Capítulo XXIII.

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Damon Salvatore.

Entro no quarto com algumas sacolas com nosso café da manhã nas mãos. Elena acordou terrivelmente cedo nessa manhã, mas me esperou acordar para me pedir para comprar algumas coisas para a primeira refeição.

Ela está sentada na cama, naquele estado que eu já me acostumei. Os cabelos presos, deixando alguns fios caindo sobre o rosto, óculos de leitura, sua expressão absorta. Está lendo um papel em suas mãos, mas outros estão espalhados ao seu redor, o notebook está ligado ao seu lado, mas sem utilidade. Ela tira os olhos do papel apenas para me observar por um instante, e então volta sua concentração em sua leitura.

— Tenho reparado ultimamente... nossa parceria te fez bem — comenta. — Acho que você engordou três quilos e meio desde aquele dia que apareceu pela primeira vez em meu terraço.

— Três — respondo.

— É mesmo? Pensei que fosse um pouco mais. Um pouquinho mais, eu acho, Damon. — Me olha de esguio, com um sorriso divertido.

— Tive que aumentar meu apetite para te acompanhar, Elena — respondo no mesmo tom brincalhão e ela ri.

— Até parece!

Parece que alguém acordou de bom humor e afim de conversar.

— Percebi que parou de fumar, mas não sabia que pretendia voltar.

Eu sabia que era um cheiro que dificilmente passava despercebido, mas não sabia que Elena tinha reparado nisso. Eu realmente decidi parar, mas com o estresse acumulado durante os últimos dias foi um pouco complicado cumprir com meu próprio combinado.

— Então, como sabe? — pergunto e Elena se levanta para me ajudar a arrumar nosso café da manhã que seria no quarto mesmo.

— Vi, senti, deduzi. — Responde, dando de ombros. — Como acha que sei que nos primeiros dias em que nos conhecemos você tinha uma empregada um pouco, digamos, desajeitada e descuidada?

Olho-a surpreso. Eu realmente não esperava por essa.

— Suzanne é o nome dela. E é realmente terrível com os afazeres, mas nunca tive coragem de despedi-la. Ela trabalhava para os meus pais antes mesmo de eu nascer. — Contraio a boca para evitar que aparentasse muito desconcertado. — Como sabe disso?

Ela da uma risadinha e abre um pacote de biscoitos.

— Não querendo ofender, mas é bem simples, Damon. Me lembrei disso porque está usando esse sapato que usou no dia em que me seguiu na caminhada noturna. Era a única parte sua que conseguia ver — disse, respondendo minha pergunta silenciosa e gesticulou com os ombros. — O couro está arranhado por uns seis cortes. Obviamente esses arranhões foram feitos por alguém que tentou limpá-los, e que não foi muito cuidadoso. — Elena segue em direção ao cantinho com uma máquina de café e se serve de um, antes de se sentar à mesa. — Sei que foi uma empregada, pois lembro de ter visto uma pequena mancha de ferro de passar em sua calça no dia em que foi em meu terraço. Você não seria capaz de tentar passar alguma coisa.

Seus lábios repuxam para cima e seus olhos estão divertidos ao ver minha cara com uma ofensa fingida. Não posso deixar de rir diante da facilidade com que ela explica seu processo de dedução.

— Não vou lhe dar os parabéns por isso. Qualquer um poderia adivinhar — provoco-a. — Acho que meus olhos são tão bons quanto os seus.

— Claro que são! — ela responde, bebericando do seu café preto e recostando-se na cadeira. — Você vê, mas não observa. Existe uma diferença. — Elena entende meu olhar confuso quando responde. — Por exemplo, você viu muitas vezes os degraus que levam do hall de entrada a recepção desse hotel, não é?

Um Estudo em VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora