Por você eu daria a vida

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Julie estava dividida, nunca passou por sua cabeça que poderia ter duas mães, Silvia era sua mãe biológica, a que lhe deu a vida e que sofreu sem tê-la ao lado, já Lucero, era sua mãe de criação e a que estaria disposta a dar a vida por ela.

Lucero: Tem um minuto para essa mãe de coração ferido?

Julie: O que quer? (Pergunta deitada na cama de braços cruzados).

Lucero: Só vim te trazer uma coisa. (Entrega um dvd para filha).

Julie: Um dvd? Porque está me dando isso?

Lucero: Assista o conteúdo desse dvd  e depois me procure. (Se retira segurando suas lágrimas).

Julie pegou seu notebook e colocou o dvd no mesmo, então começou a assistir atentamente, era um vídeo de quando ela tinha dois anos mais ou menos, Lucero brincava com ela na pracinha, mas de repente aquela criança indefesa correu para rua em um descuido da mãe, quando Lucero se deu conta correu para proteger a filha, quando do nada um carro apareceu em alta velocidade e freou já em cima de Lucero e da filha, sem pensar duas vezes ela protegeu sua menina e sofreu o impacto, Fernando que esqueceu de desligar a câmera enquanto corria filmou tudo, assim que terminou de assistir o vídeo a jovem correu até o quarto da mãe com os olhos marejados.

Julie: A senhora me salvou quando eu era apenas uma menininha. (Olhos marejados).

Lucero: Sim e mesmo agora que você não me chama mais de mamãe, eu faria tudo de novo, só para não te perder, meu amorzinho. (Olhos marejados).

Julie: O que aconteceu depois do fim do vídeo?

Lucero: Aquele carro tinha metais afiados no para-choque, parecidos com espinhos, os mesmos com o impacto se cravaram em minhas costas, seu pai entrou em desespero e eu mesmo querendo gritar de dor me controlei porque não queria assustar a minha garotinha.

Julie: O que aconteceu depois?

Lucero: Seu pai me levou depressa para o hospital e pediu para Alba te buscar, passei por uma cirurgia, pois estava muito machucada, fiquei em estado grave na UTI e só pensava em voltar para as minhas filhas.

Julie: Por favor, prossiga.

Lucero: Passei um bom tempo na UTI e quando fui encaminhada para o quarto sentia dores terríveis e não podia encostar as costas na cama, mesmo assim só pensava em como você estava depois do acidente, quando finalmente liberaram seu pai para entrar e me ver perguntei a ele sobre você...

Julie: E qual foi a resposta dele?

Lucero: Que desde o dia do acidente você chorava e chamava por mim, a minha garotinha me amava e sentia minha falta. (Olhos marejados).

Julie: Sua garotinha ainda te ama e foi uma cabeça dura ao te rejeitar por uma descoberta tão sem importância se comparada ao amor que a sua filha tem pela senhora. (Abraça a mãe). Me perdoa, por favor. (Derrama algumas lágrimas).

Lucero: Te perdoo, por você eu daria a vida, minha garotinha, minha filhinha. (Corresponde o abraço). Não vou te pressionar para que volte a me chamar de mãe, sei que no seu tempo você voltará a me ver como mãe.

Julie: A senhora é a minha figura materna, quem me criou desde bebê e me amou quando a minha mãe Silvia não teve condição de fazer isso, mamãe. (Acaricia o rosto dela).

Lucero: Que bom que você voltou a me amar como sua mãe. (Sorri). Obrigada, Senhor.

Julie: Nunca deixei de amar, só estava magoada porque a senhora e o papai me esconderam a verdade, mas já passou e eu jamais poderia ficar magoada por muito tempo, pois vocês me amaram, me criaram e como verdadeiros pais tiveram medo de me perder quando a minha mãe biológica apareceu.

Lucero: Sabe o que eu disse pro seu pai quando te peguei no colo pela primeira vez?

Julie: Não, o que?

Lucero: Que você era o nosso presente, o bebê que não conseguimos ter depois de várias tentativas, eu tinha trinta e poucos anos na época, a Alba já era uma mocinha e a Vivi estava quase se tornando mocinha também e com o vazio que tínhamos por não ter o Alejandro tentamos muito ter um novo bebê, mas quando tentamos por um ano e nada procuramos um médico e ele nos revelou que eu havia me tornado estéril.

Julie: Está errada em uma coisa.

Lucero: Errada?

Julie: O presente foi a senhora, o meu presente, quem acolheu um bebezinho indefeso que iria parar em um orfanato porque a mãe biológica teve depressão pós-parto.

Lucero: Assim eu vou chorar de novo.

Julie: Que seja um choro de alegria, pois choro de dor e tristeza nunca mais.

Lucero: E é de alegria. (Seca suas lágrimas).

Julie: Mudando de assunto, cadê o papai?

Lucero: Decidiu procurar sua irmã.

Julie: De verdade? Só espero que ele não magoe ainda mais a minha irmã.

Lucero: Ele não pode e não vai fazer isso, pois sabe que apesar da Vivi ter errado ela vai dar um neto pra gente.

Julie: Vai ser um menino, eu sinto isso e acho que o papai também sente.

Lucero: Só espero que ele se desfaça dessa máscara de durão e reconheça que ama a Vivi.

Julie: Também espero.

Fase de escrita 30/5 e 31/5/21

Julie Vale 

Un corazón enamoradoOnde histórias criam vida. Descubra agora