Capítulo XIII.

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Durante a noite que se passou, o rosto daquele assassino aparecia em minha mente frequentemente, me forçando a colocá-lo em um papel. Desenhei diversos esboços tentando chegar perto daquilo que eu havia visto, rebobinando a cena da noite anterior em minha cabeça.

Sua pele aparentava ser pálida e seus cabelos negros, mas era incerto por conta da escuridão da noite. Minha única certeza era de que os olhos que me encararam eram azuis, e esse detalhe se fazia presente em todos meus desenhos.

Damon se tornou um verdadeiro enigma para mim, um dos poucos que não conseguia decifrar. Me perturbava o fato de que todos os meus problemas e preocupações terem de ser somados a presença de Damon, uma vez que ele insistia em, não apenas participar de todos eles, mas estragá-los. Ele era meu inimigo declarado, o que me intrigava ainda mais sua atitude na noite passada em ter me ajudado. Ele tinha me ouvido contar meu plano sobre o caso com Emma, eu o havia visto, e tinha certeza de que tentaria me sabotar, mas fez o contrário.

Era assustador ele estar naquele lugar, naquele momento, fazendo o oposto do que me dizia e agia. Ele disse eu tinha uma coisa que o pertencia e que estava em dívida com ele. Eu sabia o que ele queria. Declarei que estava com o anel de Stefan, pois sabia que era importante. Eu apenas não imaginava o quão importante era ao ponto de Damon impedir de me enterrarem viva só para consegui-lo. Eu precisava descobrir o motivo dele se arriscar tanto pelo objeto.

Sabia que não conseguiria seguir com meu dia enquanto estivesse com aqueles pensamentos, então resolvi focar nisso. Fui para o chuveiro tomar um rápido banho, me arrumando e pegando duas torradas na cozinha que Emma havia deixado para mim antes de sair. Desci até a Estação Westbourne Park e peguei o metrô para a estação mais próxima da Biblioteca Britânica. Se houvesse um lugar onde eu poderia encontrar algo sobre os Salvatore e aquele anel seria lá.

O trajeto era longo, mas o horário me favorecia. Londres só acordava depois das 8 horas da manhã no sábado, então o trânsito estava tranquilo. Cheguei aos portões daquele lugar enorme dez minutos depois de ser aberto. Me direcionei ao balcão de informações e pedi a funcionária os registros da família Salvatore, e a mesma me guiou até o andar superior, virando até a sessão nomeada "crimes".

Um grande arrepio percorreu meu corpo ao ler aquela palavra e saber que estava relacionada à morte de meus pais, porque era exatamente isso que aquela família era, criminosa, e era esse sangue que corria nas veias de Damon.

A funcionária indicou-me uma parte da prateleira onde havia documentos, jornais, livros e as mais diversas formas de registros sobre os Salvatore. Agradeci à moça e selecionei alguns que me interessaram, indo em direção a uma pequena mesa para iniciar minha leitura.

Fui interrompida pelo toque de meu celular e li o nome de Emma no visor.

— Alô? — atendi, frustrada pela interrupção.

— Onde está? Está ocupada? — perguntou com a voz preocupada.

— Estou na biblioteca investigando algumas coisas, por quê?

— Amélia estava limpando o andar de cima e escorregou na escada — disse e eu gelei. Comecei a juntar minhas coisas e os documentos. — O sr. Jackson, nosso vizinho, apareceu para ajudar, mas preciso da sua ajuda para levá-la ao hospital, pode vir o mais rápido possível?

— Claro, já estou indo para casa — disse e desliguei.

Passei pelo mesmo balcão de atendimento e notifiquei que levaria aqueles documentos para casa. A mulher me deu um cartão e nele cadastrou todos os papeis que eu levava com o prazo de devolução.

Corri para a mesma estação em que desci e, por sorte, o metrô havia acabado de chegar. Entrei com pressa e notei que o ambiente se encontrava diferente do que de manhã, então tive que me espremer entre as pessoas em pé, ficando distante da porta, uma vez que levaria pelo menos trinta minutos até o momento de descer.

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