Capítulo VI.

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Emma Hall.

Estamos sentadas à mesa do café da manhã, Amélia e eu, quando Elena aparece juntando-se a nós. Seu semblante horrível denuncia que sequer pregou os olhos. Ela se senta à mesa conosco e esboça um sorriso cansado enquanto despeja o café na xícara.

— Eu nunca a vi tão péssima assim! — comento, lhe passando as torradas.

— Ah, muito obrigada. É o que toda mulher gosta de ouvir quando acorda — diz sarcástica e eu rio. — Foi uma noite um pouco conturbada para mim. Mas e então, o que concluiu de sua leitura ao jornal de hoje?

Eu nem questiono como ela tem conhecimento da minha leitura. Essa é a parte estranha de ser amiga de uma detetive como Elena: ela sempre sabe das coisas, e cabe apenas a ela comentar sobre o que ela observa ou não.

— Não há nada demais, apenas um anúncio de um homem desaparecido. Mas, muito simples para investir seu tempo, imagino. — Respondo, marcando o anúncio com uma caneta e entregando o jornal para Elena.

Ela lê rapidamente e suspira.

— Nos casos mais simples é que se encontram os mais interessantes. Preciso me distrair ou vou explodir e provavelmente será rápido. Vamos atrás de mais informações.

Levantamos da mesa e nos dirigimos aos nossos quartos. Eu sei que há algo de errado com Elena, ela está com um semblante pesado, com olheiras diferentes das de quando passa a noite acordada estudando algo novo. Não é novidade que ela não querer me preocupar, mas não posso deixá-la passar por isso sozinha.

Vou até seu quarto, batendo três vezes na porta. Ouço um "entra" e, quando o faço, encontro uma Elena desanimada, deitada em sua cama ainda de pijamas, cabelos bagunçados e seus óculos de leitura, enquanto rascunha algum desenho.

— Hora ruim para uma conversinha? — pergunto com um sorrisinho, e ela faz um sinal ao seu lado para eu me juntar a ela. — Trouxe alguns docinhos para aumentar sua glicose e ver se você se anima um pouco.

— Já disse que amo ser sua amiga? — pergunta, pegando um Red Vines da embalagem e eu rio. Enquanto mastiga, parece pensar sobre algo. — Preciso te atualizar sobre aquele caso da foto que achei na casa do sr. Wilson.

— Você não continuará a investigação, não é?

— Como sabe que não?

— Digamos que estou aprendendo um pouco com seus métodos. — Respondo e nós duas rimos. — Bem, ontem, depois do jantar, você não estava nem um pouco satisfeita com a possibilidade de ser apenas uma coincidência. E eu tinha quase certeza de que você iria atrás disso, mudando seu foco da investigação do caso do sr. Wilson.

— Estou começando a me preocupar. Você está ficando muito boa nisso — dou risada de seu exagero. — Acontece que depois daquilo, fui ao borboletário e encontrei esse bilhete na estufa. — Ela me entrega um pedaço de papel.

— Meu Deus, Lena! — exclamo perplexa depois de ler as palavras do assassino. — Ele está se comunicando com você.

— Não é a primeira vez que isso acontece nesses anos todos, mas esse foi o suficiente para me deixar preocupada. — Ela dá uma pequena pausa e suspira. — De madrugada eu fui caminhar um pouco para tentar limpar minha mente, como sempre faço quando algo começa a transformar-se em nuvem. No entanto, a caminhada foi mais produtiva e conveniente do que imaginava. — A olho confusa e ela dá de ombros. — Digamos que o assassino seja mais ou menos assim. — Diz, me mostrando seu esboço de um homem.

Ele é alto. Sabia, pois Elena fez uma marcação ao lado escrito 1,82m; relativamente corpulento. Há um cigarro desenhado ao seu lado escrito Dunhill, e uma seta desenhada indicando as botas.

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