Brigas de casal

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Uma semana após o aniversário de Julie, ela e as irmãs começaram a investigar o passado dos pais, começaram por procurar algo no quarto dos pais, mas nada que pudesse ser uma pista a ser seguida.

Julie: O próximo lugar que devemos procurar é o escritório.

Viviane: A Ju tem razão, acho que o lugar mais indicado para procurarmos agora é no escritório.

Alba: Não podemos, o papai passa muito tempo trancado lá quando está em casa.

Julie: E que tal se formos até lá durante a madrugada?

Viviane: Impossível, o papai trabalha de madrugada e quando saí tranca o escritório e leva a chave com ele.

Alba: Irmãs, por favor, já chega disso, é uma loucura tentarmos encontrar algo que justifique as brigas dos nossos pais, algo que talvez nem exista, talvez sejam só brigas de casal, coisa normal.

Julie: Você disse que quando era pequena ouviu o papai brigando com a mamãe como se a estivesse culpando de algo.

Alba: Talvez eu tenha me enganado, afinal eu era só uma criança.

Viviane: Tenho que dar razão a Alba, isso não foi uma boa ideia.

Julie: Eu não vou parar, se vocês duas querem dar pra trás o problema é de vocês, mas eu vou em frente com a investigação. (Se retira brava, esbarrando nas irmãs de propósito).

Quando ia descendo as escadas, Julie se deparou com a mãe que falou com ela, mesmo assim a jovem abaixou a cabeça e saiu sem dizer uma só palavra, Lucero que ia subindo as escadas desceu e olhou para porta sem entender nada e Fernando que ia entrando na sala se aproximou.

Fernando: O que houve com ela?

Lucero: Não sei, nos encontramos na escada, mas ela saiu sem nem olhar pra mim.

Fernando: Com certeza você deve ter feito algo.

Lucero: Agora a culpa é minha? Por que você tem que colocar a culpa de tudo sempre em mim?

Fernando: PORQUE ME DÁ VONTADE E EU SOU O HOMEM DA CASA, O QUE EU DIGO É LEI. (Grita).

Lucero: MAS EU NÃO SOU CULPADA DE NADA, TUDO DE RUIM QUE ACONTECE OU QUALQUER BOBAGEM QUE PASSA VOCÊ ME CULPA, ESTOU CANSADA DISSO, FERNANDO. (Segura as lágrimas). Vamos abaixar a voz, pois as nossas filhas podem ouvir.

Fernando: CALA ESSA BOCA. (Dá um tapa na cara dela fazendo-a virar o rosto).

Lucero: Você me deu um tapa. (Coloca a mão no local do tapa).

Fernando: Foi merecido.

Viviane: O senhor fez mesmo o que eu vi? (Desce as escadas incrédula).

Fernando: Eu... (É interrompido pela filha mais velha).

Alba: O senhor bateu na mamãe e ela nem fez nada que justifique esse tapa.

Fernando: Ela me deve respeito.

Alba: Mas quem gritou primeiro foi o senhor.

Viviane: E nós ouvimos o senhor culpando a mamãe pelo jeito como a Ju saiu.

Fernando: Não vou discutir com vocês. (Coloca o paletó e se retira).

Lucero: Não liguem para o pai de vocês, ele só anda muito estressado por causa do trabalho.

Viviane: Então o papai está sempre estressado.

Alba: Nos machuca as brigas entre vocês e o jeito como o papai trata a senhora.

Lucero: Eu sei e sinto muito que vocês vejam essas cenas. (Diz enquanto é abraçada pelas filhas).

Viviane: Mãe, cadê a Ju?

Lucero: Ela saiu e eu não tenho nem ideia de para onde ela foi.

Viviane: Eu vou atrás dela, ela não deve ter ido longe.

Alba: Está bem, eu ficarei com a mamãe.

Viviane saiu para procurar a irmã, enquanto que Alba ficou com a mãe, as duas foram para o jardim e ao sentarem em um banco que ficava de baixo de uma árvore, Lucero olhava para filha com um olhar triste.

Alba: Mãe, quer me contar a razão do meu pai ser tão duro com a senhora?

Lucero: Seu pai e eu sempre nos amamos muito, nos conhecemos quando eu tinha oito anos e ele era poucos anos mais velho, ele dizia que quando eu completasse dezoito anos ele me pediria em casamento e nos casaríamos e assim aconteceu, logo eu fiquei grávida e tudo mudou quando... (Sente os olhos marejarem).

Alba: O que houve? Foi o meu nascimento que fez tudo mudar?

Lucero: Não, claro que não, seu pai sempre foi doido por você, lembro que no dia que você nasceu eu estava sozinha em casa e dirigi até o hospital, quando cheguei lá eu liguei para o seu pai avisando que ia dar a luz, o Fernando correu mais de dez quarteirões para chegar ao hospital e te ver nascer, pois naquele tempo não tínhamos vários carros e nem o dinheiro, como hoje, quando você nasceu o Fernando ficou babando por você, mesmo estando ofegante de tanto correr.

Alba: Então o que aconteceu?

Lucero: Nada, olvidalo, mi amor.

Alba: A senhora sabe que meu namoro está ficando cada vez mais sério e que o meu namorado logo virá pedir minha mão em casamento e quando eu me casar vou morar com o meu marido, não estarei mais presente todos os dias para Vivi e para Ju, elas precisam ver que nossos pais estão bem.

Lucero: O seu pai já não me ama mais e por mais que eu queira salvar o nosso casamento, se ele não quer, não sei por quanto tempo ficaremos juntos. (Olhos marejados).

Alba: Por que a senhora não ora? Quando comecei a ir na igreja foi tão bom, me senti bem e lá eu conheci o amor da minha vida com quem quero construir uma família e sei que será um projeto das mãos de Deus.

Lucero: Tem razão, vou começar a orar.

6/5/21

Julie Vale

Un corazón enamoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora