Capítulo 67

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Mais cedo naquele dia...

Ao ouvir a campainha da casa tocar, Marília pensou que fosse a mãe voltando para dizer que se esqueceu de alguma coisa. Mas ao ver que era Gabriel, ela piscou, surpresa.

—Nossa, agora gosta de aparecer sem avisar, é? — Ela colocou uma mão na cintura, sorrindo, se afastando pra ele entrar — Entra. Eu fico até feliz que tenha vindo, a minha mãe viajou e só volta amanhã de tarde. Tô sozinha nessa casa por mais de 24 horas, e isso é meio solitário...

Gabriel entrou, franzindo os lábios. Ele se virou pra ela.

—Marília, papo reto agora. Eu preciso que você seja sincera comigo. Preciso que mande a real, porque eu odeio viver nesse suspense.

Marília respirou fundo, fechando a porta. Ela o encarou, cruzando os braços.

—O que foi? — Ela engoliu em seco.

—Eu preciso te fazer uma pergunta. — Ele deu uma pausa — E preciso que me conte a verdade. Não importa o quão ruim ela seja, não importa o quanto vá doer em mim, você precisa me contar. Precisa ser sincera comigo.

Ela franziu os lábios.

—Beleza. O que foi?

Gabriel respirou fundo.

—Aconteceu alguma coisa entre o Felipe e o Lucas no parque?

Ela não respondeu. Ele continuou:

—Tipo...algum olhar diferente? Alguma conversa que deu a entender que eles dois têm algo a mais que apenas amizade? Algum sinal de que algo estava errado?

Ela desviou o olhar.

—Se tiver acontecido alguma coisa, não seria melhor fingir que não aconteceu?

Ele piscou.

—Como?

O lábio dela tremeu.

—Não é da minha conta o que acontece entre vocês, Gabriel. Eu cansei de me meter nessa relação. Eu pisei na bola, fiz merda, agora eu só quero paz com vocês. Não quero ser a pessoa que vá possivelmente destruir o relacionamento de vocês dois pra sempre.

Ele tocou na mão dela, fazendo seu coração acelerar.

—Não é sua culpa se eu e o Lucas brigarmos. A culpa é dele se tiver feito alguma coisa errada. — Ele a encarou — Por favor, me responde. Se você realmente me ama, como você sempre disse que amava, me responde: aconteceu algo entre os dois naquele parque?

Ela engoliu em seco de novo, o encarando. Ficaram em silêncio por uns segundos, até que ela tomou coragem pra falar:

—Aconteceu. Feliz?

Ele deu um passo pra trás, a encarando. Ela notou um semblante de tristeza no rosto dele. Ele coçou a cabeça.

—O que...aconteceu? O que aconteceu exatamente?

—Eles se beijaram. — Ela sentiu a boca ficar seca — Eu vi os dois se beijando.

Ele a encarou em silêncio. Agora que havia respondido, ela sentiu que precisava dar mais explicações:

—Eles tinham ido ao banheiro juntos, e depois eu fui comprar pipoca. Quando eu tava na fila, vi os dois se agarrando do lado de fora do banheiro. Eu voltei e menti dizendo que não consegui comprar a pipoca, e inventei que estava cansada pra ir embora. Foi isso o que aconteceu.

Mais silêncio. Gabriel fechou os olhos, cambaleando de leve. Ele passou a mão no rosto, sem a encarar.

—Obrigado por me responder. — Ele disse, olhando pro chão. Ele suspirou.

O céu é um lugar da terra (Livro 1) - João Marcelo SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora