17-Camila Stevens

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-Eu odeio a minha vida-sentei-me na areia em frente ao mar-odeio odeio odeio-falei totalmemte chateada-porque não posso ter uma vida normal como qualquer adolescente da minha idade?-senti as minhas lágrimas descerem pelo meu rosto.

Era tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo que só agora é que eu caí em mim de tudo o que se passava.

Encolhi as minhas pernas e apoiei os meus braços nas mesmas, pousei a cabeça nos meus braços e deixei que as minhas lágrimas caíssem livremente.

Não sei quantas horas estive ali, mas o sol já se estava a pôr naquele momento. Só queria ficar ali a ver o mar para o resto da minha vida, se é que eu tinha alguma.

Gostava de ser livre como as ondas do mar, livre como o vento ou o sol. Só não queria ser...eu.

Acho que o meu depósito de lágrimas já estava vazio, pois já não conseguia chorar mais.

Levantei-me da areia e suspirei. Deixei a minha mala cair na areia e comecei por tirar a minha camisola e de seguida tirei as minhas sapatilhas e as calças. Deixei a minha roupa junta à minha mala e caminhei na direção do mar.

Entrei e mergulhei de cabeça sem me importar se a água estava gelada ou não. Eu só precisava de um banho de água fria para refrescar as minhas ideias.
Ao fim de alguns mergulhos voltei a sair da água e vesti as minhas roupas, calcei os meus sapatos e coloquei a minha mala no ombro. Não me importei se estava toda molhada, mas era daquilo que eu precisava naquele momento. Saí da areia e peguei um táxi até casa, a praia ainda ficava longe para ir a pé até casa.

Assim que cheguei e abri a porta de entrada senti-me muito observada por toda aquela família. Estavam todos a olhar para mim preocupados como se tivesse acontecido alguma coisa.

Fiquei confusa.

-Está tudo bem?-olhei para todos.

-Pensamos que te tinha acontecido alguma coisa querida-Ally falou preocupada.

-Tu estás bem-Bia abraçou-me com uma cara mais aliviada.

-Eu estou bem-tentei um sorriso-só precisei de apanhar ar.

Olhei para os três por muito que eu gostasse daquela família, eu não conseguia ficar feliz naquele momento.

-Eu preciso de descansar-falei respirando fundo.

Passei pelos três e subi até ao meu quarto. Precisava de tomar um longo e relaxante banho para colocar as ideias no lugar, se é que isso é possível.

Depois do banho tomado fui até à varanda do meu quarto e sentei-me num pequeno sofá que lá havia e olhei para o horizonte à minha frente.

Porquê que a minha vida tinha de ser assim tão complicada? Porquê que depois de um pesadelo vinha sempre outro pesadelo? Porque as coisas não acalmavam e me deixavam viver uma vida mais plena e tranquila? Aff...

-Como estás?-saí dos meus pensamentos assim que vi Alicia se sentar ao meu lado.

Eu apenas encolhi os ombros e voltei a olhar para o horizonte.

-Olha...-Ally fez uma pausa quando tirou algo do bolso do seu casaco-eu não sei se este é o melhor momento, mas eu sei que posso confiar em ti e que és uma boa menina-olhei para ela que pensava nas suas próprias palavras enquanto falava-e por isso eu queria dar-te isto, visto que vais ser a próxima Luna da alcateia.

Olhei para as mãos de Alicia assim que a vi tirar uma pequena caixinha do seu bolso. Peguei e abri a mesma deparando-me com um anel de pequeninos diamantes. Ele era lindo.

Arregalei os olhos assim que vi aquele pequeno e lindo anel. Voltei a olhar para uma Ally orgulhosa e sorridente à minha frente, o que me fez sorrir um pouco.

-Eu não posso aceitar-abanei a cabeça negando.

-Porquê?-ela olhou confusa.

-Sabes que não é por escolha própria que irei me casar com o seu filho, mas porque fui obrigada a fazê-lo e...

-Não foste obrigada Camila-Ally falou visivelmente triste-podias ter negado e...

-Mas se eu negasse o Bernardo iria ser excluído do seu cargo de Alfa e eu iria sentir-me culpada se uma coisa dessas acontecesse por minha causa-suspirei.

-Estás tão enganada-Ally abanou a cabeça-tu aceitaste porque sentiste que devias de o aceitar.

-Como?-olhei confusa para ela.

-Com o coração-ela colocou a sua mão por cima do meu peito e sorriu-tu amas o Bernardo?

Olhei para ela completamente assustada.

Impossível amar um homem como o Bernardo.

Impossível.

-Eu sei que ele é o seu filho, mas eu nunca iria gostar dele dessa maneira-peguei nas suas mãos e olhei bem nos seus olhos-o Bernardo pode até ter um bom coração, mas ele magoou-me de maneiras insanas e que eu ainda não o consegui perdoar...nem sei se algum dia irei conseguir perdoá-lo.

-Compreendo-te perfeitamente Mimi-Ally abraçou-me e eu encostei a cabeça no seu peito abraçando-a também, eu precisava daquele abraço, de um abraço materno.

-Obrigada Ally-beijei a sua bochecha e ambas sorrimos.

-Agradece-me usando este anel-ela fez biquinho fazendo-me sorrir.

-Tudo bem-assenti.

-Serás uma ótima Luna-Ally sorriu mais satisfeita e orgulhosa-e um dia poderás passar o anel para a próxima geração, os teus filhos-ela acariciou o meu rosto.

Eu apenas olhei para ela sorrindo fraca.

(...)

Eram 18h00 da tarde quando eu resolvi sair do meu quarto e encarar a vida do outro lado da porta do mesmo.

Assim que terminei de descer as escadas vi Bernardo sair do escritório dos pais e me encarar um tanto nervoso. Ele aproximou-se de mim e respirou fundo antes de falar algo.

-Olá...-ele passou a mão pelos cabelos nervoso.

-Olá-respondi seca.

-Como estás?-ele insistiu.

-Pior seria impossível, né?-bufei revirando os olhos.

Ele nada disse, simplesmente ficou a olhar para mim durante alguns segundos antes de falar.

-Vim até aqui para te convidar a...-ele pensou nas palavras certas-a vires viver comigo e...

-Só podes estar a brincar com a minha cara-olhei chateada para ele-já não basta ter de abdicar da minha liberdade, da minha vida para casar contigo e ainda queres que vá viver contigo? Na mesma casa? Debaixo do mesmo teto? Dentro de quatro paredes?-explodi com tudo, aproximei-me dele e gritei bem na sua cara-NUNCA.

Virei costas e saí daquela casa e entrei na floresta, o que não deveria ter feito, pois aquilo trazia-me más recordações e eu também não sabia como sair dali agora.

-Merda...-praguejei comigo mesma.

Andei alguns minutos até começar a fazer um vento frio que esvoaçava os meus longos cabelos ruivos.

Porque é que eu vim para este sítio?

Merda, merda e mil vezes merda.

Mais alguns metros e encontrei uma pedra grande onde me sentei nela e apoiei a minha cabeça nos meus braços que apoiaram nas minhas pernas. Comecei a sentir algo molhado no meu rosto e percebi que eram as minhas próprias lágrimas.

Eu estava tão cansada psicologicamente que a maneira mais fácil de descarregar toda aquela energia negativa era através do choro.

Não sabia até onde aquilo iria.

Não sabia até onde eu iria aguentar.

Ou até onde eu iria resistir.

Camila e o MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora