17. A Dama

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Minha cabeça estava dolorida, as minhas mãos presas, asas fracas, roupas sujas de terra e sangue e com fome. Ao meu redor, as coisas eram mais brilhantes, tudo feito de rocha e ouro, belo e assombrado pela escuridão. Tentei levantar-me, mas uma corrente de ferro que prendia minhas mãos me puxou. Quando minha visão se acostumou, percebi que estava em uma jaula enorme e que somente aquelas correntes eram de ferro. Minhas armas não estavam comigo, então tentei esquentar o ferro, mas estava muito fraca para isso.

— Você acordou! É verdade o que disseram? — uma voz ecoou do corredor.

— Quem está falando? — me aproximei o máximo da direção da voz — Onde eu estou?

— Você está na masmorra da Rainha, não faço muitos amigos aqui...

O fogo que havia no local iluminou um garoto que se aproximou, também acorrentado, porém, por ouro. Ele estava dentro da cela da frente, se escondendo na escuridão. Tinha um cabelo preto, bagunçado, longo, era bem magro e possuía uma pele pálida. As roupas estavam sujas e rasgadas.

— O que você fez para estar aqui? — questionei sentando e aceitando facilmente o fato de estar na masmorra da Rainha, afinal, estava no castelo, onde planejava estar.

— Sou estranho como você, um meio-fada que não sabe usar seus dons. Eu fui abandonado nas ruas, fiz o possível para sobreviver até um dos guardas reais me pegar por roubar a rainha durante uma de suas aparições nas ruas.

— O que?!

— Eles me chamam de Nihil, que significa nada, sério, nada. Eles não acharam ninguém para cuidar de um garoto ladrão, agora fico aqui até ter idade para ser considerado adulto.

— Isso é estranho...

— Falou a fada acorrentada por ferro. Acho que o circo de aberrações da rainha está aumentando. Me diz, qual o seu nome?

— Scarletty Rubi — disse sem muita intenção de responder. — Você é muito ousado para uma criança em uma masmorra.

Escutamos um barulho, como um portão se abrindo. Ele rapidamente se assustou e disse:

— Agora você vai saber o motivo...

Ele se escondeu e um guarda fada, com uma tocha de madeira na mão, apareceu dizendo:

— Curve-se!

Me levantei e na escuridão surgiu a figura da rainha. Sua pele era como a bela obsidiana. Seu cabelo era ondulado e preto como seu vestido, sapatos e olhos. Suas joias, incluindo a coroa, eram delicadamente feitas de obsidiana. Era fascinante em cada detalhe. Ela se aproximou da escuridão onde estava o garoto e disse:

— Creio que conheceu o Nihil, um garoto comportado apesar das condições que vive. Antes de tudo, quero que saiba que o Rei Hadrian sabe sobre seu estado neste momento e que decidimos que você não passará de negócio. Entretanto, preciso saber se estou lidando com uma amiga ou inimiga. Se eu te soltasse pegaria a arma dos guardas e me faria de alvo bem aqui ou ficaria calma? — sua voz era calma e persuasiva, bela e perigosa, era um jogo de voz.

— Não desejo nenhum mal para minha rainha e nem para Ellarion. Porém, questiono como soube a meu respeito e os motivos de eu estar neste local — respondi firme.

— Boas palavras e bons questionamentos... Conheço você, amiga do príncipe. Sei do seu passado e agora do seu segredo com o ferro. Do passado, todos sabem de sua coragem que foi orgulhosamente anunciada por Malkiur. Do presente, por você ter piedosamente deixado aquele homem vivo na floresta. É verdade, eu comando aquela desarmonia na Valsun, mas, sem meus planos para os gnomos, a desarmonia seria maior para o povo.

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