Capítulo 13 - Sentença

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ESTE EPISÓDIO CONTÊM GATILHOS



- Excelência, peço permissão para chamar Helena Ferraz para depor. 

- Protesto. A minha cliente tem direito de privilégio entre advogado e cliente.

- Eu não vou perguntar a advogada dela, e sim a cunhada. 

- Permissão concedida. - O Juiz fala e observa Helena se aproximar.

Ela senta ao lado esquerdo do Juiz, o Doutor Parker se aproxima seguro e com passos largos. Fecha o botão do seu paletó e encara Helena.

- Deixe-me refrescar a memória: conheceu a réu quando ela ainda era uma criança. Isso porquê participou de um sequestro do qual a vítima era o seu atual marido, irmã da réu. Um sequestro muito bem pensado do qual seu padrasto era o mandante. Se instalou na escola da vítima e foi cúmplice de um sequestro que parou o País, jornais e tabloides. Estou certo? 

- Sim. - Responde sem pigarrear.

- Então posso afirmar que você já foi uma criminosa?

- Depende. Uma criança de quinze anos abusada pelo padrasto é criminosa para o senhor?

- Bom - Ele arruma a gravata sentindo-se desconfortável - Perante a lei, sim. Seu passado é muito bem apagado, gostaria de manter segredo sobre isso, pelo visto.

- Quem não gostaria?

- Você finge não ligar, mas liga. Você se importa com a sua cliente mais do que já se importou com qualquer outra, isso porquê sabe o peso de carregar um crime nas costas e para que isso não aconteça com ela, está determinada a defendê-la mesmo sabendo que é uma assassina.

- Alguma pergunta? 

- Eu quero saber se realmente acredita que ela não é a culpada. Você sabe algo que não sabemos sobre o meu cliente? Tem como provar?

Helena encara friamente os olhos do Parker que parece estar empolgado com o show que está dando. Mesmo que eu queira ver a reação do Pedro, não quero perder um segundo dessa audiência. Presumo que ele esteja como eu, roendo unhas e gritando por dentro.

- Não quer responder? - Ele insiste - Falei algo que te incomodou?

- Não. - Da os ombros, despreocupada.

- Sabe que está sob juramento, certo?

- Me prenda por desacato. - Helena vira para o Juiz.

Travo o maxilar assustada.
O que ela está fazendo?
Fala Helena, fala o que esse desgraçado fez.

- O que há com você? - O advogado aumenta o tom da voz, quase imperceptível. - Parece que não acredita tanto na sua cliente, eu presumo. Ganhar é mais importante pra você, do que ganhar por maneira justa. Acusações falsas e ofensas ao meu cliente tentando desmoraliza-lo. No seu País ninguém passa por cima de você, mas sinto em lhe informar, este não é o seu País.

- Eu entendo, é muito mais fácil culpar alguém do que reconhecer os seus próprios erros. 

-  Você acha que sua cliente é incapaz de cometer um crime?

- Sim.

- Acredita piamente que naquela noite ela não golpeou Taylor Haussman propositalmente no lago, deixando uma cena de crime para trás?

- Sim.

- Se ela sequestrasse o neto de um bilionário e o mantivesse em cativeiro por dias, você ainda defenderia ela?

O Império VasconcelosOnde histórias criam vida. Descubra agora