Arrasto o galão de gasolina para os fundos da loja e vejo Lisa, com Leggo nos braços. Ela tomou banho, mas usa as mesmas roupas, os cabelos estão molhados e um leve cheiro de sabão caseiro emana. Já os olhos estão fixos na fachada decadente do lugar.
— Você demorou — diz, sem me olhar.
Dou de ombros, colocando o litro de gasolina aos seus pés.
— A bomba de combustível é uma porcaria. Demorei um tempão para encher dois litros. — Uma meia verdade, como Bambam mencionou. A bomba é realmente ruim, já que a ligação durou alguns minutos e, quando voltei, não estava na metade.
Ela assente, desinteressada.
— Vou enterrar Woozi aqui enquanto você joga gasolina na loja.
Pisco algumas vezes, processando a informação. Aparentemente vamos fingir que nada aconteceu. É melhor assim. O velho ainda está lá dentro, mas como a loja não tem janelas e a temperatura é comparável ao do inferno, o corpo está fedendo, cheio de mosquitos em volta.
Levanto o indicador.
— Se vamos queimar o velho e à loja, é só colocar Woozi lá dentro e queimá-lo junto. Dois coelhos com uma cajadada só.
— O fogo não vai carbonizar o corpo totalmente, Jennie — ela responde, como se eu fosse burra.
Talvez eu seja, porque continuo sem entender. Coço os cabelos, confusa.
— Então porque vamos queimar o velho se o fogo não vai carbonizar o corpo? É perda de tempo.
Sua expressão se tornou ainda mais fechada, como se estivesse cansada de explicar — o que realmente deve ser o caso. Eu não esperava menos de alguém que estourou a cabeça de um senhor com o cano de uma escopeta.
Lisa matou dois velhos em um curto período de tempo, pode iniciar um novo ramo de serial killers.
— Pense como um policial, Jennie — ela diz, lentamente. — Uma loja no meio do nada está pegando fogo... ao chegar, você vê os destroços, um galão de gasolina nos fundos do estabelecimento e o corpo do dono carbonizado. O que você supõe? — Ela acaricia Leggo enquanto isso, o gatinho ronrona. — Lembrando que você tem coisas mais importantes para fazer: comer rosquinhas, aceitar propina, abafar casos de políticos... coisas que todo policial faz.
Minha cabeça dá um nó. Logística nunca foi o meu forte, mamãe sempre lidava com os pormenores, não me deixava ver nada. E Jisoo me ajudou na última vez em que precisei cuidar de um corpo, jogamos o maldito carro no lago.
Troco o peso de um pé para o outro.
— Bom, eu encerraria o caso. Provavelmente o velho arrumou briga com quem não devia e acabou morto, como retaliação.
Os lábios de Lisa se repuxam em um sorriso satisfeito.
— Agora, imagine esse mesmo caso, mas com um adicional: ao lado do corpo carbonizado do velho, você encontra o de um universitário, que aparentemente não tem ligação nenhuma com a loja, nem com o dono e não deveria estar tão longe de casa.
— Eu vou querer investigar e... ah, agora entendi! — Maneio a cabeça rápido. — Por isso vamos enterrar Woozi nos fundos da loja, bem debaixo do nariz da polícia?
— Esconder um segredo na frente de todos é a melhor forma de mantê-lo seguro. Ninguém imagina que é um segredo. — Lisa retruca.
Nos encaramos, sem nada dizer. Apesar do cansaço, suas bochechas estão coradas e os lábios vermelhos.
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O segredo do seus olhos
Fiksi PenggemarJennie Kim está fugindo do seu passado e encontra na faculdade de música uma forma de recomeçar. Entre o ódio que sente pelo mundo e uma amizade inesperada, ela acaba conhecendo Lalisa Manoban, uma mulher de olhos cativantes e misteriosos, e se apai...