Capítulo XXVII.

80 7 5
                                    

— O que você disse? — pergunto atônita.

Sinto o pesar do olhar confuso de Damon sobre mim, mas não consigo desviar meus olhos do homem à minha frente.

— Bom, você já me pegou, não tenho motivos para continuar escondendo essa informação, Lena. — Diz sarcástico e mordo minha língua para evitar socar sua cara por proferir meu nome daquele jeito.

— Me responda direito, seu imbecil — vocifero, me aproximando de seu rosto.

— Olhe o pacote, veja minha verdadeira identidade.

Faço o que ele pediu e abro os documentos, tirando sua identidade do pacote. Grayson Gilbert. Meu sobrenome. Tenho que me sentar para evitar desabar. Damon vem até mim, mas não me toca, uma atitude sábia, uma vez que estou prestes a explodir de raiva e isso deve estar estampado em meu rosto. 

Algumas informações começam a se encaixar em minha cabeça, mas nada faz sentido ainda. O que eu posso ter perdido? Que detalhe deixei passar despercebido? 

Me levanto novamente, ficando diante do homem.

— Você vai me explicar cada detalhe dessa merda ou eu vou desfigurar seu rosto sem pensar duas vezes. — Ameaço-o e ele ri com deboche.

— Ela fala sério — afirma Damon.

— Você não seria capaz dis... — antes que completasse sua fala, soco seu rosto com força, fazendo sua cabeça tombar para o lado. Sinto minha mão arder, mas ignoro a dor pela adrenalina que corre em meu sangue. Ouço Damon rindo e exclamar um "isso!". — Sua desgraçada!

— Eu avisei — provoca Damon quando o homem cuspe sangue no carpete e lhe lança um olhar de raiva.

— Comece. A. Falar. — Esbravejo a ordem.

— Melhor se sentar então, querida — diz o homem.

— Não me chame de querida. — Ameaço-o levantando o punho e Grayson se encolhe. Me sento na poltrona ao lado de Damon.

— Vejamos por onde começar — Neil, ou Grayson, parece pensar, mordiscando a pele do lábio. — Sou o sócio misterioso da Stelco e irmão do seu falecido pai. Bem, não me leva a mal, mas eu não posso te dizer que sinto muito pela morte dele – ironiza e ri. – Tudo começou quando decidimos abrir a sociedade. John tinha preferência em tomar decisões contrárias às minhas, o que desencadeou diversos conflitos entre nós, me levando a estabelecer um contrato de sociedade com algumas definições e limites. Mas aí, nosso querido John não gostou muito das condições e começou burlar essas "regras". — O homem se remexe na cadeira, desconfortável. — Poderia me desalgemar, querida?

— Não a chame de querida — ordena Damon, semicerrando os olhos.

— Continue falando — digo entredentes e o homem ri, intercalando seu olhar entre Damon e eu.

— John começou a desviar recursos para uma conta desconhecida. Estranhei quando dei falta do dinheiro e fui tirar satisfação com ele. Vocês tinham que ver, ele ficou uma fera. Nunca gostou de ser contestado ou questionado. Quando descobri por um funcionário no que ele estava metido, não pude acreditar que meu irmão estava envolvido naquela sujeira podre. Sinceramente, eu esperava vê-lo bancando prostitutas ou até envolvido em corrupção, mas financiando o comércio de mulheres na Turquia foi demais para mim. Peço perdão se o assunto lhe causar náuseas, sobrinha, mas o que contarei é forte até mesmo para mim. Alguém poderia pegar um copo de água para molhar as palavras? — Pede e direciono um olhar a Damon e ele se levanta, bufando e revirando os olhos, atendendo ao pedido do homem.

Grayson gesticula apontando para as mãos imóveis e Damon olha para mim com raiva.

— Qual é? Eu não vou bancar a babá aqui — resmunga. Apenas faço sinal com a cabeça e ele leva o copo à boca do homem.

Um Estudo em VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora