Espadas & Magia

16. O segundo plano

— Não há nenhuma carta para o senhor, príncipe Max — disse o irritante carteiro.

— Eu imaginava isso, mas não há nenhuma notícia, código ou informação para mim?

— Achei que enviar as cartas fosse o suficiente para me dar paz, agora está atrás de respostas... Estou diante de algo que eu deveria noticiar o Rei Hadrian? — ele disse se levantando de sua cadeira.

— Por acaso ousa dizer que sou contra meu próprio dever neste palácio e contra meu próprio tio e meu rei? — bati na mesa, espalhando algumas cartas — Se ousa pensar que este cargo, suas informações ao meu respeito e sua idade te faz superior a mim... Acredito que sou eu que estou diante de algo que deveria noticiar ao Rei Hadrian.

— N-não senhor... Quero dizer, príncipe Max, mas penso que sua insistência...

— "Sua insistência?" Para quem recebe, verifica e envia milhares de cartas todos os dias você está com um desejo especial de me questionar... — olhei fundo em seus olhos que tremiam junto com o corpo — Acaso não seja eu que deveria questionar a sua insistência em minhas ações? — ele silenciou em pé sem se mover, sem negar ou consentir — Aceitarei seu silêncio como algo positivo. Agora, se receber algo, me entregue o mais rápido possível — saí andando para a porta.

— S-sim príncipe Max! — ele quase gritou, soltando todo o medo junto com o barulho que meus passos faziam.

Apenas olhei para trás, em sua direção. Ele fechou a boca e engoliu seco percebendo que havia falado alto comigo. Voltei-me novamente para a porta e fui ao encontro de meu bibliotecário. No caminho, soltei algumas risadas com o que havia ocorrido, apesar de ter sido um pouco assustador com ele, que provavelmente pensou que aqueles instantes seriam seus últimos.

Entrei. Martin me esperava com um de seus ternos detalhados e o cabelo vívido ressaltando seus olhos de mesma cor.

— Acredito que o senhor queira receber notícias sobre sua amiga. Estou certo? — ele questionou sentado e, como sempre, cercado de livros.

— Como sabe a respeito disso? — não sentei, estava com medo de que ele soubesse algo.

— Sente-se, por favor — fiz o que ele disse, desabotoando um botão de meu terno para ficar à vontade.

— Por favor, Martin — cedi a palavra, estendendo a mão.

— Os elementais antigos falavam através de códigos, os quais nenhum humano ou fada ou outro ser pôde descobrir ao certo, apesar de serem simples aos olhos, vocês se embaralham ao tentarem adivinhar.

— O que isso tem...

— A paciência é uma virtude senhor Max, cultive-a. Prosseguindo, alguns elementais ainda sabem escrever, mas outros como eu, que vivi um longo tempo em meio aos humanos, tenho certas dificuldades. Por sorte, ainda sou bom com isso. Agora, veja.

Ele me mostrou um papel no qual estava escrito um código, um conjunto de formatos estranhos, porém, ao mesmo tempo, me lembrava as letras do nosso alfabeto.

— Isso faz e não faz o menor sentido...

— Essa é a linguagem simplificada, a mais antiga usava números e símbolos da natureza, que fazem ainda menos sentido.

— E o que está escrito? — o entreguei o papel.

— Está escrito: "Scarletty Rubi foi pega e está com a Rainha, não há riscos."

— O que? Como assim ela foi pega? Não há riscos? Por que um elemental escreveu isso?

— Quantas perguntas! — ele se levantou e caminhou para guardar o papel — Bom... Se foi escrito por elementais e sua amiga está com a Rainha, provavelmente há algum elemental no reino da magia. O mais suspeito é que sua alteza não enviou nada, mas algum elemental sabia que eu estava aqui para traduzir para o senhor e queria manter o recado em segredo... — ele retornou e se sentou, com o pensamento distante.