8. Reino de Akanke

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Nossos sapatos e camisas estavam na areia enquanto nossos esforços se concentravam em nadar, nadar e nadar. O sangue que estava secando em meu corpo agora se dissolvia na água. O mar não estava tão calmo para uma manhã ensolarada. Com tamanha agitação, o sono não nos visitava.

— Max! Sky pediu para chamarmos alguém, você lembra? — Anthone gritava, mais pela força que fazia para nadar do que pela distância entre nós.

— Amélia? — sugeri sentindo que a areia que estava abaixo de nós se distanciava cada vez mais e pensava em como Scarletty faria, afinal, ela não sabia nadar.

— Mélia! — ele olhou para trás e percebeu algo que o deixou mais agitado — Max! Nade rápido!

Ao olhar para trás notei dois homens fadas vindo em nossa direção, estendendo suas asas ainda na areia, e prontos para nos arrancarem do mar. Com mil pensamentos voltados pra Scaretty, fiz o oposto do que Anthone ordenou, parei e observei se ela estava bem. Tão rápido quanto as ondas, Scarletty voou e praticamente enterrou um dos homens próximos dela na areia, que revidou com fogo.

— Mélia! Mélia! — Anthone gritava — Max, continue! — eu fingia não escutar, então ele colocou as mãos no meu ouvido e puxou minha cabeça para perto — Você pode ser o príncipe, mas agora você obedece às minhas ordens, se você ficar parado, a luta da Sky vai ser por nada, então continue a nadar!

Olhei fixamente para seus olhos com raiva, então, olhei para o lado com a intenção de ver onde Scarletty estava, entretanto, me deparei com um dos fadas descendo para nos pegar.

— Abaixa! — gritei assustado e em seguida prendi a respiração. Por sorte, Anthone fez o mesmo e não nos pegaram. Conseguíamos abrir o olho embaixo da água, então observamos por poucos segundos até o momento que Anthone sinalizou para subirmos.

Assim que saímos escutei um grito agudo, de Scarletty provavelmente, fechei os olhos, me virei para a linha do horizonte e retornei a abri-los, tinha que nadar. Os fadas voavam alto e Anthone permanecia gritando pelo nome de Mélia enquanto enfrentávamos ondas um pouco mais altas, comecei a duvidar de sua existência.

— NÃO! — gritei sendo suspenso por um dos fadas, me senti um peixe que foi pescado, de fato, uma sensação ridícula.

— Max! Mélia! Mélia! — Anthone gritava olhando para cima estendendo os braços e retornando para o fundo do mar para que o outro não o pegasse. Senti que os gritos para Mélia foram para Scarletty.

Ele prendia meus braços como uma corda firme, não adiantava lutar contra, mas, em um pequeno vacilo, ele me jogou para o alto a fim de brincar comigo, então aproveitei a oportunidade e retirei da calça a espada que, de alguma forma, consegui prender para nadar. Sabia, ou talvez nem tenha pensado nisso, que se o atingisse cairia metros de altura. Ainda que ele tenha conseguido desviar, cortei um pedaço de sua asa, bem no canto, deixando-o desequilibrado e forçando o outro a ajudá-lo.

Caí por poucos metros gritando alto, tentei me colocar em uma posição que ao menos me ajudasse a cair na água sem doer tanto, por mais improvável que isso fosse acontecer. Pensamentos rápidos em minha mente lembraram-me de minha mãe e meu pai, porém logo sumiram quando, magicamente, uma espécie de galho me segurou. Apesar de deixar minha barriga dolorida por um instante, não soltei minha espada. Olhei para os lados e notei que eles vinham do fundo do mar, logo imaginei que era Scarletty, então olhei para o outro lado a fim de vê-la. Ela lutava lançando golpes e magia em três fadas que a cercavam em cima do oceano. Eles pareciam mais cansados do que ela, porém, tentavam acertá-la com suas armas. Assim como me salvou, outros galhos esverdeados saíram do mar para ajudá-la, enquanto os que me envolviam, devolviam-me ao mar.

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