Capítulo 12 - Tribunal

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Pedro

Sento na beira da cama do hotel luxuoso que nos hospedamos. Meus pés estão firmes no chão, mas pareço estar flutuando. Mesmo que já estou pronto para dormir, os pensamentos estão dispostos a me deixar acordado pela noite inteira. Amanhã é um dia do qual eu gostaria que não precisasse vive-lo. 

Antonella está no quarto ao lado, implorou para ficar sozinha. Imagino que ela precise, se está difícil pra mim, imagina pra ela. Mesmo que eu queria ficar colado prestando atenção na sua respiração, devo dar o espaço que ela pediu.

Braços magros entrelaçam na minha barriga, seus dedos dedilham o meu abdômen nu, e em seguida a cabeça pousa delicadamente na minha nuca.

- Amor, precisa descansar. - Helena aconselha em voz baixa e sonolenta. Ainda é madrugada.

- Não consigo. Parece que a cama tem espinhos. 

- Eu sei. - Beija o meu ombro amorosamente - Quer conversar? 

- Você quer ter filhos, Helena? - Pergunto de uma vez.

Sinto seu maxilar tenso nas minhas costas. Merda! 
Abaixo a cabeça esgotado. Estou exausto de perceber que as pessoas ao meu redor estão machucadas. 

- Sabe que eu jamais mentiria pra você... - Responde. - Desculpa.

- Por que nunca me falou? - Questionei, um pouco irritado.

Não estou irritado com ela. Estou irritado com o mundo e com o que o universo está fazendo comigo. Estou irritando com o fato de que minha esposa, da qual eu amo imensamente, tinha um sonho guardado a sete-chaves. E por mais que isso possa parecer simples agora, eu lembro das suas conversas e sonhos quando ainda éramos jovens. Lembro claramente do seu desejo de ser mãe, e me fez jurar, quase uma ameaça, para que eu fosse o pai. Nós tínhamos um plano.

- Você sempre estava tão ocupado, e eu procurei me ocupar também. Peguei todos os casos possíveis, e isso foi bom, hoje eu sou o que sou, pelo tempo que eu dediquei ao meu trabalho.

- Não tente tirar algo positivo disso. - Resmungo.

- Claro que eu vou - Rebate. O colchão afunda e ela senta ao meu lado - Olhe só o que construímos juntos. 

- Você quer um filho, Helena? - Pergunto e miro os seus olhos. As íris azuis reluzem dentro do quarto, me deixando aquecido.

- Não podemos pensar nisso agora, sua irmã está com problemas, ainda temos o Matteo e os seus pais assustados com a gravidez da Raquel...

- Helena - Chamo um pouco mais alto - Você quer um filho?

- Você quer? - Pergunta baixinho.

- Amor, eu quero qualquer coisa com você, desde que seja o que você deseja. 

- Sim. Eu quero ter um filho com você. 

Meu sorriso se curva repleto de felicidade, até esse momento não imaginava o quanto eu queria viver isso com a minha mulher. 

- Então nós vamos ter um - Seguro o seu rosto e selo os nossos lábios. 

Desço a minha mão lentamente pelo seu pijama, contornando sua silhueta enquanto me delicio com o gosto dos seus lábios. Seus dedos finos se enroscam entre os meus cabelos e em um movimento rápido puxo o seu corpo quente para o meu colo.

O Império VasconcelosOnde histórias criam vida. Descubra agora