Camila e o Monstro

60-Camila Stevens

Assim que saí da mesa, fui em direção à varanda do grande salão de baile dos Cavichiolli. Eu precisava de um pouco de ar e, também, porque sabia que Bernardo estava a ponto de se descontrolar a qualquer momento por minha causa.

E esse nem era o único problema. Eu sentia que queria Bernardo da mesma maneira que ele me queria, era uma sensação estranha, mas boa e prazerosa.

Senti alguém tocar na minha mão que estava pousada na varanda e eu sorri ao pensar que era Bernardo, mas logo o meu sorriso morreu quando me apercebi que era o Mário.

Olhei para trás na direção de Bernardo para ver se ele tinha avistado Mário, mas percebi que ele estava distraído a falar com os nossos filhos e não reparou no que acontecia e com quem eu estava.

Ao menos isso...acho eu.

-Boa noite minha Bella-Mário riu-como estás linda nesta noite de lua cheia.

-Vai embora-afastei-me dele-não achas que já criaste demasiados problemas?

-Ainda não terminei de criar problemas-ele encolheu os ombros-mas sei que quero arranjar pelo menos um último problema-ele olhou de alto abaixo para mim-e esse problema será contigo Camila Morelli.

-O que...?-tentei falar, mas ele foi mais rápido.

-Tu vens comigo-ele agarrou no meu braço com força e puxou-me para fora do salão de baile até ao jardim daquela casa.

-O que estás a fazer?-olhei assustada para ele-larga-me-tentei soltar-me.

-Minha querida Camila-ele parou e acariciou o meu rosto-a nossa noite ainda agora começou e olha só como a lua está tão linda e redondinha lá no alto-ambos olhamos para a lua.

-És um monstro-gritei.

-Fico muito lisonjeado pelo elogio minha querida-ele riu e voltou a puxar-me pelo braço.

Eu estava assustada, mas fiquei realmente assustada quando Mário foi surpreendido por Bernardo.
Mário não estava a contar com a súbita aproximação de Bernardo,principalmente quando Ben o surpreendeu com um murro bem no seu nariz e me puxou para os seus braços e me apertou no seu corpo.

-Estás bem?-Bernardo acariciou a minha bochecha preocupado.

-Agora estou-assentia-me mais segura agora que ele estava ali comigo.

-Vais arrepender-te-afastamo-nos quando ouvimos a voz de Mário.

Olhei para trás e vi o seu nariz a sangrar.

-Escolheste mal a noite para apareceres-Bernardo falou totalmente descontrolado.

-Meu caro primo-Mário riu-eu escolhi muito bem a noite-olhou para mim-se quiseres podes voltar para essa festa ridícula que eu cuido da tua querida mulher-ele riu.

Bernardo não se segurou e partiu para cima do seu primo que logo revidou sem problema algum.

Os dois estavam numa briga feia e eu não sabia o que fazer para os conseguir parar e afastar para que não se magoassem um ao outro.

Estava desesperada.

Eu sentia todo o meu corpo tremer, era como se eu estivesse a entrar em colapso também.

Acho que estou a ter um ataque de pânico.

Queria chamar por ajuda, mas a minha voz não saía e eu estava longe do salão para que alguém sequer notasse que estava ali gente.

Tudo à minha volta começou a distorcer, eu já não conseguia ver nem formar cores concretas. Tudo estava misturado e muito confuso na minha cabeça. Eu já nem sabia onde estava e nem por onde poderia ir.