23. Um dia livre

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 Observei Max saindo em passos lentos, apesar de desejar sua presa. Fiquei viajando no local e suas infinitas armas. Assim que sua sombra sumiu no corredor, voei para colocar minhas roupas "normais" e deixar as que eu usava delicadamente guardadas.

Tempo depois, corri no fim da escuridão dos corredores do castelo, esperando que não acordasse ninguém ou quebrasse algo, apesar dos guardas e funcionários me observarem. Assim que abri as portas do meu quarto a luz do Sol que atravessou as cortinas me surpreendeu.

— Custava esperar alguns minutos?

Suspirei e sentei-me na poltrona para retirar os sapatos. Não queria usar minha magia para iluminar melhor o local, estava em completo cansaço, minhas mãos estavam enfaixadas e doloridas. Apoiei a cabeça no recosto da poltrona, era mais confortável que minha cama na casa do papai. Senti saudades. O que ele está achando da minha vitória na Valsun? Ele está se cuidando? Acredito que sim, sempre passei a maior parte do dia fora de casa lutando, caçando comida, estudando...

— Perdão, minha Dama, bom dia — disse uma funcionária, asas azuis, que nunca havia visto, entrando e fazendo reverência. — Trouxe sua comida da manhã, onde quer que eu a coloque?

Ela estava com uma bandeja de ouro cheia de leves comidas nas mãos, parecia pesada pela forma que ela carregava, apesar de sua incrível postura.

— Tudo bem. Bom dia. Aqui, por favor — disse apontando para a pequena mesa na minha frente.

Ela colocou, fez reverência e saiu. Admirei o fato de, tão cedo, ela, os outros funcionários e os cozinheiros se dedicarem tanto para uma simples atitude no meu dia. No castelo de Max, sempre buscávamos uma forma de estar unidos, mesmo no almoço ou jantar. Sentia saudades disso também, mas estávamos crescendo, não éramos mais o sobrinho do rei, futuros guardas reais, um meio-fada aprendendo a ler pensamentos ou uma fada descobrindo seus limites, éramos o príncipe, o guarda real, a rainha das sereias, o sábio meio-fada e a Dama do Fogo.

— Minha Dama, bom dia! — disse Viôla entrando, disfarçando um pequeno susto com minhas mãos.

— Bom dia, quais os planos de hoje? — disse após engolir a comida.

— Não sei os planos, apenas as roupas para a ocasião que escolher e um encontro com o príncipe nas masmorras.

— Como? — disse quase engasgando.

— A Dama do Ar me informou que a Rainha permitiu sua liberdade dentro do castelo.

— Tão de repente? E tão cedo? O que houve?

— Não deveria ser de meu conhecimento, mas o príncipe falou pessoalmente com a Rainha Obsidiana. Alguns disseram que ele a encontrou no escritório.

Max havia pedido para a própria rainha para que eu finalmente ficasse livre e pudesse ver Nihil e botasse meus planos em prática. Eu estava tão feliz! Em vista do que as outras Damas me contaram, eu não conhecia nada do castelo mágico.

— O que acha de bolos? Biscoitos? Conhece o Nihil? Não sei do que ele gosta — perguntei, olhando para minha bandeja de comida.

Dampfnudeln, que é um tipo de pão alemão, com geleia, mas já está tudo sendo preparado.

— Uau! Você é a melhor funcionária de todas! — disse indo em sua direção — Peça para que preparem algo com isso, coisas saudáveis e o que mais você descobrir que ele gosta. Max, quero dizer, o príncipe disse algo sobre quando encontrá-lo?

— Ele irá encontrá-la agora, ele disse que pela manhã era o melhor horário.

— O que? Ele é louco? Não teremos tempo de fazer as comidas!

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