9. Entre o mar e a terra

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Kira me falava muitas vezes sobre a incrível beleza de seu reino Akanke, assim como reclamava sobre seus afazeres de rainha, mas era algo além de minha imaginação. A diversidade de características nas sereias e tritões era lindo de se ver, seus rostos continham uma beleza única, as luzes coloridas que irradiavam deles e de cada ponto do reino eram fantásticas.

Passávamos em cima de uma passarela aparentemente centralizada no reino, de fato não tocávamos nela, mas, apesar disso, ela estava lá nos dando uma belíssima recepção e nos levando ao lugar no qual por muito tempo desejei conhecer: o palácio de Akanke. Muitos nos observavam, falavam uns com os outros, aplaudiam ou acenavam, muitas reações que, em meio a tamanha beleza das construções e dos seres, Kira gentilmente respondia com sorrisos e acenos.

— Isso somente ela poderá te informar — Mélia surgiu ao nosso lado como uma ótima observadora e respondeu à pergunta de Max. Era incrível como os traços de Mélia traziam suavidade às cores de sua cauda e cabelo, concordaria com Max em dizer que ela poderia ser a rainha.

Max se calou diante da resposta e distanciou-se levemente para conversar com Anthone, era tão estranho vê-los sem roupas humanas e com aquelas belas e coloridas caudas. Mélia ainda nos vigiava, então prossegui pela passarela observando Kira. Apesar de ser a Rainha, aparentava humildade em suas vestes e além disso a incrível transformação, as pontas de seus cabelos castanhos, cacheados e volumosos ficou um tom vívido de azul como seus olhos, o que acentuava sua fina cintura. Confesso que no instante fiquei envergonhada, não possuía o corpo de uma rainha ou uma garota da realeza e nunca havia usado esses tipos de blusa tão curtas. Sem querer notei o corpo de Max e Anthone, bem formados por sinal, mas apesar de lutar tantos anos eu não era tão perfeita assim. Tantos seres me observavam caminhando naquela passarela me fez abraçar meu próprio corpo para esconder minha cintura, o que, para eles, era algo completamente normal.

— Frio? Estamos muito no fundo, pode ser normal, principalmente para uma fada — Mélia de alguma forma tinha o hábito de falar e atuar no momento exato.

— Sim, frio — balbuciei sem me importar nem ao menos com o que havia dito.

— Um instante.

Mélia nadava rápido como vento, rapidamente trouxe um casaco, que pegou com um guarda, de algas verdes e roxas, formando uma bela e curta cauda por trás de mim, além disso possuía detalhes de conchas rosas que davam um leve toque delicado. Ela vestiu-me com o casaco, então retirou de trás dele um conjunto de algas que passava na minha frente formando uma alça e por fim fechou-o na manga direita. De fato, ficou mais quentinho.

— Obrigada! — agradeci.

Quanto mais próximo chegávamos ao Castelo de Akanke era possível avistar mais e mais guardas. Não havia exatamente um uniforme real, mas todos eles apresentavam a mesma faixa que Anthone possuía na cauda.

— Venha Scarletty! Quero te mostrar algo. Mélia, leve os meninos aos seus aposentos — gritou Kira alguns metros acima de nós ainda gentilmente respondendo ao seu povo.

— Sim rainha! — respondeu Mélia com voz firme. Ela era alguns anos mais velha que nós, mas tinha a beleza da juventude na pele.

Nadei com um pouco de dificuldade até alcançar Kira.

— Teremos uma recepção para vocês — ela disse animada depois de falar com dois tritões —, comidas do mar, algas, pérolas e seres marinhos, tudo incluído — notei que seus olhos azuis faziam jus ao cabelo azulado nas pontas.

— Quanto tempo acha que ficaremos aqui? — era fantástico tudo e a diversão era chamativa, mas não podíamos esquecer que estávamos fugindo da luta e que haviam pessoas esperando por nós. Lembrei de meu pai, ele estava garimpando em algum lugar do lado mágico, teve que perder a festa de Max por causa do trabalho, mas enviou felicidades para ele.

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