Capítulo III.

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Emma Hall.

— Max Schneider está se apresentando no West End esta tarde — Elena diz. — O que acha, Emma? Acho que precisamos ouvir uma música bem interpretada para relaxarmos.

— Não tenho nada que fazer hoje, e meu trabalho sobre você está um pouco sem andamento por enquanto.

— Então, pegue sua bolsa e vamos até lá. Tenho que passar pela City e podemos almoçar no caminho.

Vamos de metrô até Aldersgate e um breve passeio nos leva à Saxe-Coburg Square, ao lugar onde ocorreu os fatos da singular história que ouvimos de manhã. É um lugar nem um pouco agradável e bonito; há casas enfileiradas de frente para um terreno vazio, onde vários arbustos se esforçam para viver numa atmosfera carregada de fumaça e poluição. Uma placa de madeira com "Jabez Wilson" escrito em letras brancas numa casa de esquina indica que é ali que nosso cliente tem o seu negócio. 

Elena para em frente à casa, olhando, virando a cabeça de lado uma vez ou outra e os olhos brilhando. Sobe a rua devagar e depois desce a mesma até a outra esquina, examinando as casas. Finalmente, volta à pequena loja de discos e, depois de bater o pé três vezes na calçada com força, vai até a porta e bate. A porta é imediatamente aberta por um rapaz bem-barbeado, que convida Elena a entrar.

— Obrigada — Elena diz —, eu só queria lhe perguntar como chegar no Strand.

— Vire na terceira esquina à direita, e depois na quarta à esquerda — responde prontamente o empregado, fechando a porta.

— A meu ver, esse rapaz é uma das pessoas mais ousadas e espertas de Londres. — Elena observa. — Já sei alguma coisa sobre ele.

— Com certeza ele é o ajudante do sr. Wilson, e tem um papel importante nesse mistério do Clube dos Ruivos. E é claro que você pediu a informação apenas para que pudesse averiguar o homem.

— Não a ele.

— Então o quê?

— Os joelhos das calças dele.

— E o que foi que você viu?

— O que esperava ver.

— Por que bateu os pés na calçada?

— Emma, minha curiosa amiga, agora é hora de observarmos. Somos espiãs na terra do inimigo. — Elena me manda uma piscadela. — Já conhecemos a Saxe-Coburg Square, vamos dar uma olhadinha nas ruas atrás dela.

A rua em que entramos depois que viramos a esquina da praça faz um perfeito contraste com a outra, parece que estamos vendo frente de um quadro em relação ao verso. É uma das principais ruas da cidade, e o trânsito pode confirmar isso.

— Vamos ver — Elena diz, parando na esquina e olhando a fila de prédios e estabelecimentos —, preciso gravar a ordem dessas casas e lojas. Um pouco distante fica a loja de tabaco, depois a lojinha de jornais, o restaurante vegetariano, um ferro velho. E então a Mappin & Webb, a joalheria. Agora que já acabamos nosso trabalho aqui, vamos nos divertir um pouco, Emma. Vamos comer um sanduíche bem caprichado, e depois a uma loja de pianos, onde não há clientes de cabeça vermelha para nos incomodar.

Minha amiga, sem sombra de dúvidas, é uma musicista incrível, e não só sabe tocar instrumentos como também é uma compositora acima do comum. Ficou toda a tarde sentada, alegre, agitando os dedos conforme a música, enquanto o rosto sorridente e os olhos brilhantes e sonolentos não pareciam ser os mesmos da Elena caçadora e esperta agente criminal. 

Enquanto a assisto em seu modo descontraído, tão entretida com a música, sinto que aqueles que ela resolver caçar correm perigo.

— Eu sei que você quer ir para casa, certo, amiga? — ela me pergunta ao sairmos do West End.

Um Estudo em VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora