. Apenas irei até a cidade falar com minha família. Lembre-se de não dizer uma palavra a ninguém, sobretudo a Eve. Prometa-me.

 Embora relutante, a criada prometeu.

— E, enquanto eu estiver fora, por favor, Jess, encontre alguém para pendurar o retrato sobre a lareira de meu quarto. Kara ainda não viu o trabalho excelente de Uccello. — Lena lhe deu as costas e se foi.

 Quando alcançou o portão, encontrou apenas um guarda novato. Os mais experientes tinham saído com Kara.

— Abra logo! — a morena ordenou.

 Para seu alívio, o homem obedeceu sem questionar.

 Lena se apressou até os estábulos. Jack escovava um dos cavalos de guerra, filhote de Máximus. O chefe dos cavalariços olhou para ela, provocando um arrepio em Lena.

— Prepare um cavalo para mim.

— Milady parece ter esquecido a última vez em que me deu uma ordem.

— É claro que não esqueci.

 Jack pôs a escova de lado e caminhou em direção a Lena até deixar pouco espaço entre os dois.

— Ouvi dizer que tem medo de cavalos, senhora.

 Como ele podia saber daquilo? Era um segredo que só sua família tinha conhecimento.

— Decidi pôr meus receios de lado.

— De uma hora para outra?

— Devo fazer isso, como você deve me atender.

— Não, senhora. Conheço a ira de minha patroa. Seu desprezo não é nada comparado a ira de Lady Kara.

— Não existe ninguém que enfrente a ira de minha esposa?

 Jack balançou a cabeça e se retirou, voltando a escovar o cavalo.

— Droga! — E Lena deixou o estábulo.

 Encontraria um modo de ir à cidade, nem que fosse a pé!


 Perto do portão da ponte Vecchio, Lena parou para se encostar no prédio de pedra do açougue e esvaziou os sapatos cheios de areia que se acumulara durante a caminhada. Por sorte, a estrada era boa e não muito longa.

 Quando começou a descer pela ponte, alguém a atingiu por trás. Lena tropeçou, mas conseguiu se apoiar em uma mesa da peixaria. Sentiu um gosto de bile subir-lhe à boca e quase pôs fora o conteúdo do estômago. Comprimindo a barriga, atravessou a ponte, cambaleando.

 Logo chegou ao mercado e se perdeu na multidão. No meio de vendedores, cavalos, carroças e carruagens, Lena começou a se sentir sufocada. Nunca antes aromas variados a incomodaram, mas sua grande sensibilidade em razão de seu estado, não podia tolerar a mistura de vários odores. A qualquer momento, esperava ser tragada pelas paredes ao redor. Tentava superar as desagradáveis sensações quando avistou a figura da irmã.

O Lírio e o Falcão (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora