Um Estudo em Vermelho

Capítulo XVI.

— Meu nome é Giuseppe Salvatore e esse vídeo é destinado ao meu filho, Damon Salvatore. Se você está vendo este vídeo, é porque precisa saber a verdade. Nossa família atuou durante muitos anos como assassinos de aluguel. Pessoas, e até empresas, nos contratavam para dar um fim a vidas que as lhe incomodavam. Não nos envolvíamos com os clientes, nem com as encomendas, apenas executávamos nosso trabalho. No entanto, no ano de 2003, fomos contatados para assassinar a família Gilbert. Na época, não entendemos o motivo, uma vez que tinham a reputação de pessoas de boa índole e bom caráter. Por curiosidade, descobrimos que John Gilbert, sócio de uma grande siderúrgica no Canadá, era um homem ganancioso e desonesto. Sabíamos que estaríamos em grande perigo por aceitar esse trabalho, visto que os Gilbert eram muito poderosos e ricos. De maneira sucinta, quero que saiba o momento que nos interessa: a pessoa que nos contratou, nos prometeu uma enorme quantidade de dinheiro, o suficiente para nos aposentarmos e você e seu irmão pudessem viver sem precisar trabalhar. Executamos o serviço pelo qual fomos contratados. Entretanto, a pessoa fugiu com o nosso dinheiro, sem deixar rastros. Fomos perfeitamente enganos. Damon, meu filho, você era apenas uma criança na época, inocente e com um lindo coração. Minhas condições de saúde me impossibilitaram de realizar aquele trabalho e, como seu irmão já era um homem, deixei a responsabilidade para ele. Agora, anos após esse ocorrido, Stefan está preso e receio o que possa acontecer com ele e com nossa família. Se está assistindo esse vídeo, é porque eu já não estou mais aqui e algo aconteceu com seu irmão, então deixo-lhe a missão de conseguir o dinheiro que é de nossa família por direito. Faça a justiça por sua família, Damon. E nunca se esqueça que seu sangue é Salvatore.

O vídeo se encerrou e Damon desconectou o pen drive do computador.

Minha cabeça doía com as informações que acabara de receber. Durante todos esses anos acreditava que meus pais eram pessoas boas e que haviam sido injustiçados e mortos pela ambição de criminosos mercenários. Descobrir que era tudo mentira pela mesma família que tirou-lhes a vida era demais para mim. Senti as lágrimas queimarem em meus olhos, mas não as permiti caírem, não na frente de Damon.

Senti o olhar de Damon em mim e imaginava ver um sorriso vitorioso em seus lábios. Entretanto, quando decidi encará-lo, não havia sorriso e nem sarcasmo em seus olhos, como era de costume. Ele estava abismado, assim como eu.

— Merda — Damon xingou.

Senti um furor crescer dentro de mim e permiti que a raiva aparecesse. Levantei-me e peguei o pen drive que estava em cima da mesa, deixando o dinheiro no balcão da recepção da Lan House e saí do estabelecimento. O lugar não ficava longe de minha casa, então iria andando.

— Esse pen drive me pertence. — A voz de Damon soou.

Parei imediatamente ao ouvir aquelas palavras.

— O que disse? — virei-me para ele e o encarei incrédula. Ele estava prestes a repetir o que havia dito, mas o interrompi. — Vou esclarecer umas questões que podem estar confusas para você. Esse objeto não lhe pertence, assim como o dinheiro mencionado no vídeo também não é seu. Ou se esqueceu do que a SUA família, o seu irmão fez com meus pais?

Damon começou a se aproximar com o cenho franzido.

— Mesmo Stefan tê-los matado, eu o não o queria morto. Mas não aja com hipocrisia ao sentir-se ofendido por eu tê-lo prendido, era isso que ele merecia e você teria feito o mesmo se fosse com sua família. Estou mentido? — Damon suavizou sua expressão, parecendo se acalmar — Esse dinheiro foi prometido para matar meus pais, portanto ele pertence à minha família!

Voltei a andar, ignorando a presença de Damon. Estava farta de dar explicações que não deveria, à pessoa que não era digna. Ouvi-o me seguir novamente e me irritei, parando de andar.