O céu é um lugar da terra (Livro 1) - João Marcelo Santos

Capítulo 47

16 de Abril de 2019
Terça-feira

—Eu tô realmente muito feliz que vocês dois estão juntos de novo. — A mãe de Gabriel disse, enquanto colocava os pratos de almoço dos dois na mesa — Eu tava falando pro Gabriel recentemente sobre isso, que você ia voltar, que ia perdoá-lo. A conexão de vocês dois é muito forte, não poderia se quebrar por causa de uma vadiazinha qualquer.

Gabriel franziu os lábios. Agora que ele era amigo de Marília, era meio desconfortável ouvir alguém a chamando de vadia. Lucas sorriu.

—Eu acho que nossa conexão é realmente muito forte. — Lucas apertou a mão dele — Não quero que nada mais nos separe.

—Bom, agora menos conversa e mais comida. — Ela sorriu — Bom, tô indo de volta pro trampo, mas fiquem com Deus. Tem bebida na despensa caso vocês dois queiram, viu?

Gabriel pensou em como sua mãe era realmente muito legal. Ela deu um beijo na cabeça dos dois e foi embora, enquanto eles começaram a comer.

—Você realmente está de boas com o fato de eu ser amigo da Marília, está? — Perguntou Gabriel.

Lucas esperou engolir a garfada.

—Uhum. Quer dizer, ela foi legal juntando a gente. Eu ainda acho que ela é afim de você, mas fazer o quê?

—Ela é afim de mim. — Gabriel confirmou, dando outra garfada — Mas não se preocupa. Eu só tenho olhos pra você.

Lucas sorriu, beijando sua mão, e de repente, Gabriel se sentiu culpado. Culpado porque aquilo não era bem verdade. Quando seu relacionamento com Gabriel terminou, ele havia tentado ficar com Marília duas vezes. Ele realmente pensara que seria uma boa ideia se os dois ficassem juntos, mas ela havia rejeitado-o. Ele não poderia falar sobre isso com Lucas, afinal, eles estavam começando a se dar bem.

Gabriel olhou pro lado e percebeu que Lucas sorria enquanto lia uma mensagem no whatsapp. Gabriel ergueu o olhar e viu o nome "Felipe". Ele conseguiu ler as mensagens:

Felipe: teve uma gatinha que apareceu aqui no bar, dai lembra aquele cara homofóbico que tentou te bater? ele tava aqui de novo. Dai ele foi tentar alisar a gata e ela arranhou ele todinho.

Lucas começou a digitar.

Lucas: karma is a bitch

—Não me lembro de você ter me dito que quase foi agredido. — Disse Gabriel, dando outra garfada na comida.

—Tá me observando? — Lucas fez uma careta.

—Um pouco.

Lucas sorriu, desligando a tela do celular.

—Foi no bar dele. Eu tava lá, daí eu bebi horrores com ele uma mistura chamada "submarino", daí um terceiro cara apareceu e quis ficar com o Felipe. Eles ficaram, daí um cara xingou eles. Pra provocar, eu fui lá e dei um beijo triplo neles.

—Daí esse cara partiu pra cima de vocês?

—Pra cima de mim. Ele me jogou no chão, mas o pai do Felipe me defendeu. Ele parece ser um cara legal.

Lucas levou a comida até a boca, e Gabriel ficou pensativo. Aquela história o deixava meio enciumado, por mais que ele tentasse se convencer de que estava tudo bem. Afinal, eles não estavam namorando quando aquilo ocorrera.

—Você precisa ter cuidado. — Respondeu ele — Tem cara aí que é babaca. Teve uma vez, antes de eu me assumir pra tu, que um cara tentou partir pra cima de mim. E estávamos numa boate LGBT.

—Eu tava tão bêbado naquele dia... — Lucas balançou a cabeça, voltando a comer.

—Falando em bebida, que tal se a gente abrisse as bebidas que minha mãe comprou e ficássemos bêbados juntos?  — Gabriel sorriu, pondo a mão na perna dele — Aí podemos dar uns amassos, e se você não fosse tão fresco, poderíamos transar loucamente.