Capítulo*2*

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Any

Abro meus olhos ouvindo trovões...Minha garganta está seca e meu estômago ronca,não pode piorar.
Um pingo de chuva bate em meu nariz e com ele muito mais,chuva de verão...O sol ainda não nasceu,suponho ser umas seis da manhã.

A chuva fica cada vez mais forte,o homem do outro lado parece não se importar e até agradecer em uma língua estranha,suponho ser sua língua nativa...

Os soldados nos encaram com um sorriso vendo nossos sofrimentos,bando de loucos sádicos,tomara que tenham uma morte pior que a nossa,saio dos meus pensamentos sentindo as gotas  pequenas que machucam meu ombro cada vez mais..

-Vc ainda está viva..(A sua voz está mais rouca que o normal quase me assustando).

-Não vou morrer num lugar como esse!(Digo entusiasmada para sair desse muquifo)passei toda a noite tentando me desatar dessas cordas..(Graças a deus elas se afrouxaram).

-O que pensa em fazer??(Até que enfim vejo um pouco de vontade de sair daqui).

-Pensei que nunca ia perguntar..(Respiro fundo,contínuo tentando retirar minhas mãos) Pelo visto a chuva vai ficar cada vez mais forte,eles não vão sair daquela casa,(Além de serem ruins também são preguiçosos)você pega um cavalo e eu abro o portão(é quase um suicídio mais é o melhor que faremos).

-E se não der certo??(É bem possível que dê errado,mais prefiro morrer tentando do que esperar a morte sentada).

-Vc vai ser enforcado amanhã mesmo,só iremos adiantar o serviço..(Solto uma pequena risada)..

Sinto a corda ficar cada vez mais leve e solto meus pulsos sem demonstrar surpresa...(viro meu corpo tentando desamarrar suas mãos,droga de nó apertado,puxo com mais força desatando o nó).

A mesmo cede e ele ainda contínua imóvel(Os soldados entraram para suas casas,a chuva pareçe se intensificar e o local fica cada vez mais vazio).

Não vejo nenhum par de olhos nos observando,é agora..(Pego uma pistola e entrego em suas mãos,ele me olha meio assustado mais aceita e cada um vai pro seu lado)..

Corro como se não houvesse amanhã,toco o enorme portão que estava meio aberto,droga é muito pesado(Ótimo o procuro com os olhos e ele desapareceu,cadê ele??)

-Aonde pensa que vai??(Sinto algo gelado tocar o meu pescoço,e viro lentamente e vejo o homem a minha frente a me encarar...(Seus olhos negros me encaravam e sua espingarda mirava meu pescoço)Achou mesmo que ninguém estava vigiando vc??(Droga cadê o merda daquele homem???).

Ouço vários cascos batendo com força no chão,alguns cavalos correm em disparada e montado em um deles está ele (Seus longos cabelos balançavam com o vento,vestia apenas uma calça de couro e penas adornavam seu cabelo,um índio).

O homem a minha frente cai morto com um tiro no peito,o som chama a atenção dos outros,os fazendo sair de suas casas..

Ele para e oferece sua mão,agarro a mesma e subo segurando sua cintura com força,dizemos adeus a esse inferno nos vendo finalmente livres.

Ao longe tiros e uma gritaria,me viro e vejo alguns cavaleiros atrás,agarro minha 38 atirando sem rumo,vários deles caem com o impacto, meu quadril arde e sangue escorre,um tiro..

Um silêncio e ja nos vemos longe de la..(Estamos sozinhos)Cada segundo nos distanciamos mais e mais e a chuva encobre nossos rastros

Rasgo um pedaço do meu vestido e aperto contra o ferimento (Droga,não podemos parar aqui para cuidar do mesmo,tomara que isso ajude).

Ele entra em pequenas trilhas e chegamos perto do rio,árvores altas e pedras lisas marcam o leito do rio.(Meu corpo fica cada vez mais mole com a perda de sangue).

-Por favor vamos parar..(Suspiro com dor,ele vira e encara a minha perna que estava cheia de sangue)..

-droga..(Ele para e me esforço pra descer e ele me ajuda a caminhar,sento ao lado de vários arbustos,dói muito).

-Eu preciso ver essa ferida..(Suspiro,levanto minha saia até a altura da barriga deixando ninhas coxas nuas,ele da uma rápida olhada e para no furo que jorra sangue)..

Seus dedos adentram na minha pele e agarro seus ombros com tamanha a dor Ele vasculha todo o local e puxa a bala..(Suspiro de dor e encosto minha cabeça no seu ombro,ja estou sem forças)..

Ele parece amarrar uma faixa no local e abaixa meu vestido,meu corpo está mole talvez a fome e a perda de sangue,estou tão cansada,fecho meus olhos algumas vezes e caio no sono rápido.

Abro meus olhos,o sol ja esta no alto,o homem comigo está deitado ao meu lado com os olhos fechados,ele estava cansado..

Me levanto com cuidado e meu quadril logo lateja,ando até o pequeno rio e molho o meu corpo ....Esse calor está quase me matando e essa roupa não ajuda.

Ele acorda,encara os lados e para seu olhar em mim.

-Precisamos ir..(Concordo com ele indo até seu encontro).

-Para a vila mais perto??(Ele me ajuda a subir e se senta atrás de mim,posso sentir todos os seus músculos e seus braços fortes).

-Minha tribo..(Sinto um certo pavor com essa frase,algumas dessas tribos matam pessoas que entram sem sua permissão).

O cavalo põe a andar,o caminho foi bem calmo e mal conversamos ou trocamos alguma palavra...A noite ja está se erguendo e paramos perto de algumas árvores..

Procuro algo pra gente comer e encontro umas frutinhas laranjas..(Não sei se são venenosas ou não).

-A gente pode comer né??(Ele as encara e mexe a cabeça em positivo)Toma..(Entrego a maioria pra eles como uma forma de agradecimento por ter cuidado de mim pelo caminho).

A noite fria invade a vasta paisagem quente....(Ele acende uma pequena foqueira e me sento ao seu lado)....

-Vc acha que eles vão nos deixar em paz??(Sussurro e seu olhar se direciona a mim)..

-Homens brancos são comandados pelo dinheiro e poder..(Ele me encara e concordo com suas palavras)Não aqui ja é território indígena..(Ja estou no seu território).

-Ja estamos chegando??(Ele nega e encara as estrelas)..

-Ainda falta muito chão..(Encaro o fogo que dança na minha frente).

Meu machucado ja não sangra,tomara que não infeccione,aperto minha mão sobre o mesmo.

Me encosto no seu braço,ele fica meio rígido mais não parece se importar..

Ele canta aquela música novamente e sinto o sono longe..
As chamas do fogo dançam conforme a música..

-Voce é corajosa..(Ele me encara,nunca o vi sorrir,acho que ele é mais frio que pensávamos).

-obrigada pelo elogio..(Sorrio pra ele que vira o rosto com vergonha)..

-Acho que não poderei durmi essa noite..(Sussurro e ele parece concordar)Como foi parar lá??(Me sento numa posição um pouco mais confortável).

-Sou um índio...Isso ja é motivo..(Sinto a necessidade de confortalo)E voce??(Seguro a vontade de sair correndo com esta pergunta).

-Sou uma ladra..(Sorrio e ele parece não acreditar)Ja deve ter ouvido falar por aqueles nojentos que estavam atrás de mim..(Digo com um certo nojo).

Um pássaro corta o céu e para num tronco a nossa frente..(Uma linda coruja negra,seus olhos tinhas estrelas de tão brilhantes e intensos)..

-Oq..(Ele faz um sinal de silêncio)..

A ave nos olha e sai voando de volta pro meio da mata..

-São os grandes espíritos da montanha...(Ele explica)Eles mostram o caminho certo..(As estrelas brilham com intensidade).

O sono me vençeu ...Acabei durmindo ao seu lado,minha cabeça em seu ombro.

Mesmo durmindo pude ouvir a coruja e piando,o frio da noite foi trocado por um calor do contato homano.

-Índia Branca-Onde histórias criam vida. Descubra agora