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                           POV Cassie

  Vinnie saiu correndo do quarto e nem mesmo quis me ouvir, eu apenas queria ficar com ele sozinha e tentar esquecer de tudo que aconteceu.

  Estava segurando ao máximo o nó preso em minha garganta, o olhar dele era de tristeza mas podia ver que ele estava bravo e magoado.

  Ouvi a maçaneta da porta dar um click e rapidamente limpei a lágrima solitária que percorreu minha bochecha, entrou uma enfermeira alta de cabelos ondulados e sorriu sem graça.

  -- Me desculpe mas preciso de alguns documentos seu, acho que seus acompanhantes foram embora. - falou em um tom baixo.

  Senti um forte aperto no peito e aquela vontade de chorar apenas aumentou, meu pai estava desapontado comigo e Vinnie parecia ter medo de mim, engoli o nó em minha garganta outra vez e forcei um sorriso.

  -- V-você pode ligar pra uma pessoa? Ele pode trazer meus documentos. - pedi e desviei o olhar, estava envergonhada e apenas queria chorar em minha cama.

  -- Claro, qual o número? - perguntou pegando um pequeno pedaço de papel e uma caneta que estava em seu bolso.

  Ditei o número que eu lembrava e o nome dele, ela assentiu saindo dali para ligar, não conseguia acreditar que eles haviam me deixado sozinha logo em um momento como esses.

  Mas eu não podia culpá-los, eu deveria ter me previnido mais e não deveria estar sozinha naqueles corredores vazios, agora estava dando trabalho para todos.

  Tirei aquela agulha de soro de meu braço e me levantei daquela cama que já estava me dando dor nas costas, mas aquela dor nem se comparou com a que senti quando pûs os pés no chão e meu corpo todo doeu.

  Eu usava uma espécie de roupão do hospital que era de amarrar atrás, não estava completamente nua pois ainda tinha minha calcinha, pelos menos isso.

  Havia um enorme gesso em minha perna esquerda que era extremamente pesado, aquela área doía intensamente e com certeza eu tinha alguns ossos quebrados ali, peguei as duas muletas que estavam ao lado de minha cama e me levantei com cuidado.

  A cada passo que eu dava sentia que meu corpo pedia por ajuda, apenas continuei andando até já estar em um extenso corredor, ali não tinha muito movimento então não tinha perigo de encontrar com algum médico que me levasse de volta para meu quarto.

  Lembrava daquele hospital como a palma de minha mão, já perdi a conta de quantas vezes eu já estive ali quando era menor.

  Aquela porta ainda continuava enferrujada, girei a maçaneta com força e abri logo começando a subir aqueles enormes degraus.

  A cada degrau que eu subia sentia meu corpo doer mais, subir tantos lances de escada e com uma muleta e pena pesada não ajudava muito, lágrimas tomavam conta de meu rosto e soluços altos soavam fazendo com que ecoassem pela extensa escadaria.

  Finalmente consegui enxergar a porta de aço ao topo das escadas, abri a mesma e já pude sentir o vento frio se chocar contra meu rosto molhado.

   Enquanto me aproximava mais da beirada daquela incrível cobertura, sentia os pelos de meu corpo se arrepiarem pelo vento frio, me sentei em um grande bloco de concreto que tinha ali e apreciei a enorme vista da cidade iluminada.

  Aquela sensação de vazio preencheu meu peito e a fixa não parecia ter caído até o momento, eu havia perdido um filho que nem mesmo estava esperando.

  Não sabia explicar o que estava sentindo por que por mais que eu estivesse triste por perder um bebê, eu me sentia um pouco aliviada.

  Aliviada por eu não ter que me preparar psicologicamente para um filho, eu não tinha uma boa mentalidade pra isso, sem contar que eu teria que parar meus estudos e... Contar a notícia para Vinnie.

I'm not the only one - Vinnie HackerOnde histórias criam vida. Descubra agora