7. A Profundeza de Ellarion

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Caída aos braços de Max, respirei fundo e escutei tudo em nossa volta, os gritos de ataque e dor, as espadas caindo no chão, as flechas sendo atiradas, os passos rápidos e confusos daqueles que fugiam pela porta da frente, com ou sem dignidade. O único segredo que possuía foi revelado para que protegesse meus amigos, tinha medo de que me julgassem por isso.

A acusação não chegou antes do carinho e cuidado. Max me abraçava fortemente, era confortável, e parecia estar preocupado mais comigo do que com si próprio, mas meu dever era protegê-lo. Um dos fadas se aproximou e nos amparou. Recuperei minha força e voltei para a luta.

— Vai ficar tudo bem — disse Max enquanto colocava meus curtos cabelos atrás de minhas orelhas.

Colocar meus cabelos atrás de minhas orelhas era um sinal de cuidado. A primeira vez que havia feito isso foi após um soldado que nos treinava fazer um simples comentário negativo sobre minha aparência, durante o treinamento, não me deixei afetar por aquilo, mas Max sabia que era mentira. Instantes depois ele exigiu que o homem me pedisse desculpas e que seria decisão minha se ele continuaria a trabalhar no palácio ou não. Permiti que continuasse e aceitei o pedido de desculpas. Pela tarde do mesmo dia, Max fez um piquenique no jardim e me elogiou de todas as formas, colocando, então, meus cabelos atrás das orelhas. Ele nunca parou de fazer de bom grado o ato cuidadoso. Particularmente era uma das coisas que mais adorava.

O cuidado permanecia junto com as lutas. O ombro esquerdo de Max estava cortado e o sangue descia pela manga de sua roupa branca. Pressionei a ferida, fazendo-o rapidamente virar o rosto e suspirar abafando o som de dor.

— Doeu? — perguntei com medo.

— Não. Vamos para enfermaria, os outros estão quase lá.

O fada nos protegia enquanto avançávamos à enfermaria, porém se feriu gravemente no meio do caminho e ordenou que o deixássemos para trás. Antes de finalmente chegarmos, tive que lutar com umas duas fadas, lançando magia de fogo nelas, e Max enfrentou algumas espadas. Os outros dois fadas, um bem machucado persistindo em nos defender, protegeram os corredores junto com Anthone, após Max segurar Luka. Kira se recuperou e acertou alguns rebeldes com suas adagas, pegando-as dos feridos e as guardando novamente. Enquanto nos defendiam, eu, Max e Luka fomos à enfermaria.

—Scarletty... — Luka suspirou se erguendo e continuou — Tem alguém na enfermaria.

Sinalizei para que ficassem em silêncio e esperassem, Max me olhava preocupado. Parei na parede ao lado da porta de acesso à enfermaria. Analisando com cuidado, vi uma humana vasculhando os armários com rapidez e atenção, levemente trêmula, tinha uma sacola velha em uma das mãos enquanto a outra se concentrava em panos, medicamentos e tantos outros pequenos e grandes objetos.

— O que está fazendo? — perguntei entrando devagar, sem medo de um ataque, afinal, nem armas ela possuía.

Rapidamente ela virou e, ao me ver, soltou as sacolas no chão e se ajoelhou pedindo perdão.

— Por favor, não me machuque, por favor...

— Está tudo bem, apenas me explique o que está fazendo — disse interrompendo sua fala calmamente.

— Tenho três filhos, dois estão doentes, o outro cuida deles enquanto trabalho, mas ganho pouco — ela fez uma pausa levantando a cabeça que estava escondida entre as mãos e se deparou com meu rosto surpreso e piedoso. — Sou mãe solteira, quando soube do ataque, aproveitei a chance para conseguir algo, eu sinto muito, não me machuque!

— Você é muito corajosa — me ajoelhei diante dela. — Leve o que precisa, sou amiga do príncipe, ele está no corredor, podemos te oferecer proteção se nos disser como soube do ataque.

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