Capítulo 04. - Finalmente, à sós.
Os fones de ouvido de Malva estavam no último volume enquanto ela dourava cebolas em uma frigideira. Uma música agitada e com batida forte entrava por seus tímpanos, se instalando dentro dela, fazendo seu corpo mexer ao ritmo do que ouvia.
Na verdade, por acreditar que estava sozinha na casa de Lisa, Malva nem mesmo se preocupava em cantar baixo. Sua voz era bastante desafinada e aguda, especialmente, nos refrãos.
Ela encarou o bilhete na geladeira, preso por um imã com o telefone de uma farmácia, onde Lisa deixava avisado que tinha ido ao médico e não voltava antes do fim da tarde. Havia uma pequena lista de tarefas embaixo, nada demais. Malva fazia aquilo tudo com uma mão nas costas.
Já tinha posto a roupa para lavar na máquina, tinha trocado a água das flores que Scott levou para a mãe no dia anterior, quando chegou, e por fim, adiantava o almoço e a janta. Depois, faltava apenas tirar as roupas da máquina, guardar e lavar a louça usada e molhar as plantas no jardim, e poderia ter o resto da tarde livre para estudar. Ou, quem sabe, terminar o livro que lia.
Ela esticou a mão para o lado, procurando o potinho com a pimenta. Como não achou no meio dos temperos, ela continuou cantando e dançando, que nem uma verdadeira doida, enquanto virava de costas, na direção da dispensa.
O grito de Malva fez Chris Evans estremecer de susto, já que ele não esperava que ela o visse, enquanto ele a observava.
-Meu Deus, Malva!
-Meu Deus, Malva?! - Ela exclamou, pondo a mão sobre o coração agitado. - Meu Deus, Chris, não acha?! Você está aí há muito tempo?!
-Na verdade, desde o refrão de "Run Like a Rebel".
Malva sentiu seu rosto esquentar o suficiente para ter certeza que estava da mesma cor que seus cabelos. Ela bufou, tentando manter a pouca dignidade que ainda tinha, enquanto passava para o lado da dispensa e pegava um saquinho de pimenta.
-Por que parou? - Chris perguntou, entrando na cozinha, sentando na primeira cadeira que viu. - Estava divertido observar…
Malva continuou se concentrando na tarefa de abrir o saquinho de pimenta, enquanto dava de ombros.
-Achei que vocês tinham saído…
-Minha mãe e o Scott saíram. - Chris esclareceu, batucando os dedos na mesa. - Eu acabei dormindo um pouco demais.
Malva franziu a testa e encarou o relógio de pingüim, posicionado em cima da geladeira de inox. Eram onze e trinta e sete.
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O Milagre. • Chris Evans
FanfictionUma das maiores certezas na vida de Chris Evans era de que o amor não era para ele. Apaixonado a vida inteira pela mesma mulher, a qual nunca correspondeu o amor que ele sentia, Chris se convenceu desde muito novo, que algumas pessoas, simplesmente...