Camila e o Monstro

25-Camila Stevens

Estava agora a tomar o pequeno almoço quando Bernardo se sentou à mesa para tomar o seu pequeno almoço também.

Ele está estranho desde ontem, ele nem parecia o mesmo homem querido e simpático da tarde de ontem. Ele tratara-me tão bem e durante a madrugada ele foi tão rude e grosso comigo que chegou a magoar-me um pouco.

Ele nem bom dia me deu hoje de manhã, mas talvez seja algo haver com o trabalho que tenha corrido mal depois de eu sair ontem da empresa.

-Menina Camila?-saí dos meus pensamentos quando Anita se aproximou de mim-desculpe estar a interromper o seu pequeno almoço, mas chegou uma correspondência para si.

-Uma correspondência?-fiquei curiosa e surpreendida ao mesmo tempo-deixe comigo Anita, muito obrigada.

-Com licença-ela entregou-me um envelope e retirou-se logo a seguir.

Eu não conhecia ninguém e não tinha nada em meu nome para receber alguma carta, mas mesmo assim fiquei contente e empolgada, por isso abri ali mesmo. Assim que tirei o que estava dentro daquele envelope e vi uma e outra e outra fotografia o meu sorriso morreu na hora. Senti algumas lágrimas descerem no meu rosto com aquilo que eu estava a ver ali nas minhas mãos.

-O que se passa?-Bernardo perguntou.

Levantei os meus olhos até ao seu rosto e senti uma enorme raiva por ele me ter feito uma coisa destas. Tudo bem que aquilo que nós tínhamos não passava de um simples contrato, mas era seu dever respeitar-me.

-Tu és um nojento-olhei bem nos seus olhos.

-Mas tu estás a passar-te ou quê? O que te deu para falares assim comigo?-ele levantou-se totalmente chateado.

-Eu falo contigo como eu quiser seu idiota-levantei-me gritando com ele-tu não prestas e nunca prestarás. És um falso, manipulador e traidor. Não mereces as pessoas boas que tens ao teu lado.

-O que é que estás para aí a dizer?-ele franziu a testa.

-Acabarás sozinho, sem ninguém e é assim que uma pessoa como tu deve ficar...sozinho-falei tudo o que estava preso na minha garganta-foi por isso que chegaste de madrugada? Porque andaste a foder com todas as mulheres que te apareceram à frente?

-O quê?-ele olhou confuso para mim.

-És um porco-atirei aquele envelope com as fotografias para cima da mesa e saí daquela casa o mais depressa possível.

Faziam algumas horas que eu já estava aqui sentada a ver as ondas do mar baterem e arrebentarem na areia. Sentia-me tão sozinha e perdida neste mundo que só me apetecia desaparecer para sempre.

Como é que ele foi capaz de me fazer uma coisa destas?

Nós estamos noivos e ele passou a noite a dormir com outras mulheres.

Limpei mais algumas lágrimas que resolveram cair pelo meu rosto e respirei fundo.

-Queria tanto que aqui estivesses-olhei para o céu deixando cair mais lágrimas.

Eu estava tão cansada de me sentir sozinha, queria um ombro maternal onde encostar a cabeça e chorar tudo o que podia.

Saí dos meus pensamentos quando senti um movimento ao meu lado, mas não me movi, eu já sabia quem estava ali. Eu conhecia demasiado bem aquele perfume para saber que era Bernardo quem estava ali.

Ele sentou-se ao meu lado e olhou o mar também. Ficamos ali durante alguns minutos até ele decidir tocar naquele maldito assunto.

-Desculpa-foram as suas palavras.