Capítulo 58

13 1 0
                                    

25 de Abril de 2019
Quinta-feira

Quando Catarina estava terminando de lavar a louça seu marido a abraçou por trás, dando-lhe um beijo na nuca. Ela sorriu.

—Tô morta de cansada. Eu quero me deitar, quero estirar minhas pernas, ligar aquele ventilador e ficar relaxada. Já basta de tanto estresse que eu tô tendo ultimamente.

—Poxa meu amor, eu ia te chamar pra gente sair agora de noite. — Ele disse, sorrindo — O que acha da gente sair pra tomar umas? Só nós dois, pra que a gente possa se distrair e conversar sobre algumas coisas. Sabe, sem o Lucas, só nós dois.

Ela riu, balançando a cabeça.

—Tá achando que a gente tem a idade dele, é, Zé? A gente tá velho. Passamos da fase de encher a cara.

—Vamos, você tá muito tensa esses dias. — Ele começou a fazer massagem em seus ombros — Você precisa se distrair, beber, se divertir. Vamos, eu insisto. Você veste sua melhor roupa, eu visto a minha melhor roupa e a gente sai pra distrair os pensamentos.

—Ah, cê tá ficando louco, Zé. — Ela o encarou, pondo a mão na cintura — Olha pro meu estado. Eu tô acabada. Cê acha mesmo que eu tô no humor de sair pra beber com você?

—Vamos, Catarina. Eu insisto. Quando foi a última vez que a gente saiu pra beber, só nós dois? A gente só sabe trabalhar, cuidar da casa, cuidar do nosso filho...vamos. — Ele a abraçou, sorrindo.

Ela sorriu, fechando os olhos e o beijando.

—Tá, pode ser. Deixa eu só terminar de lavar essa louça que a gente vai. Satisfeito?

✭✭✭

Os dois estavam sentados perto do balcão de um bar, rindo alto, enquanto bebiam juntos. Catarina havia soltado seus cabelos cacheados, e usava um vestido vermelho justo, enquanto José usava uma camisa polo azul.

—Eu me lembro desse dia! — Ela exclamou, gargalhando — Você foi até a minha casa descalço pra pedir a minha mão pros meus pais. Eles acharam que você era um bêbado, ou algum morador de rua!

—E eu tava mesmo bêbado naquele dia.  — Ele riu, bebericando mais um pouco — Eu tinha bebido pra criar coragem de ir pedir a sua mão, mas eles foram bem difíceis. Mas diz aí, eu tinha estilo, não tinha?

—Tinha sim. — Ela sorriu, acariciando seu rosto — Até hoje tem. Só que tá mais acabado. Assim como eu. — Ela deu mais um gole na bebida — Estamos velhos, Zé. Ficamos ultrapassados. Viramos pais, donos de casa. A vida deu uma rasteira na gente.

—Que é isso, Catarina. A gente tá ótimo. Olha pra você, tá toda radiante, toda moça! — Ele sorriu — Até o Lucas concordou!

—Ele só disse isso pra me fazer sentir melhor, porque faz anos que eu não sou gostosa. — Ela encarou a bebida.

—Você continua gostosa. Olha o seu corpo! Magrinha, os peitos ainda tão firmes. A bunda tá meio caidinha, mas de resto, você ainda é maravilhosa.

—Para, eu tô cheia de estrias. — Ela deu mais um gole — Fiquei velha, fiquei ultrapassada. Mas olha, eu era linda quando tinha a idade do Lucas, sabia? Você lembra de mim naquela época? Eu era tão bonitona...era super disputada pelos meninos da minha sala. Todos eles tentavam me namorar.

—E eu era um desses meninos. Uma pena que não éramos da mesma sala, senão eu só ia ficar te olhando e nunca teria me formado. — Ele riu, dando um gole — O Lucas me lembra muito você. Ele puxou a você. Ele é tipo, a sua versão feminina.

O céu é um lugar da terra (Livro 1) - João Marcelo SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora