Capítulo 21

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Mais tarde naquele dia, Lucas estava andando de um lado pro outro no quarto de Gabriel.

—Eu ainda não sei como você consegue inventar essas mentiras tão rápido. Você deve ter se formado em mentir, não é possível!

—Dá licença? As minhas mentiras sempre salvam a nossa pele! Se não fosse pelas minhas mentiras, nosso namoro teria sido descoberto há muito tempo!

—Eu não gosto de mentir pras pessoas, você sabe disso. — Lucas cruzou os braços — Pra você pode ser natural ficar inventando várias mentiras, mas pra mim não é.

—Dá pra você se acalmar? É um plano que vai dar certo, se você seguir ele à risca! Só falta a Vê chegar aqui pra gente acertar tudo com ela...

—E, pra piorar tudo, eu tenho que namorar a sua prima vadia que perdeu a virgindade com você! — Ele bufou.

—Ela não é uma vadia! — Gabriel disse, se sentindo protetor com ela — Ela é muito legal, não fala assim da Vê.

—Pra começo de conversa, ela não é tipo, cinco anos mais velha que a gente?

—Dois anos mais velha que eu, três anos mais velha que você, Lucas. Deixa de exagero.

—Muito tempo.

—O que você sugere que façamos então? Que nós assumamos o nosso namoro pra eles, e corremos o risco de sofrer homofobia? Eu não quero sofrer homofobia, Lucas.

—Nem eu. — Ele suspirou.

—Então pra isso precisamos manter nosso namoro em segredo, Lucas. Ou vão tratar a gente que nem merda. Ser LGBT é muito legal, é muito divertido e gostoso, mas vem com a homofobia no pacote.

—Não sei porque você está tão amedrontado. Sua mãe é super de boas com essas questões. Ela mesma tem amigos gays.

—Não estou pronto pra contar pra ela ainda. — Ele cruzou os braços — Por acaso você está pronto pra contar pra sua mãe?

Lucas engoliu em seco.

—Não.

—Então fica quieto e vamos seguir com a farsa. — Eles ouviram a campainha tocar — Deve ser ela. Vamos lá.

Eles foram até a porta, e ao abrirem, deram de cara com Verônica. Ela tinha cabelos castanhos ondulados, que iam até as costas. Ela usava uma roupa muito chique para alguém que estava sem trabalhar. Era um casaco azul grande e uma calça apertada, e uma blusa preta. Ela estava toda maquiada. Ela sorriu ao ver o primo.

—BIELZINHO! — Ela abraçou ele apertadamente — QUE SAUDADE QUE EU TAVA DE VOCÊ! Meu Deus, faz mais de um ano que a gente não se vê!

—Da última vez que você veio pra Sampa você nem veio me ver! — Reclamou ele, sorrindo.

—É que eu andei ocupadinha. — Ela olhou para Lucas — Oi, prazer, me chamo Verônica, mas pode me chamar só de Vê. É a letra mais bonita do alfabeto.

—Prazer, Verônica. — Ele deu um sorriso falso, apertando sua mão.

—Eu sou prima dele, e eu não sei se você conhece a história, mas nós perdemos a virgindade juntos na praia...

—Ah, eu tô sabendo bem dessa história. — Ele sorriu, dando um olhar desesperado pra Gabriel.

—Pode entrar, minha mãe não tá em casa. — Gabriel fechou a porta.

Ela fez uma cara maliciosa.

—Hum...sua mãe não tá em casa, e tem dois garotos aqui, um deles sendo você...que por sinal, tá bem mais gostoso do que da última vez que eu te vi. Tá malhando? Meu Deus, o tempo só te valoriza!

O céu é um lugar da terra (Livro 1) - João Marcelo SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora