Capítulo 17

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Adentro o nosso quarto, desesperado para encontra-la. 
O cômodo fica imenso, olho por toda a sua extensão e não a vejo, isso me da um desespero do caralho. 
Ela realmente subiu?

Puxo o celular do meu bolso, e afasto uma mecha de cabelo que cai sob os meus olhos antes de colocar o aparelho no ouvido. Pablo com certeza saberia se ela saiu. No segundo toque eu desligo, assim que ela sai do nosso banheiro.

Meus ombros relaxam, não tanto quanto se não estivéssemos brigados, contudo eu não sei o que seria de mim sem a Helena. Ela sabe que estou ali, mas não se da ao trabalho de me olhar. 

- Eu sou um babaca! - Assumo. Tento me aproximar.

Quero saber o resultado do exame. Antonella disse que era iria trazer para fazermos juntos e eu como sempre, fodi com tudo. Será que é um dom? Eu estragar momentos importantes. Ela senta no sofá, e meus olhos estão atentos em cada gesto.

Até quarenta segundos atrás, eu não sabia o quanto ficaria feliz com um gravidez. Não conseguir enxergar o quanto um bebê nos completaria, e o quanto eu queria construir uma família com ela. 

- Se subiu para saber o resultado, pode descer tranquilo. Nós não vamos ter um filho. - Encolhe os ombros.

Seus dedos brincam com a manga da sua jaqueta jeans. Ela está aflita.
Dou mais um passo, mas não sei se é o certo a se fazer agora. Além de descobrir que o marido dela não quer ter um filho, ela descobre que o seu sonho não será realizado no momento. O que se passa na cabeça dela, nesse exato momento? 

Sento na beira de cama, próximo ao sofá. 
Eu sinto um vazio no meu peito, uma faca com a lâmina cega entra e desliza pela minha pele, isso é tão doloroso que parece ser físico. 

- Me perdoa. - Minha voz sai mais baixa do que eu gostaria. - Me perdoa! - Repito um pouco mais alto.

Ela não responde. Mas foi o silêncio mais doloroso que eu presenciei, o seu semblante contorcido em tristeza, eu destruí a única mulher que eu já amei. E isso é tão nítido na sua expressão.

- Por favor, saia. - Pede, sem forças. 

- Não posso. 

- É o que você queria. Então deixa eu sozinha, você não compartilha dessa frustração.

- Eu sempre vou compartilhar da sua dor.

- Não. Você não a entende. 

- Claro que eu entendo. Não importa o que eu disse a minutos atrás, se te machuca, vai me machucar também.

- Por quê? 

- Porque eu te amo, Helena. - Respondo, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo - Eu sou maluco por você, sou doente. 

- Você prefere compartilhar as minhas dores, mas se recusa em compartilhar o mesmo sonho.

Silêncio.
Ainda é o mesmo silêncio doloroso e barulhento. Não consigo controlar o meu pé batendo no chão. O sangue corre rápido em minhas veias, sinto dor. Minhas costas doem, meu maxilar, minhas entranhas, tudo dói, e o que não está doendo queima.

Ela se levanta, e é como se ela tivesse enfiado mais centímetros da lâmina cega e girado lentamente. 

- O que passou pela sua cabeça? - Da alguns passos e para. Sem contato visual, ela mal consegue me olhar.

- Medo. 

- Do quê, afinal? 

- Não sei. De não ser bom o suficiente. De não fazê-lo feliz, de não fazer vocês dois felizes. Tive medo de não dar atenção, de por milésimos esquecer de vocês e colocar a empresa em primeiro lugar. Medo de não conseguir dar um bom exemplo, de sufoca-lo. E se eu não for o suficiente? Se eu decepcionar você? A única coisa que eu mais quero no mundo é fazer você feliz. E eu acabei de falhar nisso, e se eu falhar com ele?

O Império VasconcelosOnde histórias criam vida. Descubra agora