Capítulo 56

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—Diretor, foi ele quem começou! — Exclamou Carlos, na defensiva — Ele partiu pra cima de mim sem eu ter feito nada!

Gabriel soltou um riso de escárnio. Ele cruzou os braços, o encarando.

—Sem ter feito nada?

—Eu só estava comentando com meus amigos sobre o vídeo, cara! — Ele encarou Gabriel com uma cara de santo — Eu tava falando sobre o que tinha acontecido, e você partiu pra cima de mim! Eu fiquei sem entender nada, e naturalmente tive que me defender, né, diretor?

—Ele tá mentindo! — Disse Gabriel, perplexo com as palavras que estava ouvindo — Ele estava rindo de mim! Tava debochando de mim, e ainda confessou que filmou a gente! Foi ele quem espalhou o nosso vídeo, diretor. Tudo o que está acontecendo é culpa dele!

—Eu jamais seria capaz de filmar aquilo, Gabriel! — Carlos falava num tom de espanto — Deus, eu jamais filmaria o meu melhor amigo! Você me conhece, sabe que eu não sou de fazer esse tipo de coisa!

Gabriel abriu a boca, em choque. Ele encarou Lucas.

—Cê tá ouvindo isso? Esse cara tá fingindo que é inocente! Dá pra acreditar num cara desse? Fala pro diretor, Lucas. Você tava lá! Você viu ele rindo da gente, viu quando ele confirmou ter nos filmado!

—É verdade, diretor. — Lucas engoliu em seco — Ele tava rindo da gente, tava debochando. Disse que a gente queria chamar atenção, e disse que era só um videozinho. O amigo dele disse que ele deveria fazer outro vídeo daqueles.

—Lucas? — Carlos piscou, levando a mão ao peito — Até você tá nessa? Pra quê mentir, cara? Eu fui o primeiro a aceitar vocês quando vocês se assumiram! Vocês sabem que têm todo o meu apoio! Eu jamais faria tal barbaridade!

—Você foi o primeiro a virar as costas quando a gente se assumiu! — Chiou Gabriel — Você debandou, mal fala mais com a gente! Pode perguntar pros meus amigos, diretor, eles vão confirmar o que estamos dizendo. O Carlos é culpado pelo que fez, ele só tá se fingindo de bonzinho!

—Já basta. Eu já entendi o que está acontecendo. — O diretor retirou os óculos, cruzando os dedos debaixo do pescoço — Carlos, pode ir. Está liberado. Vocês dois ficam comigo.

Lucas e Gabriel se encararam, incrédulos, enquanto Carlos deu um sorriso.

—Obrigado, diretor. — Ele disse, se levantando.

—Mas isso é um absurdo. O senhor vai deixar ele sair impune e nós não? — Perguntou Gabriel.

—Cale a boca, Gabriel. Feche a porta, Carlos, por favor.

Ao passar, ele fechou a porta, então o diretor pôs os óculos novamente, se inclinando na direção deles.

—Eu quero entender por qual motivo vocês acharam que o nosso banheiro era um motel ou coisa parecida. Nosso banheiro serve pros demais alunos realizarem suas necessidades, não pra fazer sexo. Vocês estavam importunando um local público.

Lucas desviou o olhar, envergonhado. Gabriel piscou.

—Diretor, pelo amor de Deus...o senhor conhece a gente, sabe que somos bem comportados. Aquilo que aconteceu foi...foi uma coisa feita no calor do momento! Não tivemos nenhuma intenção ruim, eu juro! 

—As pessoas que cometem erros raramente cometem com a intenção de serem ruins. A maioria dos erros é cometido na melhor das intenções. Isso não anula a gravidade do erro. — Ele suspirou — Eu vou ligar para os seus responsáveis, e teremos uma conversa bem séria com eles. Vocês não saem da escola até resolvermos isso com eles.

O céu é um lugar da terra (Livro 1) - João Marcelo SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora