Senti um ambiente muito pesado entre Camila e Mário assim que me aproximei de ambos, mas Camila logo tratou de sair dali.
-A que devo esta tua visita Mário?-perguntei assim que entrámos na biblioteca.
Sentei-me na cadeira por trás da minha mesa e olhei para ele que se sentara na cadeira em frente.
-Só queria confirmar se os boatos que rondam pela cidade são verdadeiros-ele encolheu os ombros.
-Que boatos?-olhei confuso.
-Os boatos sobre o teu casamento com a bruxa-ele revirou os olhos.
-O nome dela é Camila.
-Ou isso-ele falou sem dar muita importância.
-Agora que já confirmaste já podes ir embora-falei já me levantando da cadeira, mas Mário fez com que eu parasse assim que ouvi as suas palavras.
-Se não conseguires lidar com a bruxa, podes sempre falar comigo e eu darei um jeito de...
-O que estás a querer dizer?-olhei para ele.
-O que eu estou a tentar dizer é que quando te cansares da bruxa, podes falar comigo e eu pago bem para a ter-ele levantou-se e ficou de frente para mim-dou um bom dinheiro por ela...
-A Camila é minha noiva e não está à venda-peguei na gola da sua camisa e olhei bem nos seus olhos-ela não é nenhum objeto para venda.
-Oh vá lá Bernardo-Mário tirou a minha mão da sua gola e riu irónico-nunca gostaste de bruxas, sempre as quiseste matar e fazer barbaridades com elas e agora vens com essa história de casamento com uma? Por favor, né? É uma bruxa inútil-ele revirou os olhos.
-É melhor saíres agora-fechei os meus punhos ao lado do meu corpo.
-És um fraco Bernardo-ele falou sério-cais sempre em tudo o que te dizem.
-Se eu me vou casar ou não com a Camila, foi porque assim teve de ser Mário-bufei-não tens nada haver com o que eu faço.
-Por acaso até tenho-ele pensou-se não te casasses eu seria o Alfa desta alcateia e podes ter a certeza que eu te expulsaria a ti e à tua estúpida família e com a bruxa eu vendia o seu corpo, de certeza que ganharia muito dinheiro, principalmente com uma bruxa tão inexperiente como a Camila-ele enfatizou o seu nome e eu não me segurei.
Parti para cima dele e bati-lhe com tanta força eu tinha. Soquei o seu nariz vendo o estrago que fiz ao ver toda aquela cor vermelha sair do mesmo. Quem ele pensa que é para vir aqui, na minha própria casa e ameaçar a minha família e a Camila? Estúpido.
Não vou deixar que esse idiota ganhe o meu lugar de Alfa e que magoe a minha família, antes que isso aconteça ele terá de passar por mim primeiro.
-Bernardo?-senti alguém me agarrar e me puxar para trás e quando olhei para trás de mim lá estava Camila me impedindo que eu continuasse.
-És mesmo um idiota por parares com toda essa violência por causa de uma mulher...uma bruxa-Mário riu levantando-se do chão.
-Vai embora Mário, já criaste demasiada confusão-Camila falou metendo-se à minha frente.
-E vais ser tu que me vais obrigar?-ele olhou para Camila com desdém e depois riu.
-Sim-ela falou dando um passo na sua direção.
Numa das mãos de Camila apareceu uma bola de fogo e Mário logo se colocou em posição de defesa.
-Eu só vou embora porque tenho coisas mais importantes do que ficar aqui com um alfa fracassado e uma bruxa inútil como vocês-ele olhou a Camila de alto abaixo e logo se retirou dali.
-Quem ele pensa que é para vir até aqui e desafiar-te com provocações?-Camila falou visivelmente chateada, as suas bochechas estavam completamente vermelhas.
Aproximei-me dela e coloquei as minhas mãos nos seus ombros.
-Está tudo bem não te preocupes-falei sorrindo um pouco, mas logo voltei à minha cara séria.
-Estás magoado-Camila tocou no meu rosto-espera aqui-ela falou e logo saiu da biblioteca a correr.
Segundos depois ela voltou com uma caixa de primeiros socorros nas mãos e eu ri com aquela sua atitude. Eu não precisava nada daquilo, eu estava quase curado, uma das vantagens de ser lobo é que nos curamos em segundos se estivermos feridos, à exceção se nos magoarmos com prata, isso pode levar-nos à morte.
-Estás a rir de quê?-ela olhou séria e logo mexeu na caixa começando a desinfetar o meu ferimento.
-Nada não-eu neguei.
Eu poderia dizer-lhe que eu não precisava daquilo mas estava a gostar de a ver toda preocupada comigo, dava uma certa piada vê-la concentrada no que estava a fazer, por isso deixei-a continuar o seu trabalho.
-Pronto, já está-ela falou guardando as coisas de volta na caixa dos primeiros socorros.
-Obrigado-agradeci mesmo não precisando daquilo.
Ela levantou a cabeça na minha direção e olhou-me com atenção.
-Quem era ele?-ela perguntou curiosa-o que ele queria? E porque vocês brigaram?
Eu sentei-me na minha cadeira e falei tudo o que acontecera e Camila ficara muito pensativa após as minhas palavras sobre o sucedido.
-Não precisavas de me defender-ela olhou nos meus olhos.
-Mas ele...
-Eu sei defender-me sozinha-ela veio à minha beira, baixou-se na minha altura e aproximou o seu rosto do meu-mas obrigada-ela beijou a minha bochecha e abraçou-me logo de seguida.
Não sabia ao certo o que fazer com aquela sua atitude, mas fiz o que me veio à cabeça naquele momento e abracei-a também.
Ela afastou-se de mim e disse algo saindo logo a seguir, mas eu não conseguira decifrar o que ela havia dito, pois os meus pensamentos ficaram presos nas atitudes que ela tivera comigo momentos antes.
(...)
Acordei no dia seguinte com um peso em cima de mim e quando abri os meus olhos observei Camila a dormir com a sua cabeça no meu ombro.
Sorri.
Aquilo era estranho para mim. Primeiro, porque nunca partilhei a minha casa nem a minha própria cama com uma mulher e segundo, porque nunca gostei de me sentir apertado enquanto dormia, mas por incrível que pareça não me estava a sentir apertado com o corpo de Camila junto ao meu.
Olhei para o seu rosto calmo e sereno enquanto dormia e sorri um pouco. Levantei a minha mão na direção do seu rosto e toquei no mesmo com cuidado para ela não acordar. Acariciei a sua bochecha e senti uma coisa estranha no meu peito.
Retirei a minha mão assim que notei que os seus olhos verdes me encaravam confusos.
-Desculpa...-prontifiquei-me a falar.
Ela saiu de perto de mim e sentou-se na beira da cama de costas para mim.
Merda.
O que é que deu em mim?
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Camila e o Monstro
FantasíaCamila Stevens, tinha apenas 17 anos quando a sua vida mudou completamente. Uma menina dócil, bonita, paciente e tolerante. Ela era uma menina cheia de garra e determinação, mas a vida decidiu pregar-lhe uma partida à qual ela não estava preparada. ...