O toque de recolher soou alto no mesmo horário de sempre e eu já estava deitada, abraçada com um travesseiro esperando Johnny chegar. Estou um pouquinho nervosa, mas não é de forma ruim, o nervoso é de dividir a mesma barraca com um garoto. Algo que eu sempre repudiei que as outras fizessem, pois com tanta intimidade o amor logo bate à porta. E dessa vez, os meninos nem precisaram fazer nada demais, elas já estavam apaixonadas.
A concentração da minha preocupação também é se o Choi está por aí escondido e se a polícia está lhe procurando. Espero que não tenha ido muito longe, quem sabe do que ele é capaz de fazer além de cometer abuso?
Um calafrio passou por mim, mas passou de imediato quando ouvi Johnny me chamar do lado de fora. Meu Deus, isso é pura loucura, estamos burlando as regras do acampamento, sendo nós o presidente e vice-presidente do grêmio. Que tipo de exemplo estamos dando aos demais? Mas depois da experiência que tive, acho que é a opção mais segura.
Desci o zíper para ele, que entrou depois de deixar seus chinelos do lado de fora. Ele é tão alto, sua cabeça toca na parte superior da barraca estando sentado. Johnny se acomoda ao meu lado pegando o travesseiro que eu estava abraçando para por debaixo da sua cabeça.
— Ei, eu estava usando.
— Não está mais. Me abrace se quiser. — Meu corpo de imediato se contraiu ao ouvir essas palavras.
Isso é o verdadeiro significado de dormir com o inimigo. Não digo nada, ele está fazendo um grande favor por mim, se arriscando só para me fazer companhia.
Fico de costas para ele depois de me cobrir. Johnny puxou o cobertor também e para a sorte de ambos, era grande o bastante para nós dois se cobrir sem guerra.
— Você acha que ele já foi pego?
— Eu espero que sim.
Não sabia que sua voz podia ser mais grave até ouvi-lo com sono. E ainda mais tão próximo da minha nuca, me causando cócegas e formigamento.
— Eu também… — digo baixinho e fecho os meus olhos para dormir.
Me mexi um pouco e pensei, uma, duas, dez vezes antes de pedir. Mas eu só iria conseguir dormir se tentasse falar o que está rodapiando em minha cabeça.— Pode me abraçar? — Peço num fio de voz, com vergonha. Meu rosto deve estar numa pigmentação escura.
— O que você disse?
Aí, eu tenho certeza que ele ouviu, mas quer me ouvir implorar. Ódio, ódio.
— Pode me abraçar? Acho que me sinto mais segura assim — logo acrescentei.
— Tudo bem, vem cá.
Johnny me puxou para mais perto e seu braço se paira sobre minha cintura. Me sentindo ainda mais quentinha e aninhada em seus braços, eu peguei no sono em menos de cinco minutos.
> . . .
Acordei e Johnny já tinha ido. É melhor do que ser visto por algum aluno ou necessariamente uma aluna. Elas seriam as primeiras a dedurar nós dois, sem nem piscar.
Dormi bem essa noite, pensei que teria pesadelos mas acredito que a presença de Johnny tenha me ajudado muito nesse quesito também. Espero não ficar dependente dele, não quero sugar suas energias por causa de um medo irracional que só irá melhorar com terapia.
Levanto e vou ao banheiro fazer toda minha rotina matinal e tomar um banho. Quando saí, a Sra. Kim veio até mim e meu coração acelerou já ciente que deve ser algo sobre o Choi.
— Você dormiu bem? — Ela faz carinho no meu ombro.
— É, sim… Por quê?
— É comum ter pesadelos e insônia depois de um episódio como aquele. Mas que bom que você dormiu bem. É… a polícia me ligou hoje de manhã dizendo que capturaram o Choi — ela disse enquanto caminhamos sem um certo rumo. Uma grande apreensão, medo, foi liberto de mim quando recebi a notícia. A melhor desses últimos dias.
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[𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄/𝐑𝐄𝐀𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍] ° 𝑵𝑪𝑻 • (HIATUS)
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