No dia em que meus pais morreram e os policiais tiraram meu irmão e eu de dentro da estante de livros, eu já tinha entendido o que havia acontecido, eu sabia que eles não estavam mais lá e compreendia o motivo. Portanto, procurava desesperadamente por qualquer vestígio e objeto de meus pais, algo que eu pudesse agarrar-me a lembrança. Durante a procura, encontrei no chão da sala, ao lado da poltrona do meu pai, um anel azul, com um símbolo e a letra S desenhados em prata.
Desde aquele dia, o guardei comigo e, depois de passar alguns anos estudando a família Salvatore, descobri que o pai havia dado aquele acessório aos filhos, como um amuleto. Não compreendia a importância daquele objeto até o dia em que encontraram Stefan Salvatore morto com o que parecia ser uma imitação mal feita do anel. A falta do amuleto significava a ausência da proteção do pai, e eu compreendia aquilo.
O dia não estava nada produtivo. As lembranças de meus pais apareciam com mais frequência, eu estando consciente ou não, o que passou a atrapalhar-me tanto no âmbito profissional quanto pessoal. Nenhum caso chamava minha atenção, não conseguia encontrar motivação para sair de casa e nem mesmo para cozinhar. Passava o dia intercalando entre meu piano e meu quarto.
Percebia Emma preocupada e me sentia mal por sugar seu bom humor e boa disposição. Ela buscava estar sempre comigo, desmarcou compromissos para que eu não ficasse sozinha e me mostrou diversas vezes com entusiasmo casos no jornal na tentativa de transmitir-me sua positividade. Não foi bem sucedida em nenhuma das insistências.
— O que acha de uma pequena viagem de trem à Bristol? — perguntou Emma, entusiasmada, quase gritando. — Vai, Lena, por favor! Eu sei que você adora essa cidade. Podemos partir hoje pela noite e voltar amanhã à tarde. Você precisa respirar um ar diferente, ver paisagens novas e Bristol é repleta delas. Além disso, eu também estou precisando. O que acha?
A ideia de Emma não era ruim. Eu realmente era apegada àquela cidade, uma vez que morei durante alguns poucos anos lá e pude solucionar casos interessantes. A cidade oferecia-me apenas boas lembranças e sabia que aquela seria a última tentativa de Emma de me animar.
— Tudo bem, nós vamos. Mas antes de irmos, tenho que resolver um assunto. — disse.
Eram 20 horas e eu já havia arrumado minha mochila para nossa pequena aventura à Bristol. Emma já tinha feito nossas reservas em uma pousada antiga que eu tanto gostava e me informara que partiríamos da estação de Paddington as 21h30. Portanto, eu tinha uma hora e meia para concluir meu plano.
Vesti-me de roupas pretas, incluindo meu casaco preto de capuz e um par de botas velho e com as solas gastas pelo uso. Não gostaria de deixar marcas. Pedi para Emma me levar até meu destino, uma vez que ficava a apenas doze minutos de carro de nossa casa.
Chegando próximo ao meu destino, pedi que Emma desse a volta no quarteirão em busca de uma confirmação. Eu tinha sete minutos.
Minha amiga me deixou na rua de cima e pedi que ela me aguardasse com o carro ligado.
Desci uma rua e logo cheguei à frente do Cemitério Highgate, adentrando o local e sentindo a tensão sombria que se estabelecia. Apressei-me entre túmulos e flores, até enxergar a lápide com o nome Stefan Salvatore gravado com um epitáfio abaixo. Calculando que me restavam apenas quatro minutos, depositei um pedaço de papel dobrado sobre a grama e algumas flores soltas no túmulo, prendendo-o com uma pedra.
Sai rapidamente do cemitério, me limitando a observar àquela cena de longe. Damon acabara de chegar no túmulo de seu irmão, pegando o papel e lendo-o. Enfurecido, procurava por alguém, mais precisamente por mim. Ele sabia que tinha sido eu.
Voltei para o carro de Emma que, como combinado, estava ligada à minha espera.
— Que tal me explicar tudo isso agora, Elena? — perguntou enquanto seguia meus comandos de direção para sairmos daquele lugar sem sermos vistas.
![](https://img.wattpad.com/cover/219701780-288-k213347.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Estudo em Vermelho
FanficDepois da morte de seus pais, Elena cresceu determinada a encontrar o assassino, sua motivação e dar a ele um desfecho merecido. Estudou a investigação durante anos; se especializou em diversas áreas; aprofundou-se em assuntos que para os outros era...