Dor, dor e mais dor era só o que eu conseguia sentir naquele momento.
Sentia os meus olhos tão pesados que mal conseguia abri-los de tão cansada que estava todo o meu corpo.
Aos poucos fui abrindo os meus olhos muito devagar, a minha visão estava turva, mas aos poucos foi-se habituando à claridade daquele quarto e tudo à minha volta ganhou um novo foco.
Senti uma mão pegar na minha e outra acariciar a minha bochecha e do jeito tão delicado que era o seu toque só podia ser uma única pessoa que eu bem conhecia e admirava.
-Ally...-falei quase sem forças.
-Eu estou aqui meu amor-senti a sua voz chorosa e, então, comecei a chorar também.
Olhei nos seus olhos e ela sorriu entre o choro.
-Não te vou perguntar como estás...-ela olhou para mim-mas sei que vais ficar bem brevemente.
-O meu filho....eles...eles...-tentei falar, mas o choro veio como uma avalanche.
-Hey calma...-ela limpou a minha cara-o bebé está ótimo e de perfeita saúde minha querida-ela sorriu entre lágrimas-ele já foi visto pelos enfermeiros, já fez análises e exames e está ótimo. Os enfermeiros já o limparam e já o trazem para os teus braços, sim?
-Prometes que ele está bem?-chorei.
-Eu prometo Mimi-ela assentiu-só acho que ele está com um pouquinho de fome-ambas rimos-agora descansa mais um pouquinho por favor.
-Fica comigo por favor...não quero ficar sozinha...
-Claro-Ally ajeitou-se ao meu lado na cama e agarrou na minha mão enquanto eu encostava a cabeça no seu peito-eu não vou sair daqui Mimi.
E só me lembro de ter adormecido no seu colo.
(...)
-Mimi?-acordei quando ouvi a voz doce de Ally me chamar.
Abri os meus olhos e Alicia ajudou-me a sentar encostada às almofadas.
-Tenho uma surpresa para ti-ela sorriu beijando a minha testa.
-Uma surpresa?-olhei para ela curiosa-o que é?
-Podem entrar-Alicia falou e eu logo olhei para a porta do quarto que estava encostada.
Assim que levantei a minha cabeça, as minhas lágrimas contidas até agora resolveram descer pelo meu rosto. Pela porta do quarto entrou Bernardo e eu sorri, mas sorri ainda mais quando notei que nos seus braços estava um pequeno serzinho adormecido.
Senti mais lágrimas rolarem pelo meu rosto assim que Bernardo parou ao meu lado e beijou os meus lábios seguidos da minha testa.
Em silêncio Ben colocou o nosso filho nos meus braços e eu só sabia sorrir e chorar ao mesmo tempo de tanta felicidade que eu sentia por finalmente conseguir ter o meu menino nos meus braços.
A última vez que me lembro de o ver foi quando o meu pai e Mário me levaram para a casa onde eu e o meu pai moravamos antes de eu ir para casa dos Morelli. Lembro-me perfeitamente de entrar em trabalho de parto e por mais que eu fizesse força para que o meu filho não nascesse naquela situação, eu não consegui aguentar por muito tempo, pois as águas já tinham arrebentado e eu tinha a dilatação praticamente toda, então tive de trazer o meu filho ao mundo.
As últimas lembranças que eu tinha era de eu estar sozinha naquele quarto e gritar de dor enquanto fazia força para que o meu filho nascesse e poucos minutos depois eu tinha um lindo bebé nos braços. Sorria e chorava de alegria e medo ao ver o meu menino ali tão pequenino e indefeso. Tirei o meu casaco e embrulhei o seu corpo no mesmo beijando a sua testa quando senti todo o meu corpo dormente e fraco.
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Camila e o Monstro
FantasyCamila Stevens, tinha apenas 17 anos quando a sua vida mudou completamente. Uma menina dócil, bonita, paciente e tolerante. Ela era uma menina cheia de garra e determinação, mas a vida decidiu pregar-lhe uma partida à qual ela não estava preparada. ...