Capítulo 5

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Atenção: esse capítulo contém gatilhos de abusos (físico e psicológico).

De olhos fechados era como se Cecília vivesse de novo tudo o que havia suportado, depois da sua tão sonhada festa de quinze anos

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De olhos fechados era como se Cecília vivesse de novo tudo o que havia suportado, depois da sua tão sonhada festa de quinze anos.

Na lembrança da garota, enquanto as luzes da cidade iam passando rápido demais ao seu lado, pelas janelas do carro, lágrimas silenciosas escorriam dos seus olhos.

Não era assim que Cecília queria que terminasse a sua festa de quinze anos. A sua tia Laura e a sua avó haviam dado duro para conseguirem realizar o sonho da garota, mas ao invés de Cecília ganhar um presente com aquela noite, ela terminava aquele dia de agosto, perdendo um grande amigo.

Mas a moça havia aprendido com a avó que não se devia culpar os outros pelos erros dos pais e dos parentes. Ela havia lhe dito isso, quando colocaram fogo na casa de uma senhora chamada Carmelita, depois que o filho dela estuprou uma garota de Contagem.

A senhora não tinha culpa do erro do filho, mas mesmo assim, haviam destruído a vida dela. E Cecília não queria ser igual àquele povo que se fez de juiz e tacou fogo na casa da idosa.

Então por que ela deveria julgar o Renan por algo que o pai dele cometeu?

Era da alçada dela fazer isso com ele?

E outra, o pessoal do bairro haviam dito para a garota que a morte da Liz havia sido um acidente.

Por que o Renan e o Leonardo se odiavam tanto assim? Era o que Cecília não fazia ideia!

Mas a moça não queria perder alguém que havia lhe dedicado palavras tão lindas e nem tampouco o seu melhor amigo, então se via em um beco sem saída.

Ninguém nunca havia visto Cecília de uma maneira tão profunda e bela, como nas palavras de Renan.

Os seus familiares só viviam a criticando e dizendo que meninas não podiam andar só com garotos, não podiam falar alto, não podiam andar de skate, não podiam acampar no quintal...

Era uma lista de tantos “não podiam” exclusivamente para garotas, que ela se sentia sufocada e indignada.

Cecília era a única neta menina e todos os seus primos, nunca tiveram nenhuma lista de “não pode”, assim como ela tinha. Era tamanho o machismo, que a deixava triste e impotente.

E os pais de Cecília eram os piores, pois eles a xingavam com muitos insultos, dizendo que ela parecia um moleque e que não tinham orgulho algum dela, pois Cecília não era toda mocinha, assim como as outras meninas do bairro. E isso somente porque a moça andava com três garotos.

Até de piranha chegavam a chamar a garota, pois diziam que menina que andava com rapazes, ficava mal falada e era vista como rapariga.

Cecília estava esgotada daquilo. E às vezes simplesmente pensava em juntar as suas coisas, pedir carona por aí e se mandar para bem longe.

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