Capítulo 26

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28 de Março de 2019
Quinta-feira

—Eu mal consigo acreditar que seus pais fizeram isso com você. — Lisa acariciou o cabelo de Lucas, que estava cabisbaixo — Mas eu tenho certeza de que é apenas uma fase. Depois eles vão começar a aceitar mais facilmente, eu tenho certeza.

Lucas suspirou.

—Não acho que seja tão fácil assim. — Ele encostou a cabeça no ombro de Gabriel, que o abraçou, dando um beijo em sua cabeça.

—É tão legal ver vocês dois assim agora, assumidos. — Disse Pedro, sorrindo — É meio estranho, mas estranhamente fofo.

—Eu tô muito feliz que a gente agora pode finalmente ser felizes juntos. — Disse Gabriel, sorrindo.

—Não é tão fácil assim, Gabriel. Meus pais não querem que a gente namore. Minha mãe até ameaçou me tirar da escola.

—É, mas eles não podem impedir a gente de namorar. Eles não vão conseguir, não se preocupe. — Ele ergueu o queixo de Lucas, esfregando o nariz no dele — Relaxa, amor. O nosso amor vai vencer.

—Eu ainda tô perplexa com a sua mãe, Gabriel. — Disse Natália, de braços cruzados — Como assim, ela é bi também? Do nada isso?

Gabriel deu de ombros, sorrindo.

—Eu fiquei surpreso também. Mas agora refletindo, faz todo o sentido. Ela e uma amiga dela eram super próximas, viviam cochichando juntas...e a minha mãe tem jeito de bi.

—O que seria jeito de bi? — Perguntou Lisa.

—Ah, sei lá... é estranho explicar, mas ela parece mesmo bi. Me sinto idiota por nunca ter percebido.

—Eu queria que minha mãe fosse que nem a sua. — Lucas franziu os lábios — E não esse monstro homofóbico.

—Eu tenho certeza de que isso vai melhorar, Luquinhas. — Lisa pegou em sua mão — Me dói tanto ver você assim, e eu não posso fazer nada...

—Quer ir lá pra casa hoje? A gente pode ficar jogando pra distrair sua cabeça. — Sugeriu Pedro, animado.

—Minha mãe me proibiu de sair, tirou meu celular e meu computador. — Lucas bufou — Eu estou oficialmente no inferno.

Apesar disso, Lucas não podia deixar de ser grato pelo fato de seus amigos terem aceitado eles bem. Lisa e Pedro estavam mais próximos dele, o tratando com todo o carinho e respeito, e de quebra ele ainda tinha seu namorado, cujo ele podia beijar agora sem ter que se esconder de ninguém. Só Natália e Carlos pareciam meio estranhos, quietos demais. Como se ainda estivessem assimilando a informação.

—Bora lá pra casa. Sua mãe não pode te impedir de sair. — Sugeriu Gabriel.

—Pra ela aparecer lá e me arrastar? Deus me livre. Você conhece a minha mãe, ela é maluca!

—Então...vocês dois agora vão ser assumidos mesmo, tipo, pra todo mundo? — Questionou Natália.

Lucas e Gabriel se entreolharam, sorrindo.

—O pior já passou. Agora não tem pra quê esconder. — Falou Gabriel, dando de ombros.

—É, cara, mas as pessoas podem não gostar disso. E se começarem a falar mal de vocês? Da gente? — Perguntou Carlos.

—Que se danem. — Lucas deu um beijo no rosto de Gabriel — Que falem. Tô nem aí.

Ele percebeu que duas garotas estavam encarando os dois de longe, sorrindo enquanto cochichavam entre si. Que se danasse. Poderiam falar, poderiam espalhar. Ele agora havia saído do armário e não voltaria para lá nunca mais.

O céu é um lugar da terra (Livro 1) - João Marcelo SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora