Camila e o Monstro

38-Camila Stevens

Faziam hoje quatro meses desde que eu saíra do hospital e eu não poderia estar mais feliz por saber que tanto eu como o meu menino estamos bem.
Ontem tive uma consulta para descobrir o sexo do bebê e descobri que era um menino. Bernardo chorou na hora que o doutor anunciou, acho que Ben queria ter um menino para lhe suceder como Alfa assim que ele deixasse o cargo.

Pousei a minha mão na minha barriga de quase cinco meses já saliente. Eu não conseguia parar de acariciá-la e sorrir para a mesma. Era como um íman que me atraía até ao meu filho.

Vou admitir uma coisa: é estranha a sensação de estar grávida, não sei explicar. É como se algo dentro de nós mudasse, não sei bem o quê.
Era um misto de sensações desde a felicidade ao medo. Felicidade por estar a gerar uma vida dentro de nós e medo por algo que possa acontecer com o que é nosso.

Eu sinto que o meu menino vai ser forte, determinado e com uma pitada de teimosia igual ao pai.

Sorri.

Às vezes sinto-o a mexer dentro de mim e era estranho nos primeiros momentos, mas com o passar dos meses dava-me uma agonia se não o sentisse a mexer, eu precisava de o sentir para saber que ele estava e está ali comigo. Outras vezes falo com ele, eu necessito falar com ele e como se ele me entendesse, mexia-se.

Haviam vezes que eu acordava com Bernardo a acariciar a minha barriga enquanto falava para o nosso filho e sorria para a barriga todo bobo, o que me deixava toda derretida de amores. Às vezes eu fingia estar a dormir só para presenciar aquele momento de pai e filho por mais tempo.

Hoje era um desses muitos momentos em que Ben falava com o filho.

Eu estava na biblioteca em frente ao computador a estudar quando Bernardo apareceu e puxou uma cadeira sentando-se ao meu lado.

-Como te sentes hoje meu amor?-ele beijou os meus lábios e acariciou a minha bochecha.

-Estou cansada, mas bem-falei sorrindo.

-Tens feito esforços Camila?-ele olhou sério.

-Claro que não Bernardo-neguei.

Ele acariciou a minha barriga com uma melhor cara e beijou a mesma logo a seguir fazendo-me sorrir também.

-A minha mãe ligou a avisar que daqui a pouco passa aqui para ver como estás-beijou os meus cabelos.

Eu apenas assenti.

Alicia tem sido uma grande ajuda para mim nestes tempos. Para além de médica ela é uma boa amiga e conselheira. Tem me ajudado muito com toda a minha rotina, alimentação, pequenos exercícios para eu não me cansar muito e sobretudo falar. Nós temos falado muito sobre mim, como estou, como tenho passado e sobre o bebé, o principal motivo de conversa.

Ally é como uma mãe para mim, uma mãe que eu nunca cheguei a conhecer um dia. Ela tem me apoiado em tudo e tem sido o meu poço de sabedoria. Todas as dúvidas ou perguntas que eu tenha, ela ajuda-me a obter respostas.

-Vou terminar de estudar então-falei beijando a sua bochecha.

-Eu tenho uns assuntos da empresa para tratar ainda, por isso vou ali para a minha mesa, mas assim que a minha mãe chegar, Anita irá comunicar-nos meu bem-Ben beijou os meus lábios delicadamente.

-Obrigada-falei vendo-o sorrir-por estares aqui comigo, ao meu lado e a apoiar-me.

-Farei tudo para vos ver feliz-ele olhou para mim e depois para a minha barriga fazendo-me sorrir.

Continuei a estudar ou pelo menos era o que eu queria, pois os meus pensamentos agora ficaram presos naquele lindo e maravilhoso homem sentado na sua mesa muito concentrado em organizar todo o seu trabalho.