⋆ Alissa ⋆
Canadá | Circuito Gilles-Villeneuve
É domingo, dia de corrida no Canadá. Neste momento eu estava almoçando com Emma em uma das salas da McLaren em que tínhamos invadido. Daqui a poucas horas os carros já entrariam na pista.
— Acabei de voltar da coletiva com os meninos.
— Como foi? — perguntei enquanto revisava em meu computador um trabalho da faculdade.
— Polêmico. Perguntaram sobre a Lolla e Carlos disse que eles terminaram depois de Barcelona, "Não fomos feito um para o outro" — disse a última frases tentando imitar seu sotaque espanhol.
Merda!
Duas semanas haviam se passado desde o ocorrido com Carlos depois do aniversário de Emma, e eu estava o ignorando completamente, mais do que o normal. Estou tentando cumprir o que o nosso "plano" dizia; tenho que cumprir. Para ser bem sincera, eu não queria estar fazendo isso, mas era preciso, eu tinha meus motivos.
— ALISSA! — a loira berrou em meus ouvidos .
— Aí merda, não grita Emma!
— Eu estou falando com você e a senhorita aí ficou com a maior cara de taxo.
— Eu estava distraída! — revirei os olhos.
— Por que está tão irritadinha. Dor de cabeça por que dormiu mal de novo?
— Você sabe que sim — disse com um pouco de dificuldade; minha garganta está mais seca que o normal, deveria ser o clima seco do Canadá.
— Tá de TPM, é?
— Eu só estou estressada porque tenho 10 mil coisas para fazer. O GP do Canadá é um dos mais importantes para a McLaren. Somos a construtora com mais vitórias aqui, apenas uma na frente da Ferrari e hoje o Sebastian larga na poli e Charles na P3, está muito arriscado! Não vamos largar numa posição tão má, P8 e P9, passamos para o Q1 ainda. Mas sabemos que não é esse ano que a McLaren conseguirá mais uma vitória é isso está me deixando ao prantos!
— Calma, Alissa! Calma! Respira um pouco, toma um chazinho e para de tomar cafeína — disse pegando o copo que estava na minha frente.
— Devolve meu bebê! Seu monstro! — disse fazendo bico e cruzando os braços.
— Nananinanão, senhorita Müller! Já bebeu café demais hoje.
— Eu preciso para me concentrar...
— Você precisa é de um chazinho de camomila, isso sim!
— Tá bom, mãe! — revirei os olhos.
— Você sabe que eu te amo e só quero seu bem.
— Te amo, sua louca.
— Amo você, minha extressadinha.
Minha amiga me abraçou, e por um tempo, eu queria ficar apenas assim com ela. Emma é a melhor amiga que eu poderia ter e sou eternamente grata por te-la na minha vida.
— Você está chorando, Ali?
Eu nem tinha percebi que não havia conseguido mais segurar as lágrimas, a minha guarda tinha abaixado.
— Sim — disse fanhosa.
— Mas por que amiga? — ela disse quebrando nosso abraço e enxugando minhas lágrimas.
— Eu estou passando por muitas coisas — disse me sentando na cadeira e ela fez o mesmo — tipo muitas mesmo. Eu não sei como estou conseguindo aguentar.
— Fala com meu pai, ele vai entender.
— Eu não posso. O estágio é um dos n problemas. Desculpa Emma, mas eu não posso te contar tudo. Eu só... preciso esfriar um pouco a cabeça.
— Vou pegar algo para você, já volto.
Eu apenas assenti com a cabeça enquanto secava minhas lágrimas com alguns papéis toalhas que havia na mesa.
— Alissa?
Essa voz não, por favor essa voz não. Por favor, que eu esteja sonhando.
Me virei para o lado e lá estava ele, parado na frente da porta vestindo seu macacão azul e laranja, que estava abeto na parte de cima, o tecido branco meio transparente cobrindo seu troco e com seu típico boné com o número "55".
— E aí? — disse ainda meio fanha.
— O que aconteceu? — ele se aproximou mais, se agachando ao meu lado e deixou sua garrafa de água sobre a mesa.
— Nada, estou melhor... — tentei disfarçar o choro, piscando várias vezes e tentando sorrir.
— Nada disso, mocinha! Olha para mim...
Tentei não olhar, virei o rosto, mas o espanhol havia segurado-o com as duas mãos, me fazendo ficar cara a cara com ele. Seus olhos pareciam que estavam preocupados, tentando entender todo esse caos a sua frente.
— Eu não sei o que está acontecendo — sua voz era calma e baixa, não havia mais ninguém na sala — Você não precisa contar se não estiver pronta ou se não quiser; mas saiba que mesmo com aquele "plano", você pode contar comigo para tudo o que precisar.
E mais lágrimas que eu estava segurando não conseguiram ficar dentro dos meus olhos e começaram a escorrer pelo meu rosto; lágrimas quentes e pesadas. Por que tudo aquilo estava acontecendo comigo?
— Eu preciso de um abraço — era meu inconsciente falando.
— Vem cá.
E então ele me abraçou. Meu corpo parecia se encaixar perfeitamente ao seu; entre seus braços, eu tinha a sensação que estava segura; seu cafuné em meu cabelo me acalmava. Porra, como eu gosto disso!
Novamente sem conseguir controlar, eu estava chorando e soluçando mais e Carlos me abraçou mais forte ainda.
— Relaxa, eu tô aqui — ele disse beijando o topo da minha cabeça.
E isso era uma das coisas que mais me assustavam.
O amor está em gestos simples como
abraçar forte, deitar no ombro ou fazer cafuné. Ás vezes um "relaxa, tô aqui"
vale mais que uma serenata na janela.- ALEFF TAUÃ
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Nothing But You ⋆ Carlos Sainz Jr.
FanfictionAlissa Müller sempre foi apaixonada pelo automobilismo e na faculdade consegue um estágio em umas das equipes mais tradicionais da Fórmula 1, a McLaren. Dentre todas as coisas que estava passando, a jovem jamais esperava que começaria a nutria algo...