Capítulo 11 - Fracassado

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Pedro


Eu me odeio por estar aqui. 
Mas não pelo o que eu fiz, e sim por trazer lembranças das quais eu não suporto, e pior, estou aqui por uma pessoa que eu odiava profundamente. 

E então vem o seguinte questionamento: Por que você esta ai?

Pelo conselho do meu advogado de estar presente no enterro do Matteo. 
Sim, é uma merda. Ver todos chorando e me olhando como se eu tivesse derrubado o caixão é extremamente irritante. São todos falsos, quem em sã consciência iria gostar do Matteo?

Desde que tomei a frente da empresa todos me odeiam gratuitamente, isso porque são ratos que não aguentam ter perdido uma fortuna. 

- Não bastou ter desonrado ele em vida, agora veio em seu velório? - A voz velha ecoa próxima ao meu ouvido, e eu não me dou o trabalho de olha-la. - Espero que saiba que isso não ficara assim.

Tia Magda. 

O seu cheiro forte de arrogância é o suficiente para identifica-la, prefiro ignorar totalmente a sua infeliz presença. Ela resmunga algum xingamento e passa por mim toda de preto, um chapéu imenso tampando grande parte do seu rosto. Todos são elegantes, é como se eu estivesse dentro de um filme americano... de novo.

A diferença é que a primeira vez cada parte do meu coração despedaçou-se. Meu avô era como um pai, e perde-lo foi a coisa mais dolorosa e sufocante que me aconteceu.

Guardo as mãos nos bolsos da minha calça social e vejo Helena se aproximar, minha mulher é extremamente bonita e caminha tranquilamente pelo meio do covil, eles cochicham sobre a sua presença. Tudo que está relacionado a mim, eles abominam. Mas ela não se importa, passa por eles como se estivesse em uma passarela, e sinceramente, poderia estar facilmente. Mesmo com  um passado conturbado, Helena nunca deixou isso transparecer.

- E então, precisaremos processar alguém dessa vez? Todo encontro da sua família tem um processo. - Pergunta brincalhona e beija a minha bochecha delicadamente.

- Acredito que hoje não, tudo está calmo. Por enquanto só me olharam feio e a Tia Magda praticamente disse que não sou bem-vindo.

- Odiamos ela, não é? - Faz uma careta engraçada e sorrimos.

- Sim, sem dúvidas... Obrigado por vir.

- Sem problemas, amor. Tenho notícias da Nell.

- O que houve?

- Audiência dela é daqui dois dias.

- Tudo bem, vou adiar os meus compromissos e nós podemos ir. 

- Você tem certeza? Digo, David vai estar lá...

Minha mandíbula cerrada é a resposta para essa pergunta. Eu obviamente não tenho certeza se consigo me manter calmo no mesmo lugar em que o abusador da minha irmã esta. Pensar nisso é como um soco no estômago. Contudo, Antonella precisa de mim e eu certamente estarei lá por ela. E para de uma vez por todas, colocar um ponto final nessa história.

- Pedro? 

E o que eu pensei que não poderia piorar, torna-se um verdadeiro pesadelo. Não preciso mover o meu rosto na direção dessa voz infernal para saber quem é a dona dela. Mas o meu extinto não impede de que eu fique atento.

O Império VasconcelosOnde histórias criam vida. Descubra agora