O céu é um lugar da terra (Livro 1) - João Marcelo Santos

Capítulo 10

17 de Março de 2019
Domingo

Na tarde de domingo, Gabriel estava concentrado, estudando para as provas de matemática e química que aconteceriam no dia seguinte, quando sua mãe bateu a porta.

—Pode entrar.

Ela colocou o rosto entre a fresta, sorrindo.

—Querido, o Lucas chegou.

Gabriel piscou, pego de surpresa. Lucas apareceu na porta do quarto, sorrindo. Ele trazia consigo a mochila.

—E aí, cara?

—Vou fazer um lanche pra vocês dois. — Disse a mãe, fechando a porta.

Gabriel sorriu, confuso.

—Lucas? O que cê tá fazendo aqui, maluco?

—Vim estudar com você, não posso? — Ele sorriu, sentando na cama, tirando a mochila das costas — Tava um saco estudar sozinho, então eu vim estudar com você.

Gabriel balançou a cabeça, ainda sorrindo.

—Seu doido. Sabe que não vamos conseguir nos controlar, né?

—Fale por você, porque eu vou conseguir me conter. — Ele piscou pra ele — Vem estudar aqui na cama, trás o notebook.

Gabriel deu de ombros, suspirando. Ele foi até a cama, levando o caderno e o livro, e depois levou o notebook.

—Podia pelo menos ter me avisado que estava vindo, né?

—Pra quê? Nós sempre aparecemos na casa um do outro sem avisar.

Aquilo era realmente verdade. Eles faziam isso desde o início da pré-adolescência.

Minutos depois, a mãe de Gabriel apareceu com dois sanduíches e copos com guaraná dentro.

—Pra aliviar o estresse dos estudos. — Ela sorriu, deixando em cima da mesa — Qualquer coisa vocês podem me chamar, já sabem.

—Tá bom, fecha a porta, mãe.

Ela fechou a porta, e Lucas olhou pra ele.

—Sua mãe tá cada dia mais bonita. É impressionante.

—Eu não acho, ela tá normal.

—Tá brincando? Sua mãe, cada dia que passa, fica cada vez mais nova. É impressionante.

—Veio aqui pra tarar minha mãe? — Gabriel arqueou a sobrancelha, fazendo Lucas rir.

Então eles começaram a estudar, permanecendo sempre grudados um no outro. Gabriel tinha consciência de cada centímetro do corpo que tocava o de Lucas. Os cotovelos. As pernas. Ele observava o rosto lindo de Lucas, seus olhos pretos atentos na vídeo aula. Ele realmente precisava prestar atenção nos estudos, então desviou o olhar e voltou a estudar.

Cerca de uma hora depois, a mãe de Gabriel bateu novamente na porta.

—Meninos, eu tô indo no supermercado. Querem que eu traga algo pra vocês?

—Trás um Doritos, Jéssica. — Pediu Lucas. Ele já conhecia sua mãe há tanto tempo que a chamava pelo primeiro nome.

—Doritos, certo...e você, querido?

—Hã...uma Ruffles.

—Certo. Mais alguma coisa?

—Uma fanta laranja pros dois! — Exclamou Lucas.

—Tá, já volto.

Assim que a porta da frente foi fechada, Gabriel pousou o caderno do lado. Lucas olhou pra ele, e Gabriel deu um beijo surpresa nele, que piscou, confuso.