O Império Vasconcelos

Capítulo 15 - Um protetor

- Angélica? Por qual motivo ela veio me procurar? - Questiono incomodado.

Não que eu não gostasse dela, muito pelo contrário, ela sempre me tratou extremamente bem. Seu lado materno sempre esteve presente em todas as vezes que nós nos encontrávamos. 

- Não sei. Ela não quis falar, disse que só falaria a você.

- Ele estava com ela? O Théo.

- Não. Ela estava sozinha e parecia estar preocupada. Não deixou nenhum contato, apenas avisou que voltaria quando você chegasse.

- Tudo bem, vou aguarda-la. 

- Quer conversar sobre o que houve? 

- Não. A única coisa que eu quero é tomar um banho quente e deitar na minha cama, para finalmente ter uma noite tranquila de sono. E você também não deveria ficar preocupado - Aviso, ao observar os ombros tensos do meu pai - Somos mais intocáveis que o Presidente da República.

- - - 

Saio do banheiro e dele ainda sai fumacinhas do banho quente que eu tomei há poucos minutos. É bom estar em casa, principalmente depois de toda essa maré ruim que passamos. Meus pais voltam para casa amanhã, hoje fizeram questão de dormir com a Antonella, a última vez que vi a minha mãe, ela estava agarrada na filha enquanto as duas gargalhavam na cama. Elas são tudo pra mim, e fico extremamente grato por ver a minha família feliz.

Helena muda a página do seu livro, enquanto está acomodada na nossa cama. Mesmo com tantos anos juntos, ainda sorrio toda vez que ela usa os seus óculos de leitura.

- Você fica tão velho quanto. - Ela comenta, sem contato visual.

- Eu não disse nada. - Me defendo com um riso curto.

- Não precisa, quase consigo ouvir seus pensamentos zombando da minha cara.

- Não seja má.

- Ora, quer que eu seja sexy com um óculos para suprir a sua fantasia sexual devido aos filmes pornôs que assistia na puberdade? - Fecha o livro com força, desafiadora.

- Você poderia vestir uma fantasia de colegial e colocar o óculos mais provocativo, não seria tão sexy quanto quando está dentro de um tribunal. - Beijo sua bochecha corada assim que deito ao seu lado - Você fica extremamente...deliciosa. Aquele terno, o tom da voz autoritária com aquela pose de mulher selvagem. Minha única fantasia era te colocar na mesa e te fod...

- Ok, entendi! - Interrompe e sorri tímida. 

- Eu tenho uma pergunta... 

- Qual?

- Por que ela não o denunciou? 

Helena suspira e move a cabeça como se concordasse com alguma coisa que estava pensando. Coloca seu livro na cabeceira e se acomoda, deita sua cabeça no meu tórax e passa o braço fino pelo meu abdômen. 

- Não foi um conselho meu. Muito pelo contrário, eu jamais aconselharia uma cliente a deixar de denunciar.

- Então...

- Não precisa ir muito longe para entender. O Doutor Parker deixou bem claro sobre o machismo, e não é só no nosso País, o planeta está contaminado. Antonella teria que se submeter a diversos exames, aqueles dos quais não valeriam de nada já que levou meses. Summer ter visto também é inválido, ora, uma menina em uma festa...Posso ouvi-los dizer: ela bebeu demais e quis isso, e agora fica se fazendo de vítima. Antonella sabia que isso aconteceria, pois quando ela me perguntou, eu fui sincera. É um caso perdido, entre tanto outros. Só desgastaria mais ainda o psicológico dela, e pode soar um pouco assustador nós decidirmos ter desistido de acusa-lo... Mas não há nada que poderia ser feito. Acredito que o máximo que poderíamos chegar sobre ter justiça, é o que você fez.