1-Camila Stevens

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-Tu vens comigo sua putinha-o meu pai agarrou nos meus longos cabelos ruivos e arrastou-me até ao seu carro.

-Por favor...-supliquei-não o faças.

-Pensasses nisso antes de matares a tua própria mãe-ele gritou bem na minha cara e empurrou-me para dentro do carro.

-Eu não a matei-gritei histérica quando o vi entrar no carro, trancar o mesmo e dar partida para aquele sítio que eu mais temia, eu e toda a gente daquela cidade.

Estremeci só de pensar no que poderia existir dentro daquela imensidão de luxúria misteriosa.

O carro seguiu em alta velocidade pela cidade até entrar num caminho rodeado de árvores de um lado e do outro. De repente senti um estranho frio percorrer todo o meu corpo e encolhi-me toda no banco.

-Por favor...-supliquei mais uma vez-sabes que eu assim não me conseguirei defender-ambos olhámos para a pulseira no meu pulso.

-Só espero que eles tratem muito mal de ti-ele deu um meio sorriso-vais morrer sozinha e indefesa tal como mereces-ele parou o carro bruscamente em frente a uma grande mansão.

Aquela mansão não era assustadora, ela era linda por sinal. Parecia a casa de uma verdadeira princesa, mas o problema estava em QUEM morava dentro dela, mais propriamente a FAMÍLIA que morava lá.

Voltei a olhar para a pulseira no meu pulso e engoli em seco. Aquela pulseira bloqueava todos os meus poderes de bruxa e eu por muito que quisesse tirá-la não conseguia porque era uma pulseira especial, só quem me colocara a pulseira é que me poderia tirá-la ou então uma bruxa muito poderosa o poderia fazer.

É, eu sou uma bruxa, tal como a minha mãe era. A minha mãe, Ana, era uma bruxa e casou-se com um humano, o meu pai Albert, mas morreu quando eu nasci. Ela morreu a dar à luz e até hoje o meu pai culpa-me pela sua morte.
O meu pai decidiu me entregar à família de lobos mais temível da nossa cidade. Ninguém pronuncia o nome daquela família tão temida pelos cidadãos, mas eles são conhecidos pela Família Morelli,a família de lobos mais antiga da cidade e por consequência do mundo inteiro.

Todos os temem por causa da sua antiga reputação sanguinária, devido às guerras em que eles participaram e sempre ganharam. Os homens daquela família são reconhecidos por serem muito sérios, austeros, cruéis e que maltratam as suas mulheres. Já as mulheres são conhecidas por não se defenderem dos seus maridos e serem submissas a eles mesmo que isso lhes custe a vida, às vezes.

Não me consigo imaginar nesse mundo egoísta e cruel como o deles. Não quero ser a próxima refeição deles, tal como o meu pai quer que aconteça, ele está desejoso que justiça seja feita por algo que eu nem culpa tenho.

-Anda...-o meu pai puxou-me para fora do carro e arrastou-me até ao grande alpendre da entrada daquela mansão.

Ele tocou à campainha e logo uma senhora baixinha com os seus cabelos pretos e de olhos castanhos apareceu no nosso campo de visão.

-Bom dia-ela sorriu amigável-em que posso aju...

Ela nem tempo teve de terminar a sua pergunta, pois aquele homem ao meu lado invadiu a casa arrastando-me com ele.

-Ordeno que o dono da casa se apresente imediatamente perante mim-ele cuspiu as palavras com pressa de me largar ali mesmo.

-E a quem devo as honras?-ouvimos uma voz grossa atrás de nós.

Viramos para aquela voz e apareceu um homem com os seus cinquenta anos à nossa frente.

Engoli em seco.

Aquele mesmo homem fez sinal para a senhora que nos abriu a porta se retirar e ela assim o fez.

-Venho entregar-lhes esta oferenda-ele empurrou-me para a frente e eu tropecei nos meus próprios pés caindo mesmo em frente àquele homem poderoso-nem para caminhar serves, impressionante-o meu pai falou diretamente para mim.

Senti as minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Era mesmo assim que ele iria acabar com a minha vida? Eu só tenho 17 anos apenas. Eu não mereço isto.

-Não estou a perceber-aquele homem à minha frente falou.

-Venho aqui entregar esta assassina em troca do vosso dinheiro-o meu pai cruzou os braços à espera.

-Para um humano como tu, estás muito determinado e confiante de que conseguirás obter alguma coisa de nós-aquele homem levantou uma sobrancelha.

Vi o meu pai rir em deboche e, então, olhar para a minha pulseira.

-Ela é uma bruxa-ele puxou-me para que eu me levantasse do chão e mostrou o meu pulso com a pulseira bloqueadora.

O homem à nossa frente ficou com os olhos pretos e mostrou as suas presas. Senti todo o meu corpo congelar ao mesmo tempo que as minhas lágrimas quentes desciam pelo meu rosto.

Aquele homem deu um passo à frente na minha direção, mas antes que ele fizesse alguma coisa uma voz atrás dele fez com que ele voltasse à sua sanidade mental normal.

-Alfonso...-uma mulher de cabelos pretos colocou uma mão por cima do seu ombro e olhou para mim de alto a baixo-eu resolvo isto.

A mulher colocou-se ao lado do senhor que pelo o que eu percebi se chama Alfonso e olhou para mim e para o meu pai.

-A que devo esta visita?-ela olhou mais uma vez para mim.

O meu pai voltou a repetir tudo o que ele dissera ao senhor Alfonso e sorriu no final do seu discurso com a maior cara de pau.

-O senhor só pode estar a brincar com toda esta situação, não é?-ela olhou para ele incrédula-mas que raio de pai é você?

-Ela não é minha filha-ele encolheu os ombros como se aquilo fosse a maior verdade da vida dele.

Funguei quando mais lágrimas resolveram descer pelo meu rosto.

Senti uma mão pegar na minha mão com a pulseira e olhar para a mesma. Ela olhou para o senhor Alfonso atrás dela ao qual ele fez sinal de Não e ela logo olhou para mim.

Eu vou morrer!?

-Quanto quer por ela?-ouvimos outra voz atrás daqueles dois senhores e eu sustive a respiração assim que vi aquela aparição de Deus.

Ele era muito lindo. Ele era alto, moreno de olhos castanhos e uma ótima estatura física.

(...)

Após o meu pai e aquele Deus lindo tratarem de todas as contas, ele foi embora sem olhar para trás como se nem se importasse com a filha que acabara de deixar para trás.

-Filho...-aquela senhora colocou a mão no ombro do mais novo e os dois olharam um para o outro e depois olharam para mim-espero que tenhas a certeza do que estás e vais fazer.

-Eu tenho a plena certeza do que vou fazer-ele olhou para mim e sorriu de lado examinando todo o meu corpo fazendo-me arrepiar.

A mulher aproximou-se de mim e suspirou olhando nos meus olhos.

-Como te chamas?-ela esperou por uma resposta minha e eu ainda pensei em mentir sobre quem eu era, mas do que isso serviria? Eu ía morrer mesmo assim.

-Stevens, Camila Stevens-baixei a cabeça.

-És uma Stevens-ela assentiu cordialmente-inofensiva-olhou para o filho atrás de si.

-São todas iguais-ele encolheu os ombros.

-O que me vão fazer?-olhei para os dois que também me olharam.

-Nada de que te devas preocupar-o mais novo falou saindo do meu campo de visão.

Camila e o MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora