prólogo

3.4K 197 5
                                    

Surrey | Sede da McLaren

| Janeiro de 2019 |

Era o primeiro dia do ano em que Carlos visitava a sede da nova scuderia em que pilotaria: a McLaren. Suas mãos soavam frio enquanto ele andava pelos corredores, acompanhado do CEO, Zak Brown, que não parava um minuto se quer de falar.

O espanhol só conseguia reparar como toda a sede era enorme, que parecia o próprio prédio dos vingadores e que com certeza acabaria se perdendo lá.

Carlos saiu de seus pensamentos quando ouviu o celular de Zak tocando.

— Um minutinho, Carlos. Eu preciso atender — disse, com um sorriso simpático.

— Sem problemas — falou, colocando suas mãos nos bolsos da frente de sua calça jeans.

Aquela foi a deixa para Carlos observar o enorme jardim e o lago do lado de fora, pela enorme parede de vidro do prédio, uma vista de tirar o fôlego.

Ele estava nervoso. Entretanto era um nervoso bom. Era exatamente aquele nervoso de quando você vai viajar para praia, e não vê a hora de poder se divertir. Para um piloto, aquilo era sua diversão, e consequentemente seu trabalho também. Carlos estava eufórico para começar os testes e estava confiante para iniciar a temporada de 2019.

— Carlos — Zak o chamou.

— Sim — disse, chacoalhando a cabeça, tentando sair de seus pensamentos.

— Preciso resolver uma emergência de última hora. Você se importa de esperar aqui? Se quiser, já pode explorar esse andar dos engenheiros e funcionários à vontade.

— Sem problema, Zak! Tenho o dia todo livre — disse, sorrindo.

O mais velho sorriu, dando um tapinha nas costas do piloto, saindo um pouco apressado.

— Aliás... — se virou — também tem a lanchonete no final do corredor do andar de baixo, é só pegar aquele elevador — disse apontando para o objeto — Se quiser dar uma passadinha lá, fique a vontade — deu uma piscadela.

— Obrigado!

Com um aceno, o CEO da McLaren saiu apressado, com seu celular tocando novamente no bolso enfeitando Carlos sem saber o que fazer ou onde ir. 

"E agora?"

O espanhol caminhou até a "mini paredinha" de vidro, que não permitia que ele caísse do 2º andar e terminasse com um trágico final da sua cara amassada, para olhar o térreo.

Ele observava todo o enorme prédio, repleto de paredes de vidros, carros históricos espalhados por todos os cantos, pessoas andando de um lado para o outro e cheio de tecnologias que não haviam na sua antiga scuderia.

Era impressionante que aquilo parecia um sonho para ele.

No final da temporada passada ele havia perdido seu assento e se viu desempregado, sem uma vaga para a categoria mais alta do automobilismo. Ele entrou em desespero total, mas como uma luz no fim do túnel, recebeu a proposta da McLaren e não pode ficar mais do que feliz com a notícia.

Sim, era um sonho que estava se tornando realidade.

Carlos então, começou a andar pelo corredor, indo em direção a porta final, onde Zak havia dito que havia um elevador que lhe levaria ao restaurante. Afinal, ele não tinha nada para fazer mesmo.

Quando chegou ao seu destino, percebeu que o ambiente estava praticamente vazio. Havia apenas algumas funcionárias limpando algumas mesas e umas 5 pessoas sentadas em mesas mais distantes dele, mas que pareciam estar mais concentradas nos computadores e papéis do que seus próprios lanches.

Alguns metros longe dele, o piloto avistou uma máquina de bebidas da Coca-Cola e caminhou em direção para comprar algo pois estava com sede.

Carlos inseriu uma nota de dinheiro e apertou o número que indicava a garrafa água mas, enquanto pegava seu troco não ouviu o barulho do objeto sendo selecionado e caído. Ele pensou que já havia perdido seu dinheiro e tivera que passar sede.

Entretanto, de repente sentiu seu corpo se arrepiar com a presença de alguém ao seu lado e, ouviu uma batida na enorme caixa de metal. Em seguida, sua garrafa de água estava na parte inferior da máquina, pronta para ele pegar.

— Eles vão trocar essa lata velha hoje — uma voz feminina ecoou pelos seus ouvidos.

Por um instante, mesmo não sabendo de quem era aquela voz e não sabendo o porquê, Carlos se sentia envolvido por ela e, de repente meus batimentos cardíacos dispararam.

No momento em que o piloto se virou para ver de quem se tratava aquela voz angelical e se deparou com a dona, congelou completamente. Ele sentia o ar de seus pulmões faltarem e suas mãos soarem mais ainda. Pareces que seu coração dava várias cambalhotas dentro de si.

Estava completamente encantando com a visão que via a sua frente, que parecia uma obra de arte esculpida pelos anjos.

Era uma mulher que aparentava ter mais ou menos a sua idade, possuía cabelos castanhos lisos que estavam jogados um pouco para o lado; olhos da cor de chocolate que pareciam conter milhares de estrelas; algumas sardinhas abaixo dos olhos que pareciam constelações; um nariz perfeitamente arrebitado; e uma boca perfeita de coloração rosada. Ela também vestia o típico uniforme branco da McLaren e tinha em seu pescoço um crachá.

"Que merda está acontecendo", ele pensou.

— Está tudo bem? — ela perguntou, após o longo tempo vergonhoso que eles passaram se olhando.

Sí... — ele chacoalhou a cabeça — Eu só, acabei me distraindo — fez uma pausa — Me desculpe os modos, eu sou Carlos Sainz!

Após sua fala, o espanhol estendeu a mão para a mulher misteriosa a sua frente.

— Hum... eu sei quem você é — ele arregalou os olhos — Na verdade todos aqui sabem quem você é: o novo piloto que Zak esta colocando fé! Aliás, sou Alissa, Alissa Müller e acredito que vou ser uma das estagiárias da sua equipe.

Por fim, a engenheira estendeu e pegou sua mão, apertando amigavelmente. Entretanto aquele gesto fez com que a pele de ambos pinicassem, como se seus corpos fossem atraídos um para o outro.

E, por um longo instante, sem que eles percebessem, Carlos e Alissa ficaram daquele jeito parados, com as mãos dadas, olhando um para o outro como se suas vidas dependessem disso.

Foi aí que, mesmo tentando se manter são e se equilibrar com as pernas firmes no chão, algo dentro de Carlos Sainz estivesse o avisando que era ela, a mulher que sempre procurava. Era como se uma chama que ele não sabia da existência estivesse se acendido dentro de seu coração.

Naquele instante, mesmo sem a conhecer, Carlos Sainz Jr. já sabia que amava completamente Alissa Müller.

Nothing But You ⋆ Carlos Sainz Jr. Onde histórias criam vida. Descubra agora