-Merda...-encostei-me a porta do escritório assim que entrei no mesmo.
A minha respiração ainda estava acelerada e eu ainda sentia que os meus olhos não tinham voltado ao seu azul normal. Andei de um lado para o outro pelo escritório de tão nervoso que estava.
Porque é que aquela maldita lingerie tinha de aparecer justamente ali, naquele momento? Estava tudo a correr tão bem.
Eu não sei o que se anda a passar comigo nestes últimos dias. Fico excitado com qualquer coisa, mas com qualquer coisa que esteja ligado à Camila, já não consigo estar com outra mulher, nenhuma outra me satisfaz.
Ter visto aquela lingerie da Camila deixou-me completamente louco e se eu não saísse da sua beira muito rapidamente eu não sei se me conseguiria aguentar sem saltar para cima dela e arrasta-la até à minha cama.
-Posso?-saí dos meus pensamentos quando ouvi a sua voz atrás de mim.
Continuei virado de costas para onde Camila estava, não a queria assustar.
-O que se passa Bernardo?-senti que ela se aproximou-o que aconteceu? Tu estás bem?
Eu nada disse.
Continuei ali parado na espectativa que ela desistisse e fosse embora, mas todo o meu corpo enrigeceu quando senti a sua mão no meu ombro.
-O que se passa?-ela perguntou colocando-se à minha frente.
Os seus olhos analisaram todo o meu rosto. A sua mão levantou na altura do meu rosto e tocou no mesmo.
-Porque estás assim?-ela perguntou curiosa.
Eu engoli em seco.
-Porque sou um lobo-respirei fundo.
Ela revirou os olhos rindo.
-Sim, eu sei-ela sorriu-mas porque os teus olhos mudaram de cor?
Olhei para ela por uns segundos e então respirei fundo e esperei que ela saísse dali a correr depois do que lhe iria dizer.
-Estou excitado-falei direto e a sua mão logo saiu do meu rosto.
Camila estava pensativa, perdida nos seus próprios pensamentos.
-Por causa da lingerie?-ela olhou confusa.
-Sim-assenti apenas.
-Era só uma lingerie-ela encolheu os ombros.
-Vais usá-la?-as palavras saíram-me da boca.
Ela riu.
-Talvez um dia-ela aproximou-se de mim e pegou na minha mão-é normal os homens ficarem excitados quando vêem uma peça de roupa íntima de uma mulher, mas não precisas de ficar assim, não passam de simples roupas.
Assenti mais uma vez e virei costas aproximando-me da minha mesa de trabalho do escritório.
-Já desfizeste as malas?-perguntei sem olhar para ela.
-Sim-ela respondeu colocando-se à minha frente-mas...
Sorri quando a vi fazer um pequeno biquinho.
-Mas...?-olhei para ela.
-Tenho fome-vi as suas bochechas ficarem levemente vermelhas.
Ri.
-Tudo bem-concordei-vou pedir à Anita que prepare o nosso jantar.
(...)
Estávamos a jantar quando levantei os meus olhos e observei Camila distraída a falar qualquer coisa com Anita enquanto ela a servia.
Camila era uma menina simples e isso era um pouco estranho para mim, pois todas as mulheres com quem já estive são um pouco exigentes em relação a tudo e mais alguma coisa, parece que nada as satisfaz, mas com Camila é diferente. Com Camila tudo parece mais simples, ela aceita qualquer coisa do jeito que ela é e sem exigências.
Sorri ao pensar nela.
Olhei mais uma vez para ela e observei toda a sua beleza por de trás de toda aquela timidez.
-Está tudo bem?-saí dos meus pensamentos assim que ouvi a sua voz.
-Sim, eu só estava a pensar nuns pequenos pormenores sobre o nosso casamento-disfarcei.
Ela olhou para mim um pouco triste e logo depois sorriu um pouco tentando disfarçar.
-No que pensas?-perguntou curiosa.
-Em quem devemos convidar-passei as mãos pelos meus cabelos nervoso.
Notei que Camila ficara mais triste que antes.
-De certeza que será somente a tua família-ela engoliu em seco-eu não tenho ninguém.
-E o teu pai?-olhei para ela com cuidado.
-Ele...ele não é meu pai-vi os seus olhos marejados-não tenho família Bernardo, estou sozinha no meio de uma alcateia, lembras?-os seus olhos encontraram os meus e eu assenti.
-Compreendo-assenti-já escolheste o vestido?
Vi que ela fizera cara feia com a minha pergunta.
-Ainda não-negou.
Pensei um pouco e decidi mudar de assunto.
-O que achas de a seguir vermos um filme?-perguntei-eu posso pedir para a Anita fazer umas pipocas.
-Pipocas?-ela olhou para mim sorrindo-eu aceito.
Sorri por ver que ao menos tinha conseguido arrancar um sorriso dela.
Fomos até à sala de estar e deixei-a escolher um filme da sua preferência.
-E que tal este?-ela olhou para mim.
-Parece-me bem-concordei.
Anita veio com as nossas pipocas e logo logo o filme começou a dar. Nem preciso de dizer que o filme que ela escolhera era um romance, né? Mulheres e as suas manias. Vai-se lá entender o que elas vêem nesses romancinhos clichés e sem sentido.
O filme estava praticamente no fim quando o protagonista homem pediu a sua amada protagonista também em casamento e quando olhei para o meu lado direito vi uma Camila emocionada com os seus olhos marejados com aquela cena.
Voltei a olhar para a televisão e pensei: é destas coisas que as mulheres realmente gostam? Qual a diferença que um pedido de casamento faz? Não é a mesma coisa?
-Bernardo?-saí dos meus pensamentos com a voz de Camila ao meu lado.
-Sim?-olhei para ela.
-O filme já acabou-ela levantou-se do sofá-vou dormir.
Olhei para a televisão e depois voltei a olhar para ela.
-Gostaste do final do filme?-perguntei.
-Estás a brincar, certo?-ela ficou empolgada-eu amei o final. Ele pediu-a em casamento e foi o pedido de casamento mais bonito que eu já assisti em toda a minha vida-sorri de a ver sorrir enquanto falava entusiasmada-todo o cuidado e carinho com que ele preparou todos os pormenores para o pedido-ela pensou em algo e depois voltou a olhar para mim-o sonho de qualquer mulher-ela viajou mais um pouco pelos seus pensamentos-bem, agora tenho de ir dormir, estou cansada. Até amanhã, boa noite.
Ela falou e logo subiu as escadas até ao que seria o NOSSO quarto a partir de agora.
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Camila e o Monstro
Viễn tưởngCamila Stevens, tinha apenas 17 anos quando a sua vida mudou completamente. Uma menina dócil, bonita, paciente e tolerante. Ela era uma menina cheia de garra e determinação, mas a vida decidiu pregar-lhe uma partida à qual ela não estava preparada. ...