4. Minha promessa

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Naquele dia, depois que conheci a Scarletty, minha vida mudou. Voltei para casa com os guardas e levei altas broncas de meu pai, até meu tio surgiu em meio de tanto trabalho para dizer que estava preocupado. Recebi até mesmo um leve carinho dos funcionários.

Nenhum guarda foi despedido, nem mesmo o homem do feno. Consegui omitir a verdade para todos, dizendo que havia fugido por um método secreto ou algo do tipo, mas meu pai foi o único que descobriu toda a verdade, a que nem mesmo eu sabia, era sobre a Scarletty, a única garota de minha idade que já conhecia e estava completamente fascinado, só aquelas asas vermelhas me encantavam e me faziam ver o mundo de outra forma, e meu pai me apoiou para que pudesse reencontrá-la.

Depois do meu sumiço repentino, fui visitá-la algumas vezes, até meu pai foi comigo para a casa do senhor Elmo. Eram tão divertidas às tardes em que nossos pais se davam bem e conversavam sobre histórias do passado, enquanto eu e minha pequena fada protetora brincávamos, com a magia dela, correndo pela floresta, e até mesmo com luta, e confesso que a maioria das vezes perdia ou a deixava ganhar.

Quando havia um ano que nos conhecíamos, Scarletty e eu fomos até a floresta. Era uma tarde nublada e fria, mas ela usava suas simples roupas e uma coroa de flores que fiz para ela, que, com algum tipo de magia, ela as mantinha vivas. Naquele dia fizemos a nossa promessa, como assim chamamos a invenção de Scarletty, que no final das contas, se tornou o nosso símbolo.

- Como teremos certeza de que nunca iremos esquecer um do outro? - ela perguntou.

- Só vivendo para saber.

- Mas você não acha que devíamos fazer uma espécie de promessa. Igual em histórias de cavaleiros?

- Não sei o que prometer para você - podia ter dito minha vida ou todo o meu ser, mas eu era apenas uma criança.

- Me segue.

Ela pegou minha mão e me levou até a cachoeira que ficava no meio da floresta. Lembro de quando ela não suportou e, três meses depois de nos conhecermos, me levou até lá, era simplesmente encantador. Scarletty a chamava de Dárya, mas não entrava nela, dizia ser por causa de suas asas. Mesmo não tendo sentido em seu argumento, eu não questionava. Sentamos na beira do lago formado pela cachoeira e ela disse:

- Bom, acho que não precisa de nada para fazer o juramento.

- Desde que a gente cumpra. Mas o que vamos jurar?

Ela se virou para mim, nós dois sentados na terra, segurou minhas mãos e disse:

- Repete comigo. Eu, Scarletty Rubi, juro para você Max Angellus...

- Eu Scarletty Rubi juro para você...

- Max! Não é assim, você tem que falar seu nome primeiro e jurar para mim!

- Eu já sabia.

- Deu pra ver como sabia.

- Eu, Max Angellus, juro para você Scarletty Rubi...

- Que serei fiel, leal e protegerei você...

- Que serei fiel, leal e protegerei você...

- E lutarei para que nossa amizade dure para sempre...

- E lutarei para que nossa amizade dure para sempre...

Ela pensou alguns segundos, provavelmente se perguntando se era o suficiente.

- Enquanto meu coração pulsar.

- Enquanto meu coração pulsar.

Naquele dia voltamos para nossas casas tão felizes quanto antes, eu repetia infinitas vezes "enquanto meu coração pulsar". Eu jamais seria capaz de decepcioná-la depois daquelas palavras.

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